Terror das Farc explodiu nossa embaixada

O presidente Lula e o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) se recusam a classificar de terroristas as “Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia”, que o PT chama de “movimento popular”, mas não têm esse direito: os narcoterroristas das Farc explodiram 200kg de dinamite na embaixada do Brasil em Bogotá, em 17 de abril de 1993, dia em que o governo brasileiro recebia em Brasília o chanceler colombiano.


Carnificina
O atentado terrorista das Farc matou 43 pessoas e feriu 350, oito delas diplomatas e funcionários da embaixada brasileira.


Por um triz
O embaixador Alberto da Costa e Silva só escapou porque acompanhava o chanceler colombiano na visita ao Brasil. Seu gabinete ficou destruído.


Imagens do terror
A cabeça de uma criança de dez anos foi encontrada no alto do prédio de oito andares, onde funcionava a embaixada do Brasil.


Vexame
Além de não condenar o terror das Farc, o presidente Lula se recusa a participar do esforço para resgatar os 700 reféns que restam. Vergonha. Por Cláudio Humberto




GUERRILHA BUSCOU DIÁLOGO COM PLANALTO, REVELA CORREIO

E-mails obtidos pela Folha do computador de Raúl Reyes, o número dois das Farc morto em bombardeio colombiano no Equador em março, revelam a preocupação da guerrilha em abrir espaços de interlocução no PT e no governo Lula. Por Cláudio Dantas Sequeira e Andréa Michael - Folha de São Paulo

A troca de mensagens entre dirigentes das Farc indica dificuldade de acesso da guerrilha à cúpula do poder em Brasília. E, apesar, de sugerir a simpatia de alguns militantes e assessores, não mostra uma relação institucional do Palácio do Planalto com o grupo colombiano.

Em e-mail de 14 de abril de 2007, o ex-padre Olivério Medina, "embaixador" das Farc no Brasil, relata a Reyes um suposto encontro com Selvino Heck, fundador do PT e assessor especial de Mobilização Social de Lula. Diz que Heck entregou carta de Reyes ao presidente, agradece "a proteção internacional" e conta que ele lhe deu o e-mail do chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho: "Este amigo também ajudou bastante". Heck e Carvalho negam contato com Medina.

Segundo a Folha apurou, a correspondência que cita brasileiros foi entregue no final de abril ao ministro da Defesa, Nelson Jobim. Na troca de mensagens, entre 1999 e 2008, os representantes das Farc no exterior relatam a Reyes suas ações para angariar apoio. Os "embaixadores" da guerrilha, por diversas vezes, sugerem desfrutar de suposto acesso à cúpula em Brasília. A lista de brasileiros citados tem cerca de 60 nomes, entre vereadores, deputados, senadores, acadêmicos, juízes, procuradores e ministros. São citados, além do PT, PDT, PCdoB e PSol.

REUNIÃO
"Falei com Selvino Heck. É um companheiro sincero. Comentou que havia entregado a Lula a carta que a Empresa (as Farc) lhe enviou pela reeleição", escreve Medina. "Agradeci-lhe a proteção internacional. Contei-lhe onde e em que evento conheci Lula." Em 17 de janeiro, Medina comenta sobre a preparação de um suposto encontro com Lula, no Rio. Por meio de sua assessoria, Lula disse que "não manteve contato pessoal, ou por intermédio de assessores, com as Farc".

Em junho de 2005, mês da renúncia do ministro José Dirceu (Casa Civil), a correspondência é intensa. Em e-mail do dia 4, José Luis, da comissão internacional das Farc, diz a Reyes que se reuniu com o jornalista Breno Altman, como suposto representante Dirceu. Altman confirma que contatou José Luis em Havana naquele mês. Mas nega que tenha usado o nome de Dirceu.

No dia 12, Reyes responde que deseja receber visita de um porta-voz brasileiro. Quatro dias depois, expede conclusões tiradas da reunião com "o enviado de Dirceu": que o governo Lula "aceita a presença discreta de Olivério no país".

Enquanto rende elogios a Dirceu, Reyes desanca o assessor de Lula para assuntos internacionais: "São inocultáveis as manobras dos especialistas em nos barrar no Foro de São Paulo e outros cenários. Nisso está uma parte do PT com o inefável Marco Aurélio [Garcia]".

Heck disse que foi procurado no fim de 2005 por movimentos pelos direitos humanos, "que denunciavam as péssimas condições de prisão" em que estava Medina, que aguardava o julgamento do processo de extradição. Ele comunicou a situação a Carvalho, que intercedeu. "Solicitei a intervenção de nossa Secretaria de Direitos Humanos, que tomou providências para que o prisioneiro tivesse condições minimamente adequadas", explicou Carvalho. Para ele, a "gratidão que o padre Medina manifesta em suas mensagens só pode estar relacionada a estes fatos".




"DOMINGO ESPETACULAR” MOSTRA TRÁFICO DE ARMAS NA FRONTEIRA
Neste domingo (6), o programa "Domingo Espetacular", da Record, apresentará, com exclusividade, uma reportagem sobre o tráfico de armas na fronteira do Brasil com o Paraguai e mostra como é fácil entrar com armamento e munição no país. Leia mais aqui, na Folha Online





CÂMERA ESCONDIDA REVELA MANIPULAÇÃO DE VOTOS NO ZIMBÁBUE


Cenas mostram como a população era obrigada a preencher as cédulas em favor de Robert Mugabe

-Um filme feito com uma câmera escondida mostra como os seguidores do presidente zimbabuano, Robert Mugabe, manipularam os votos no pleito de 27 de junho, no qual ele se declarou vencedor. A gravação, feita para o jornal "The Guardian", foi de autoria do agente penitenciário Shepherd Jouda, de 36 anos, que se viu obrigado a fugir do Zimbábue com sua família. Leia mais aqui, no Estadão




BRASIL DEVE VOTAR ACORDO DE COOPERAÇÃO COM ZIMBÁBUE

Texto tramita na Câmara enquanto EUA, UE e ONU estudam sanções ao país. Para o deputado Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), acordo é "absurdo"; fonte do Itamaraty diz que texto não é exclusivo para Harare. Por Andréa Murta – Folha de São Paulo

Enquanto EUA, União Européia e até líderes africanos pressionam por sanções contra o governo do Zimbábue, no Brasil tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados um acordo de cooperação técnica com o país, que ressalta "o desejo comum de expandir as relações existentes de amizade" entre ambos. Sem definir as áreas compreendidas pela cooperação e sugerindo o intercâmbio de profissionais e conhecimentos entre instituições públicas e privadas, o texto do acordo é sugestivo de um gesto político de boa vontade brasileira com Harare. Ele chegou a entrar na pauta do plenário nos dias 12 e 19 de junho, mas não foi votado - segundo legisladores consultados pela Folha, pode voltar à pauta a qualquer momento.

A posição brasileira se torna cada vez mais rara no cenário internacional, no qual o governo do Zimbábue enfrenta condenação quase universal pela repressão que caracterizou a reeleição, na semana passada, do ditador Robert Mugabe.

Além de considerada ilegítima por potências ocidentais, as condições e o resultado da votação foram criticados por observadores da União Africana (UA) e da Comunidade pelo Desenvolvimento da África Austral (SADC), tradicionalmente relutantes em afrontar membros africanos. E a ONU debate a imposição de sanções econômicas e de viagens à cúpula do governo do país.Mas na Câmara brasileira, até agora, pouco foi discutido sobre o simbolismo de uma cooperação técnica com instituições zimbabuanas neste momento. Segundo o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR), que se opôs à votação no dia 19, o problema foi a falta de parecer da Comissão de [Ciência e] Tecnologia.

O deputado federal Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), que foi ao Zimbábue como observador do primeiro turno da eleição presidencial, caracterizou o acordo como "absurdo". "Na presente conjuntura, não há como assinar nenhum acordo de cooperação técnica, por mais generalista que seja, com o governo do Zimbábue." Ele afirmou ainda que pedirá a votação rápida do acordo "para que possa ser rejeitado". "Ou então que o presidente da República retire o acordo antes que seja votado."

COOPERAÇÃO SUL-SUL
O acordo foi assinado pelo chanceler Celso Amorim e por seu homólogo zimbabuano, Simbarashe S. Mumbengegwi, em 2006. Uma fonte do Itamaraty afirmou à Folha que o acordo não é específico para o Zimbábue, mas faz parte de uma série de tratados assinados dentro da política brasileira de cooperação Sul-Sul. A mesma fonte disse que o acordo é pensado para o longo prazo e não se relaciona com um governo ou mandato especial.A assessoria de imprensa do órgão disse que a questão agora "está nas mãos do Congresso."

O acordo teve votação encaminhada na Câmara pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. O presidente da comissão, deputado Marcondes Gadelha (PSB-PB), não respondeu aos recados deixados pela Folha durante a última semana. O gabinete do relator do texto na comissão, deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), informou que ele está em viagem oficial, e sua assessoria não retornou os recados. O embaixador do Brasil em Harare, Raúl de Taunay, está sendo aguardado em Brasília para discutir a posição do Brasil, ainda segundo o Itamaraty.

Um comentário:

CAntonio disse...

Caros Gabriela e Gaúcho,

Eu me pergunto sempre: por quê fatos tão relevantes como o Fôro de São Paulo são ignorados pela mídia?

Em qualquer país, minimamente sério (Longe da América Latrina) o governo já teria sido destituído.

Noçimpren$$a livre e democrática onde estará?