Vitória de Kassab põe de pé o 'projeto Serra 2010'

A última pesquisa Datafolha dá à eleição de São Paulo um ar de fato consumado. Marta Suplicy chega ao dia ‘D’ numa condição singular. Marta (40% dos votos válidos) tornou-se a candidata mais cotada para converter Gilberto Kassab (60%) em prefeito reeleito de São Paulo.



Sob o infortúnio do PT paulistano repousa o mais expressivo lance da estratégia presidencial de José Serra. Além de encaçapar Kassab, o governador tucano arrastou para o seu lado Orestes Quércia, a quem coube indicar Alda Marcantônio, a futura nova vice-prefeita.

De uma tacada, Serra amarrou uma aliança com o DEM e comprometeu um pedaço do PMDB com o seu projeto nacional. Logo o PMDB, sócio majoritário do consórcio que gravita em torno do Planalto. A legenda de cujos quadros Lula deseja extrair um vice para Dilma Rousseff. É como se Serra dissesse a Lula: você pode até levar o PMDB, mas não o terá por inteiro.

Candidato ao Senado em 2010, Quércia obteve, à sombra de Serra, um conforto que o PT de Marta não foi capaz de prover.

O envolvimento de Lula na refrega paulistana não foi casual. O presidente vê em Serra o rival mais forte de Dilma, sua dodói. Por isso fez o que pôde para ajudar Marta. Em privado, Lula já admite a derrota de Marta. Atribui o malogro a “erros” da candidata. Um exagero.

Marta errou muito, é certo. Mas o marketing da campanha dela, capitaneado pelo jornalista João Santana, errou muito mais. Os equívocos começaram no instante em que a propaganda de Marta 2008 mimetizou jingles e imagens da publicidade de Lula 2006. Apostou-se na transferência do prestígio do presidente para Marta. Algo que não se verificou.

Para completar a marquetagem mostrou-se incapaz de atenuar o grande calcanhar de Marta: a rejeição. Para piorar, apelou-se, na reta final, para as insinuações insidiosas assacadas contra Kassab.

Na outra ponta, cavalgando uma prefeitura com altíssima taxa de aprovação que roça os 60%, Kassab acabou virando um candidato leve. Filiado ao DEM, Kassab gere uma máquina apinhada de tucanos. Na prática, a prefeitura da mais rica capital do país é uma extensão do Palácio dos Bandeirantes.

Numa fase em que discute a viabilidade da “teoria do poste”, Serra mostrou, em São Paulo, que é possível eletrificar o nada. Kassab tratorou o tucano Geraldo Alckmin, um ex-governador bafejado pelo recall de uma disputa presidencial. Passou por cima também do apoio de Lula a Marta.

Agora, está na bica de impor ao PT uma derrota na cidade em que o petismo se julgava mais forte. Está deflagrado o projeto Serra 2010. Blog do
Josias de Souza da Folha de São Paulo






CARREATA (ARRUAÇA)

Composta por mais de 60 veículos e dois caminhões, a carreata de Marta Suplicy (PT) pela zona sul causou vários pontos de retenção e congestionamentos. Surpreendidos com o barulho dos carros de som, muitos moradores expressaram irritação na passagem do comboio.

Até o motorista de um dos veículos da carreata pôs em dúvida a estratégia na véspera eleitoral: "Acho que perde votos", disse, sem se identificar para evitar represálias.

Tão logo partiu da Ponte João Dias, a carreata petista foi multada por PMs, que anotaram as placas de dois jipes que levavam militantes em cima da caçamba. Em outro veículo, uma militante agitava bandeira com o tronco para fora da janela traseira. Dentre as muitas irregularidades cometidas no trânsito, a reportagem registrou paradas em locais proibidos, ocupação de até duas pistas e motoqueiros da campanha trafegando na contra-mão.

O caminhão que levava Marta Suplicy e Aldo Rebelo cruzou 8 semáforos vermelhos. Por Cláudio Dantas Sequeira da Folha




MENSALEIRO ATACA BONECO KASSABINHO
O deputado federal José Genoíno (PT) ironizou o boneco kassabinho do candidato à prefeitura de São Paulo Gilberto Kassab (DEM): "toc, toc, toc, bate na madeira. Votar em boneco, nem de brincadeira", disse em cima de um carro de som, ao lado da Marta Suplicy (PT), na zona sul da cidade.

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