Mensalão: agora, Lula se cala - e o PT fica desnorteado



V E J A

O ex-presidente silencia diante das revelações do empresário Marcos Valério, que o colocou como chefe do esquema. PT, agora, diz que julgamento é golpe



Na edição passadauma reportagem de VEJA revelou com exclusividade parte das confissões feitas pelo empresário Marcos Valério, o operador financeiro do mensalão, sobre as engrenagens do maior escândalo de corrupção política da história do país. Além de confirmar a participação decisiva no suborno a parlamentares dos petistas José Dirceu e Delúbio Soares, que figuram como réus no processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), Valério implicou o ex-presidente Lula no esquema -- e no papel de protagonista. Valério diz que Lula era o verdadeiro comandante da organização criminosa denunciada pelo Ministério Público. Afirma que a quadrilha do mensalão contava com um caixa de 350 milhões de reais, o triplo, portanto, do valor identificado pela Polícia Federal. Além disso, ressalta que desde a eclosão do escândalo, em 2005, teve Paulo Okamotto como interlocutor no PT. Amigo do peito e pagador de contas pessoais do ex-presidente da República, Okamotto era fiador de um acordo que previa a impunidade em troca do seu silêncio. O empresário desabafou: “Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos” Continue a leitura aqui


DEGRADANTE - O mensalão cria constrangimentos à campanha do petista Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, principalmente diante da aproximação da data de julgamento do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro Delúbio Soares. Os dois serão julgados pelo Supremo por corrupção ativa




O PT fabricou uma manifestação de apoio a Lula por saber que as confissões de Valério podem ser investigadas. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considerou importantes as revelações e declarou que poderá analisar o envolvimento de Lula no mensalão, tal qual relatado por Valério, depois do julgamento do processo no STF. Os petistas também esperam usar a nota assinada por presidentes de partidos aliados no horário eleitoral gratuito. A ideia é alegar que o PT está sendo vítima de uma conspiração de setores conservadores, os quais estariam pressionando o Supremo -- que teve sete dos seus atuais dez ministros nomeados pelo governo petista -- a condenar os réus do mensalão. O processo no STF tem influenciado de forma negativa o desempenho dos petistas nas disputas municipais. Imposto ao partido por Lula, Fernando Haddad está na terceira colocação na corrida pela prefeitura paulistana. Na semana passada, num recurso à Justiça Eleitoral, a equipe dele disse ser “degradante” a associação da imagem de Haddad à de Dirceu e Delúbio, como tem feito o PSDB. Mais sintomático dos efeitos do mensalão, impossível.
O PT sempre desdenhou dos impactos políticos do caso. Numa conversa com aliados dias antes do início do julgamento no STF, Lula disse que o processo teria “influência zero” sobre o partido e seus candidatos. Com a mesma confiança do líder messiânico que prometera aos réus livrá-los da condenação judicial, Lula lembrou que foi reeleito em 2006, um ano depois de ser acossado pela ameaça de um processo de impeachment, e fez de Dilma Rousseff sua sucessora em 2010. O mensalão seria uma mera “piada de salão”. Piadinha sem graça. VEJA - aqui

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