Apoio de Ministros pode complicar Marta

Dez ministros, incluindo Casa Civil, Justiça e Trabalho, se reuniram em São Paulo, quinta, no horário de expediente, para exortar os paulistanos a votarem em Marta Suplicy (PT). Se fosse em Petrópolis (RJ), a juíza Christianne Ferrari cassaria o registro da candidata e a tornava inelegível por três anos. Foi o que fez ao candidato Ronaldo Medeiros (PSB), que foi a um evento acompanhado de funcionário da Prefeitura, no horário de trabalho.O candidato concorreu sub-judice e foi para o segundo turno. Por Cláudio Humberto





A VIAGEM PARA LONGE DO PERIGO – Por Augusto Nunes

Em São Paulo, Lula até debochou dos adversários loucos para pendurar-se nos 80% de popularidade. Marta tinha direitos exclusivos sobre ele, deixou claro. Em Natal, exigiu a derrota da candidata do senador José Agripino. Terminado o primeiro turno, o presidente não tem nada a fazer em Natal (o inimigo já levou), nem tem muito o que fazer em São Paulo: tudo o que o candidato Gilberto Kassab quer é ver Lula contando vantagem num palanque sem futuro em vez de lidar com a crise do presente. Bom de faro, o rei do improviso viajou para o exterior. Só Eduardo Paes está ansioso para que volte logo.




O SEGUNDO TURNO DE LULAOpinião do Estadão

Quantos dos candidatos que contavam com o apoio explícito do presidente Lula para este segundo turno sabiam que neste domingo ele inicia uma viagem à Espanha, Índia e Moçambique da qual voltará em cima do fim de semana seguinte, quase às vésperas do encerramento oficial da campanha para o pleito do dia 26? Embora tenha sido planejada há muito tempo, a data parece ter sido escolhida de propósito para tornar escasso o tempo de Lula para participar "com força total" na caminhada da candidata petista Marta Suplicy, como prometeu quando não esperava que o percurso viria a ser tão íngreme.

Para usar uma metáfora futebolística decerto a seu gosto, Lula não é de entrar em bola dividida, salvo quando calcula - e ele é um craque em matéria de fazer cálculos políticos - que as suas chances são mais robustas que as do adversário. E, no campo da eleição municipal em São Paulo, a bola já não está dividida como parecia estar ao apagar das luzes do primeiro tempo: quem está de posse dela é o candidato Gilberto Kassab, 17 pontos à frente de Marta na pesquisa. Matéria completa aqui





POR QUÉ NO TE CALLAS, LULA?

"Da ONU... deve partir a convocação para uma resposta vigorosa às ameaças" – Por
Elio Gasparini – Globo


Para o bem de todos, Nosso Guia precisa aprender a ficar calado diante da crise financeira. Suas bobagens comprometem a credibilidade do país. Em setembro, falando nas ONU, ele disse o seguinte:

"Das Nações Unidas, máximo cenário multilateral, deve partir a convocação para uma resposta vigorosa às ameaças que pesam sobre nós".

Quem conhecer uma pessoa capaz de acreditar que a ONU tem capacidade, estrutura e autoridade para tratar desse assunto, ganha uma passagem de ida e volta a Cuba. Quem conhecer duas, ganha só a de ida. Semanas depois, tratando da capotagem da Sadia e da Aracruz, que torraram R$ 2,7 bilhões em operações cambiais exóticas, Nosso Guia acusou as empresas de estarem apostando contra o real. Falso. Elas perderam dinheiro porque apostaram a favor. Mesmo que estivesse certo, não fica bem para um presidente da República o comportamento que o jornalista americano Murray Kempton atribuiu aos editorialistas:

"Depois da batalha eles vão ao campo e matam os feridos."

Admita-se que sua teoria da "marolinha" foi conversa de palanqueiro. Até porque dias depois, tratando do problema, disse que "não sabemos o seu tamanho". Releve-se a sua interpretação da geografia ao dizer que "até agora, graças a Deus, a crise americana não atravessou o Atlântico". Foi a segunda vez que Nosso Guia relacionou a travessia do Atlântico com um percurso Norte-Sul. Em geral, as pessoas associam essa travessia às viagens de Colombo (de barco) e Charles Lindbergh (de avião), no sentido Leste-Oeste (ou o contrário).

Administrando uma crise que botou a Bolsa de joelhos, meia dúzia de bancos no vermelho e o dólar a R$ 2,30, o presidente da República pode fazer tudo, menos tratá-la com olhar de marqueteiro. Foi isso que George Bush fez nos últimos 12 meses. Pagará o preço de uma vergonhosa saída da Casa Branca.

Quem trata a crise como coisa pitoresca, num personagem pitoresco se transforma. Como ele mesmo já disse, a crise exige "juízo e responsabilidade". Sobretudo dele.





MASSAS E FEIJÃO NO TOPO DA REMARCAÇÃO


Quando se pensa na alta do dólar e na desvalorização do real, imagina-se que os produtos importados serão os primeiros da lista de reajustes. Na prática, itens básicos da alimentação dos brasileiros como os derivados de trigo e o feijão preto figuram no topo da tabela de remarcação de preços quando comparados com outros produtos estrangeiros das prateleiras, como azeite de oliva.

De acordo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima), Cláudio Zanão, os moinhos informaram que a farinha de trigo terá aumento de 20% até o fim deste mês. Com a alteração, o setor de massas alimentícias estima que vá repassar 15%. “Queremos postergar o aumento ao máximo, não sendo possível, eles serão escalonados”, diz Zanão. Por Letícia Nobre, do Correio Braziliense - Assinante do jornal leia mais aqui





ENDIVIDAMENTO DAS CLASSES “C” E “D” SEGUE EM ALTA

A crise do crédito tem a particularidade de, ao contrário de outras, ferir bancos e empresas antes de significar recessão e desemprego. Essa benesse inicial, no entanto, poderá significar dores maiores no futuro, segundo especialistas.

Isso porque o endividamento das classes C e D continua aumentando. De acordo com a empresa de venda de imóveis Brasil Brokers, nas últimas semanas a venda de lançamentos mais caros foi suspensa. As habitações mais populares, porém, continuaram a ser vendidas na mesma velocidade.

O cenário repete-se na Rossi Residencial. A construtora informou, na semana passada, que não só os imóveis de baixo custo continuam em alta como também que planeja aumentar seus negócios nessa área.

"Sem informação, as classes de menor renda continuam tomando crédito e, num cenário pessimista, poderão não honrar os compromissos e o endividamento assumidos", afirma Fernando Blanco, presidente da seguradora Coface.

Segundo ele, essa perspectiva poderá ajudar a derrubar o crescimento do PIB no próximo ano. "Nos anos em que o país cresceu muito foi porque entrou capital externo", diz Blanco. "Somos uma população pobre, que não tem como poupar e, pelo contrário, se endivida. Sem os recursos estrangeiros que vieram recentemente atrás das aberturas de capital e por meio de investimento das empresas estrangeiras, não consigo ver boas notícias." "Neste ano será estancada a sangria das empresas, mas os efeitos serão sentido nos próximos anos", diz Peter Ping Ho, da corretora Planner. Folha de São Paulo

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