"Tem muita gente que vota levianamente, tem muita gente que vota pela propaganda colorida da televisão"
No último dia permitido pela legislação eleitoral para comícios, a candidata do PT, Marta Suplicy começou com um minicomício na porta de duas fábricas na zona sul. De casaco impermeável vermelho, cumprimentou trabalhadores e fez um alerta do alto do caminhão de som: "não votem em "propaganda colorida da televisão". O Estado de São Paulo
SUPERFATURAMENTO DO PAN GANHA MUNDO
Diplomatas brasileiros nos Estados Unidos receberam informação de que o comitê olímpico de Chicago encomendou um minucioso dossiê sobre o escandaloso superfaturamento das obras dos Jogos Pan-americanos de 2007, estimado em mais de 1.500% pelo Tribunal de Contas da União. Chicago é rival do Rio de Janeiro na disputa para sediar as Olimpíadas de 2016. A suspeita de corrupção ganha destaque em todo o mundo.
‘Pequeno’ erro
O TCU mostrou que só em verbas federais, a estimativa inicial era de gastos de R$ 95 milhões. Foram gastos R$ 1,8 bilhão, ou 1.589% a mais.
Na berlinda
Publicações especializadas como Sport Intern, da Alemanha, destacam o envolvimento de Carlos Nuzman, presidente do COB, no rombo do Pan. Por Cláudio Humberto
BRASIL – CORRUPÇÃO - PAN 2007, OS RECORDES DE CORRUPÇÃO
De acordo com a auditoria do Tribunal de Contas, a União desembolsou R$ 1,6 bilhão com o Pan, algo como 1.600% acima da previsão inicial. No total estima-se que foram R$ 3,3 bilhões dos cofres públicos no evento, mais R$ 2 bilhões da Petrobras, Caixa Econômica e Correios, mas até agora as contas não fecharam. Reproduzimos o excelente material do Toinho de Passira
Já dava para desconfiar dessa vocação do governo Lula em tentar promover grandes eventos esportivos mundiais, soava inexplicável, pois um país com tanta coisa por fazer, ficar dedicando tanto tempo e dinheiro, para sediar, Copa do Mundo 2014, Olimpíadas 2016, parecia meio insano, mas agora soa mais coerente com as denuncias que o até agora não se sabe quanto custou o Pan 2007.
Sabe-se só que foi uma baderna digna da casa de mãe Joana, uma farra para as empreiteiras, com todo tipo de falcatruas, uma espécie de conglomerado de desperdício e desbragados superfaturamentos, que o Ministério do Esporte, tenta esconder a todo custo, mais que a história da tapioca comprada com Cartão Corporativo.
Tradução: existem obras superfaturadas e despesas não comprovadas de centenas de milhões. Apropriadamente, o relatório classifica as despesas nessas áreas suspeitas de “valor superlativo” e qualifica alguns gastos de “despropositados”.
Por enquanto já foram encontrados indícios de superfaturamento nas obras da Vila Militar, na reforma do Complexo Esportivo do Maracanã, do Parque Aquático Maria Lenk (foto), da pista do Velódromo, assim como a de obras de infra-estrutura da Vila Pan-Americana, entre outras construções.
O transbordo da dinheirama não para por aí. Estima-se que outros R$ 2 bilhões tenham sido aportados pela Petrobras, Caixa Econômica Federal e Correios, estatais que patrocinaram os Jogos Pan-Americanos e que até agora não conseguiram prestar contas, explicar a origem das receitas investidas e as justificativas do investimento.
Mas alerta: “trata-se, porém, de uma estimativa. O valor exato não pôde ser conhecido, pois o governo ainda tem informações a prestar”.
Os técnicos do TCU constataram que, se os atletas não tiveram boas acomodações, não foi por falta de empenho dos organizadores em dar-lhes do bom e do melhor.
Eis um trecho do relatório: “cada atleta ou membro da delegação esportiva que ficou hospedado na Vila Pan-Americana custou ao poder público R$1, 137 reais por dia. A quantia é muito superior ao cobrado por hotéis cinco estrelas do Rio, incluindo pensão completa, e revela o despropósito desse gasto”.
Na foto de Cutódio Coimbra/O globo, (ao lado) o famoso gari Renato Sorriso conduz a tocha do Pan, que custou R$ 2 mil cada uma. Está bom para provar o descontrole? Então, vai mais um exemplo: no contrato original, o desenvolvimento do sistema de credenciamento estava orçado em 55 000 reais. Acabaram custando 26, 7 milhões de reais. É isso mesmo: a ordem de grande da saiu da casa dos mil e foi para dos milhões.
Tanto visto sob o ponto de vista macro, como sob a lente do detalhe, a cada passo, emerge dinheiro público vazando para o ralo, por exemplo, o custo inicial de cada tocha olímpica, aquelas que as celebridades e atletas desfilavam pelas ruas e guardavam como souvenir, saltou 169%, dos R$ 759 previstos para R$ 2.042, a unidade. Foram confeccionadas aos milhares. Não se pode explicar como uma pequena haste de alumínio tenha custo tão elevado.
O ministro Marcos Vilaça, relator do processo, determinou que, em 30 dias, o ministério dos Esportes encaminhe ao TCU mais de duas dezenas de esclarecimentos, prestações de contas, informações sobre gastos, inventário de bens adquiridos com o dinheiro público.
O órgão exige que a pasta apresente todos os documentos referentes aos contratos fechados para a execução de diversas obras para o evento esportivo.
"É lamentável o excessivo tempo que o Ministério dos Esportes tem levado na análise dos contratos e convênios do Pan. Essa demora embaraça o trabalho do TCU e impede o trâmite mais ágil dos processos", afirmou Marcos Vilaça, ministro-relator do Tribunal.
O órgão também exige explicações da Petrobras, Caixa Econômica Federal e Correios, estatais que patrocinaram os Jogos Pan-Americanos. O TCU deu prazo de 15 dias para que o trio mostre, detalhadamente, a origem da receita investida, o valor total, entre outros aspectos.
Por último, o TCU fez recomendações a dona Dilma, da Casa Civil, orientando-a para que seja feita uma matriz de responsabilidades, para especificar o papel de cada esfera irá ter, além de confeccionar uma estimativa realista de gastos e um cronograma para aplicação dos recursos. O Tribunal de Contas precisa compreender que a Ministra anda sem tempo, para esses assuntos de estado, muito ocupada em elaborar dossiês e participar de eventos eleitoreiros, no papel de mãe do PAC.
GASTOS DO TSE COM TROPAS TRIPLICAM NAS ELEIÇÕES 2008
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai gastar mais do que três vezes do dinheiro que foi consumido nas eleições anteriores com o envio de tropas federais para reforçar a segurança. O TSE já repassou R$ 41.607.222,13 pedidos pelo Ministério da Defesa para a realização da operação. O Tribunal informou que as Forças Armadas vão atuar em 281 municípios nos dias de eleição e já vêm trabalhando desde o início de setembro no Rio de Janeiro.
Além do Rio, as tropas serão enviadas para municípios do Pará, Rio Grande do Norte, Amazonas, Alagoas, Amapá, Sergipe, Maranhão Mato Grosso do Sul, Paraíba, Tocantins e Piauí. O consumo de R$ 41.607.222,13 é bem superior aos R$ 13.985.294,12 gastos na eleição de 2006, e aos R$ 13.521.356,19 em 2004. Agência do Estado
VIGIADO PELO TRÁFICO, EXÉRCITO FAZ SUA MAIOR OPERAÇÃO NO RIO
Traficantes debocham de militares mobilizados para dar segurança às eleições. Exército e Marinha utilizam 20 blindados, 200 veículos, seis helicópteros e 4.300 homens durante a ocupação do Complexo do Alemão
Traficantes do Complexo do Alemão monitoraram de perto e por rádio as atividades de 4.300 militares, agentes do Tribunal Regional Eleitoral e profissionais da imprensa, ontem, na maior mobilização de tropas da Operação Guanabara, criada para dar segurança ao processo eleitoral no Rio de Janeiro. Em algumas conversas ouvidas pela Folha, através de um rádio, o tom era de deboche em relação ao trabalho dos militares.
A equipe da Folha esteve na favela Nova Brasília e apurou que, apesar da concentração de militares, os criminosos se misturaram à população, acompanhando os movimentos de soldados e jornalistas, enquanto outros mantinham contatos por rádio sobre as posições do Exército e dos repórteres.
Pelo rádio, os traficantes zombavam dos militares: "Ô cu verde! O negócio de vocês é arrancar pauzinho [propaganda] pendurado em poste! Vocês estão aí, no sol quente, cheios de peso nas costas, e a gente está aqui em cima com a mulherada!", disse um deles.
Eles estavam em alerta desde a chegada das tropas: "Não precisa soltar fogos [aviso de presença da repressão], não! Tá cheio de bico espalhado. Tá tudo controlado!", disse um homem ao rádio.
O presidente interino do TRE, Alberto Motta Moraes, reconhece que todos eram observados. "Ouviu-se muita conversa das radiocomunicações deles, relativa até ao helicóptero que estava chegando e que eles confundiram com o da polícia. A gente sabe que está sendo observado não só pela imprensa, mas também por outros", afirmou Moraes.
Maior operação
Para ocupar cinco pontos do mais armado conjunto de favelas do Rio -de acordo com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame-, as Forças Armadas montaram a maior mobilização militar desde o início da Operação Guanabara, em 11 de setembro.
Além dos 3.500 soldados de unidades do Exército e 800 da Marinha, foram usados 200 veículos, sendo 20 blindados Urutus e seis helicópteros. Conduziam as tropas o comandante da 1ª Divisão de Exército, general-de-divisão Rui Monarca da Silveira, e os generais das duas brigadas. Mais mil soldados da Artilharia Divisionária ficaram de prontidão.
Pela primeira vez na operação, foram usados 200 homens da Brigada de Operações Especiais, tropa de elite do Exército baseada em Goiás. O destacamento Mascarenhas foi o primeiro a entrar, de madrugada, e assumiu posição dominante, no alto do morro do Alemão. Eles hastearam uma bandeira do Brasil. Depois, a banda da Brigada Paraquedista entrou tocando "Cidade Maravilhosa", hinos de clubes de futebol e a música "Será", da banda Legião Urbana. Por Raphael Gomide – Folha de São Paulo
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