Josie
Jerônimo - IstoE
DUPLA
AFIADA
Integrantes do
Ministério Público em Minas Gerais, Adailton Nascimento (à dir.) eJosé Adércio
Sampaio (à esq.) se juntarão a Leonardo Augusto Melo na investigação contra
Lula
Desde a quinta-feira 14, o procurador
Leonardo Augusto Santos Melo, 36 anos, encontra-se no centro de um furacão
político. Caberá a ele, escolhido por sorteio, a tarefa de examinar as seis
peças de acusação reunidas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sem prazo definido para desincumbir-se
do trabalho, Santos Melo, que está há nove anos no Ministério Público Federal
de Minas Gerais, terá a palavra inicial sobre o caso. Pode pedir o indiciamento
do presidente pelo crime de tráfico de influência, como admite a documentação
de Gurgel.
Ou escolher outro caminho, mandando
arquivar o processo. Caso decida encerrar o caso, a decisão não será
definitiva, pois há a possibilidade de outro procurador pedir que o processo
seja reaberto e examinado mais uma vez.
Ainda que o estatuto do Ministério
Público garanta autonomia plena a cada procurador, que não obedece a nenhuma
hierarquia em seu trabalho, Santos Melo não estará sozinho em sua tarefa. Ele
será acompanhado pelo Núcleo do Patrimônio Público e Social do Ministério
Público Federal de Minas, composto por quatro procuradores. Um deles é Adailton
Ramos do Nascimento, procurador-geral do Estado, que tem poderes para discutir
os rumos da investigação e mesmo indicar procuradores para auxiliar no
trabalho.
Definido pelo deputado Mauro Pestana
(PSDB-MG) como um “homem ponderado,” Ramos do Nascimento já foi acusado de
engavetar uma investigação sobre tráfico de órgãos, numa iniciativa que
terminou por proteger um deputado tucano.
Outro personagem que em breve estará por
perto da instituição que vai investigar Lula é o procurador José Adércio Leite
Sampaio. Discípulo de Antônio Fernando Souza, autor da denúncia inicial do
mensalão, em 2007, Sampaio tornou-se um homem de confiança de Roberto Gurgel.
Bem relacionado na política de Minas, sua terra natal, ele recebeu do
governador Antonio Anastasia a medalha da Inconfidência, a mais alta
condecoração do governo do Estado.
Com tanto poder de influência, Sampaio é
o nome mais temido pelo círculo de advogados e juristas próximos de Lula e do
PT, que enxergam nesta investigação um esforço dos adversários para manter o
ex-presidente nas cordas pelos próximos anos.
Formuladas pelo publicitário Marcos
Valério, principal operador do mensalão, as denúncias contra o ex-presidente
Lula são variadas. O tesoureiro disse, em depoimento oficial, que em 2003
entregou R$ 98 mil a um segurança de Lula, Freud Godoy, para auxiliar no
pagamento de despesas da família presidencial.
Também afirmou que na mesma época fez
uma reunião de três minutos com Lula, no Planalto, onde o presidente deu “OK”
aos empréstimos bancários destinados ao PT. “Não posso responder a uma
mentira”, reagiu Lula, ao tomar conhecimento das denúncias.
A intimidade de Marcos Valério com o
esquema financeiro teoricamente lhe dá condições para dizer o que disse. Por
isso, a investigação é necessária – é do interesse público que tudo reste
esclarecido. Mas, de outro lado, as circunstâncias são complicadas. Em sete
anos de processo, Valério sempre fez silêncio sobre qualquer envolvimento de
Lula.
Mudou de postura quando já não tinha
como se defender num tribunal onde foi condenado a 40 anos de reclusão, sem
falar no que pode lhe acontecer no mensalão mineiro. Nesta situação, a delação
premiada é a última esperança para Valério livrar-se da cadeia.
Caso seja aceito num programa de
proteção a testemunhas, contará com proteção do Estado. Ganhará nova identidade
e passará a residir anonimamente em local desconhecido. Esse benefício tão
grande obriga considerar os dois lados da moeda: tanto a possível veracidade
dos fatos que Valério descreve, como o eventual interesse dele em incriminar
Lula de qualquer maneira.
A investigação sobre o mais popular
político brasileiro ocorre num momento particularmente delicado. O calendário
político marca uma nova campanha presidencial, no ano que vem. Em 2013, Roberto
Gurgel estará empenhado, ao longo do primeiro semestre, em fazer o sucessor num
processo que começa pela indicação de três nomes numa lista tríplice.
Embora a influência de Gurgel entre a
maioria dos procuradores federais seja reconhecida até pelos adversários, a
palavra final pertence à presidente Dilma Rousseff. Cabe a ela, por lei,
indicar o nome do procurador-geral a ser sabatinado pelo Senado.
A presidente pode escolher o mais
votado, prática que Lula instituiu e a própria Dilma repetiu ao indicar Gurgel
em 2009. Mas ela pode agir como o governador Geraldo Alckmin, que preferiu o
segundo colocado em São Paulo. Ou mesmo pinçar um nome que lhe pareça mais
indicado, sem ligar para a escolha dos procuradores, como fez FHC com Geraldo
Brindeiro, o procurador que entrou para a história como o engavetador da
República.
2 comentários:
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E ninguém abre o bico para falar nada do fujão Lula da Silva.A imprensa brasileira está escondido escondendo o Lula.Que vergonha srs jornalistas!.
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