André Vargas puxou a faca, e os petistas graúdos saíram correndo. Quem tem Vargas tem medo! Na mira, Padilha, Gleisi e Bernardo



Afirmei aqui na sexta-feira que o deputado André Vargas (PT-PR) andou dizendo coisas desagradáveis a seus companheiros. Não aceita ser enxotado do partido e promete reagir. Pelo visto, o PT entendeu o recado. A disposição de puni-lo até com a expulsão se transformou numa comissão para ouvir os seus motivos.
Segundo reportagem de Daniel Pereira e Robson Bonin na VEJA desta semana, os primeiros, digamos, “ameaçados” por Vargas são Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, que vai concorrer ao governo de São Paulo, pelo PT; a senadora Gleisi Hoffmann, que deve disputar o governo do Paraná pelo partido, e seu marido, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
Vargas estaria insinuando a “companheiros” que Paulo Bernardo é beneficiário de propinoduto da Petrobras e que seria intermediário de contratos entre o grupo Schahin, que costuma aparecer em escândalos petistas, e a estatal. O ministro teria recebido uma corretagem por isso, devidamente repassada ao “Beto”, que é como Vargas chama o doleiro Alberto Youssef.
Schahin? Lembram-se de Marcos Valério, o operador do mensalão petista? Em depoimento à Polícia Federal, ele afirmou que a construtora simulou no passado uma prestação de serviços para a Petrobras para arrumar dinheiro para os petistas comprarem o silêncio de um empresário que ameaçava envolver Lula e outros membros da cúpula do partido na morte de Celso Daniel.
As insinuações vão além. A senadora Gleisi e seu marido não gostariam ainda de ver expostas as suas relações com a Agência Heads Propaganda do Paraná. Seria, na expressão atribuída a Vargas, um “esquema deles”.
Bem, no governo Dilma, a Heads se tornou líder no recebimento de verbas da propaganda oficial. A ascensão foi tão espetacular que chamou a atenção do Tribunal de Contas da União, que decidiu apurar se há algo de errado. Todo mundo, evidentemente, nega tudo. Só uma coisa é inegável: até agora, Vargas não demonstra disposição se ir para o cadafalso em silêncio.
Sem saída
O chato para o petismo é que não há saída virtuosa para essa história. Leiam a reportagem de VEJA, que foi a Indaiatuba conhecer a Labogen, que, acreditem, no papel, pertence a um frentista chamado Esdra Ferreira. Também no papel, ele tem um sócio, o “autônomo” Leonardo Meirelles. Os dois já admitiram para a polícia que, de início, a Labogen era mesmo uma empresa de papel. Mas muito bem-sucedida, claro!!! Sem produzir um comprimido ou um supositório, faturou R$ 79 milhões entre agosto e novembro de 2010. Um portento!
Com a influência de Vargas, os técnicos do Ministério da Saúde, comandado por Padilha, foram vistoriar os equipamentos da Labogen para saber se esta estava apta a fazer a parceria com a gigante EMS e com o Laboratório da Marinha. Equipamentos??? Esdra, o frentista, contou à polícia: o maquinário era sucata comprada em cemitério de peças, revestida de alumínio, “para dar a aparência de novas”. Mesmo assim, a parceria ganhou um sinal verde. Leiam reportagem na edição desta semana.
Vargas, como está dito, puxou a faca. E os petistas tremeram. Mais um pouco, ele também vai virar “guerreiro, herói do povo brasileiro”.
Parece que tanto empenho em tentar impedir a CPI da Petrobras vai um pouco além da “questão política”, não é mesmo?
Por Reinaldo Azevedo

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