03/10/2012 - 18:51 - Barbosa moeu Dirceu no idioma do contribuinte


José Dirceu encontrou Joaquim Barbosa a figura de um julgador implacável. Seco e direto, o relator do mensalão esquiva-se do latinório. Frio e didático, expressa-se num idioma que qualquer contribuinte consegue entender. Foi nessa língua que o magistrado moeu os argumentos da defesa do ex-chefe da Casa Civil de Lula.
Barbosa situou Dirceu no escândalo “em posição central”. Uma “posição de organização e liderança da prática criminosa”. Foi “mandante das promessas de pagamentos de vantagens indevidas aos parlamentares que viessem a apoiar as votações do seu interesse”.
O relator encostou a faca na jugular do acusado: “Entender que Marcos Valério e Delúbio Soares agiram, atuaram sozinhos contra o interesse e a vontade do acusado José Dirceu, […] é a meu ver inadmissível.” Antes, Barbosa cuidou de apresentar os fatos que conduziram à conclusão.
Dirceu alegara que não tinha relação com Marcos Valério, o operador dos repasses de dinheiro sujo aos aliados do governo. Barbosa desfiou um rosário de evidências em contrário. Extraiu-as dos autos. E empilhou-as no seu voto com método.
Barbosa listou as reuniões que Dirceu manteve com gestores do Rural e do BMG, as duas casas bancárias do escândalo. Mencionou os dias e os locais. Demonstrou que era Valério quem agendava os encontros. Mais que isso: Valério oferecia os encontros aos gestores dos bancos, agenciando-os.
Apontou uma anomalia: embora não ocupassem cargos nem no governo nem nos bancos, Valério e o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares participavam das conversas. Demonstrou a proximidade entre as datas das reuniões com Dirceu e a concessão dos falsos empréstimos bancários que deram aparência legal à verba espúria distribuída pelo esquema.
Barbosa foi ao ponto: “A questão é que, embora o dinheiro [dos empréstimos] tenha sido repassado para ajudar no pagamento de dívidas de campanhas, não foi José Genoino [presidente do PT] quem se reuniu com a diretoria do Banco Rural e do BMG para esta finalidade. Foi Dirceu quem se reuniu antes das tomadas dos empréstimos por Valério.”
Dirceu “era a segunda pessoa mais ponderosa do Estado brasileiro”, disse Barbosa a alturas tantas. Nessa condição, cuidava da formação e da articulação da base partidária que dava suporte ao governo no Congresso. Reunia-se amiúde com líderes, vice-líderes e dirigentes partidários beneficiados com repasses de “millionárias quantias”. AQUI

Um comentário:

Anônimo disse...

O STF é composto por 8 ministros que julgam segundo o dever da toga em nome da nação brasileira e 2 advogados do PT. que tentam a todo custo condenar a nação a escravidão da corrupção e absolver o PT.Quem está acompanhando o julga sabe aos quais eu me refiro.