Esquerda mergulha na crise após derrota

PARABÉNS ISRAEL

O campo pacifista israelense acordou ontem em meio a um pesadelo. O mau desempenho nas urnas deixou clara a crise ideológica que se arrasta há anos, desde o assassinato do premier Itzhak Rabin, em 1995, e humilhou o Partido Trabalhista, de Ehud Barak, renegado ao quarto lugar com 13 cadeiras no Parlamento.

O resultado também estraçalhou o tradicional partido esquerdista Meretz, que obteve só três dos 120 assentos do Legislativo.

Nem mesmo nos kibutzim, tradicionais comunidades socialistas do país, a esquerda ganhou a votação. O Kadima venceu nessas áreas com 31,1% dos votos. Os trabalhistas tiveram 30,6% e o Meretz, 17,7%.

Barak teve que conter as lágrimas ao afirmar que os trabalhistas não se abateriam, mesmo estando na oposição. Ainda desconcertados, os líderes da esquerda têm dificuldades em explicar o fracasso.

Segundo o diretor do movimento kibutziano, Gavri Bargil, houve um "voto de breque", já que, assustados com o radicalismo de Benjamin Netanyahu, muitos acabaram optando por Tzipi Livni numa tentativa desesperada de freá-lo.

- Eles não votaram no Kadima com convicção, mas votaram em Livni como indivíduo. A prova disso é que os números mostram que cerca de 30% do eleitorado do Kadima decidiram na última hora e outros 40% decidiram na última semana, temendo a volta da direita ao poder. Perdemos pelo menos 300 mil votos, o que representariam dez cadeiras - lamentou.

Procurado pelo GLOBO, o ex-líder do Partido Trabalhista Amram Mitzna se disse chocado. Mitzna abandonou a política em 2003, quando sob seu comando os trabalhistas tiveram um fiasco histórico. Ele preferiu não entrar em detalhes sobre o futuro da esquerda do país, mas garantiu que o que morreu foram os partidos e não o campo pacifista. A opinião é compartilhada pela ex-ministra e fundadora do Meretz Shulamit Aloni. Aos 71 anos, ela culpa o sistema político e afirma que a esquerda precisa se unir. Por Renata Malkes – O Globo – Foto do Presidente Shimon Peres

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