Fórum Social vai apoiar Tarso e Battisti

A PEDIDO DE ONGs, MINISTRO E REFUGIADO SERÃO TEMA DE DEBATE

O ministro da Justiça, Tarso Genro, e o italiano Cesare Battisti, que ganhou a condição de refugiado no Brasil, serão incluídos de última hora na agenda de programação do Fórum Social Mundial, no fim do mês, em Belém. Entidades de direitos humanos querem que o fórum manifeste apoio aos dois, mesmo ausentes do encontro, que reúne ONGs de todo o mundo. Tarso receberá o apoio por sua decisão de contrariar a posição do Comitê Nacional para Refugiados (Conare) e permitir que Battisti viva no Brasil e não seja extraditado para a Itália.

Como a programação do Fórum estava concluída, a solução foi incluir o "caso Battisti" na oficina intitulada "Direito à memória e à verdade", que discutirá e reivindicará a abertura dos arquivos da ditadura, a revisão da Lei de Anistia e a punição para militares que torturaram nos anos de chumbo. Essa discussão ocorrerá durante três horas, na manhã do próximo dia 30. A iniciativa de incluir o ministro e o ex-militante político italiano como tema de debate foi do Movimento Nacional dos Direitos Humanos.

O coordenador do movimento, Gilson Cardoso, informou que recebeu apelos para que abordassem a polêmica do refúgio de Battisti. Numa nota divulgada ontem, a entidade anunciou apoio incondicional à decisão de Tarso.

"Gilmar está extrapolando", afirma deputado petista

"Trata-se de uma decisão legal e correta do governo do Brasil, com a intenção e o propósito de proteger um cidadão italiano que por mais de 30 anos foi perseguido em seu país e no exterior. Vale lembrar que Cesare Battisti foi condenado pela Justiça de seu país, em julgamento sumário, sem direito a plena defesa e por sentença baseada unicamente em informação obtida por delação premiada", afirma o documento do Movimento Nacional de Direitos Humanos.

Maria Luiza Fontenele, ex-prefeita de Fortaleza, que lidera um movimento pela libertação de Battisti e em apoio a sua condição de refugiado, participará do ato em defesa do ministro da Justiça e do ex-militante italiano. Ela participou da criação do movimento "Cesare livre", que ganhou uma página na internet com apoio, entre outros, do cineasta Silvio Tendler e do líder MST João Pedro Stédile.

Parlamentares pró-Battisti também estarão no fórum, caso dos deputados petistas Pedro Wilson (GO), que já presidiu a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, e Paulo Teixeira (SP), que criticou o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, por não ter ainda decidido sobre a soltura de Battisti, preso em Brasília:

- Há um exagero do presidente do STF, com seu ativismo judicial. Ele está extrapolando. – Por Evandro Éboli - O Globo





ÍNDIOS PROTESTAM CONTRA VOTOS NO SUPREMO
Índios da Raposa Serra do Sol deram início ontem a manifestações em Boa Vista contra os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal que determinam a retirada dos arrozeiros do interior da terra indígena. Diferentemente de outros grupos indígenas, eles não aceitam a forma como foi homologada a área – continuamente e sem a presença de não-índios. Em dezembro, oito dos 11 ministros do STF votaram a favor da homologação contínua da área e à consequente retirada dos arrozeiros do local. O debate deve voltar em fevereiro.





LULA E OBAMA
O presidente Lula prevê crescimento de 4% para este ano, declara-se otimista e reclama das pessoas que, segundo ele, não gostam do seu otimismo. Ora, por que não gostariam, já que os brasileiros parecem ter uma tendência ao otimismo? - Por Carlos Alberto Sardenberg – Opinião O Globo

Talvez porque as pessoas não apreciem o otimismo infundado, aquele que parece enganação ou apenas eleitoreiro. O próprio presidente dá razão a essas suspeitas quando comenta que ser otimista é da sua natureza e, além disso, uma obrigação do cargo.

É o que ele disse outro dia: "Sou corintiano, católico, brasileiro e ainda sou presidente do país, como eu poderia não ser otimista?" Ou seja, qualquer que seja a situação, Lula manifestará otimismo. Logo, não há por que tomar a sério sua visão da crise.

O retrospecto não o ajuda. Em 20 de dezembro de 2007, o presidente dizia: "Posso garantir ao povo que o crescimento em 2008 vai ser maior que em 2007 e em 2009, maior que 2008."

Será o oposto. Neste ano, menor que em 2008 que, por sua vez, foi menor que 2007. Alguns dirão: mas isso foi por causa da crise financeira global, que era imprevisível 13 meses atrás.

Não foi bem assim. O tamanho da crise certamente veio bem maior que o esperado, mas os sinais já estavam dados. Em agosto de 20007, havia quebrado um fundo de investimentos do BNP Paribas, por estar excessivamente exposto a papéis vinculados a hipotecas sub-prime nos EUA. Em seguida, vários outros bancos e fundos globais reportaram prejuízos semelhantes.

Mesmo não se prevendo o tsunami, havia um consenso de que a economia mundial, que vinha em um ritmo muito forte, reduziria o crescimento em 2008. A discussão aqui era justamente essa: como o país seria atingido por uma desaceleração global?

Muitos diziam que o Brasil necessariamente cresceria menos. Ainda mais porque o Banco Central insistia em seus relatórios que a economia brasileira estava crescendo acima do seu potencial. Sustentava que a demanda interna, puxada por fortíssima expansão do crédito, crescia mais rapidamente que a produção, sendo isso insustentável a médio prazo. A resposta para isso seriam juros mais altos e economia mais lenta. E olhem que ninguém previa um desastre, mas um crescimento apenas um pouco menor, na casa dos 4,5%, por exemplo.

Foi respondendo a esses pessimistas que o presidente Lula garantiu "ao povo" um crescimento inabalável. Pode haver esses problemas todos no mundo, mas aqui temos o PAC, insistiu o presidente em 13 de março de 2008.

Lula está, portanto, repetindo seu comportamento, dane-se o retrospecto. Deve achar que como ele não lê jornais nem acompanha noticiários de tevê e rádio, as pessoas ou fazem a mesma coisa ou não acreditam no que leem e ouvem ou só acreditam nas falas do presidente, esta uma hipótese boa dada à enorme popularidade de Lula.

Essa popularidade, aliás, tem levado o presidente a uma espécie de soberba verbal. Ele parece achar o máximo tudo o que lhe dá na telha, incluindo essas coisas sem pé nem cabeça sobre a natureza de seu otimismo.

Também não tem o menor cabimento dizer que o presidente tem que ser otimista.

Considerem Barack Obama. Não se pode dizer que é otimista um líder que diz ao povo que acaba de elegê-lo: as coisas vão piorar em vez de melhorar. Também não se pode classificá-lo de pessimista, pois manifesta convicção de que a situação vai melhorar.

Ele consegue ser realista, apontar os graves problemas a enfrentar e, ao mesmo tempo, despertar esperança de que vai conseguir administrar a crise.

É muito melhor do que dizer que o país vai crescer porque "eu sou otimista e garanto ao povo".

Certamente, a situação americana é pior que a nossa. Sem dúvida, o momento de Obama é diferente. Ele está iniciando um mandato, tendo sido eleito pela oposição.

Lula está no penúltimo ano de seu mandato e tem mais é que mostrar o serviço feito. E ele tem o que mostrar. O país de fato vinha bem. Também pode botar a culpa na crise no exterior, embora isso seja admitir, indiretamente, que a bonança também vinha de fora.

O resumo da ópera: a palavra otimista do presidente não vale. Dá popularidade quando as coisas vão bem. Quando começam a ir mal, a palavra fica nua.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG é jornalista.

Um comentário:

Anônimo disse...

REceber apoio da mesma espécie não vale!

Queria ver se esse carniçeiro teria apoio do povo ordeiro e trabalhor.

Esse é o fórum da camisinha e das baboseiras.