Em audiência no Ministério da Justiça, o prefeito de Foz do Iguaçu Paulo Mac Donald Ghisi (PDT) afirma ter solicitado o “fechamento” do Lago de Itaipu pelas forças policiais por pelo menos 60 dias ininterruptos. As operações do governo federal na fronteira duram, normalmente, cerca de uma semana.
O Ministério da Justiça afirma que, para tomar qualquer medida de reforço policial no lago, é preciso que o município encaminhe um projeto formal a Brasília. Segundo Ghisi, já existe uma intenção do governo federal em fechar a fronteira do Brasil com o Paraguai para o tráfico de armas e drogas. “Eu reforcei o pedido”, diz. Na avaliação do prefeito, uma operação de uma semana ou 15 dias, aos moldes da que o exército e as policias fazem esporadicamente na região, é insuficiente para resolver o problema porque os criminosos voltam a agir após o término da ação. Ghisi diz que a efetivação da medida depende de um entendimento entre os Ministérios da Justiça e da Defesa.
O delegado-chefe da Polícia Federal em Guaíra, Érico Saconatto, apoiou a reivindicação do prefeito de Foz do Iguaçu. Contudo, na análise de Saconatto, seria necessário formar uma força-tarefa por um período maior, de três a quatro meses, para impossibilitar que as quadrilhas voltem a se articular depois. “Nós precisamos dar um choque. As quadrilhas não têm condições de se sustentar por mais de três meses sem atividades criminosas”, diz.
Para ele, é preciso envolver nesta força-tarefa não apenas a PF, mas todos órgãos de segurança, incluindo o Exército, Marinha, Receita Federal, policiais civil, militar e órgãos ambientais. No início de abril, está prevista uma nova operação do exército na fronteira entre o Paraguai e o Mato Grosso do Sul. Operação semelhante, realizada em outubro do ano passado, durou sete dias.
“Quando interrogamos os contrabandistas aqui na delegacia, eles mesmos dizem que não têm como atuar durante as operações do exército. Eles perdem bastante dinheiro nesse tempo. O problema é que o exército fica um tempo determinado e vai embora”, diz Saconato.
Necessidade
Para as autoridades dos municípios lindeiros ao Lago de Itaipu, barrar a entrada de drogas e contrabando do Paraguai para o Brasil é uma forma de conter a violência decorrente de crimes – homicídios, roubos e assaltos – que hoje se tornaram dor de cabeça até mesmo para municípios antes considerados ilhas de tranquilidade. “Todos os municípios lindeiros estão com problemas de segurança na área urbana e na beira do Lago. Estamos muito expostos às ações ilícitas”, diz o prefeito de Guaíra, Manoel Cuba (PP).
Recentemente, ladrões roubaram um barco usado pela PF para fazer patrulhamento no Lago de Itaipu, no Porto Internacional de Santa Helena, fronteira com Porto Índio (Paraguai). Estimativas da polícia apontam que existem mais de 40 quadrilhas atuando no local.
A preocupação com a segurança é tamanha que na próxima quinta-feira será realizado no município de Marechal Cândido Rondon o Fórum Regional sobre Segurança Pública dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu. Os prefeitos pretendem discutir a necessidade de mais recursos e policiais para a região.
Porto espera por novo equipamento
No Porto de Paranaguá – segundo porta de entrada do tráfico internacional no Paraná –, a Receita Federal aguarda a compra de um sistema de raio-x mais eficiente para intensificar o combate ao contrabando e ao tráfico de drogas. No total, a Receita abriu licitação para a compra de 37 scanners de inspeção de contêineres em todo Brasil. Paranaguá, Foz do Iguaçu e Curitiba estão entre os locais escolhidos para receber o equipamento. “Ocorre que a licitação está parada devido a uma liminar obtida na Justiça”, diz o inspetor-chefe da Receita em Paranaguá, Artur César Casella. A liminar beneficia uma empresa que produz um produto similar ao equipamento licitado pela Receita.
O Porto de Paranaguá é o entreposto de boa parte da cocaína que entra no Brasil pelo Lago de Itaipu e que tem como destino o mercado consumidor europeu. No começo de fevereiro, 3,8 toneladas de cocaína de alto grau de pureza foram apreendidas pela Polícia Federal. A cocaína estava embarcada em contêineres e tinha a Romênia como destino. De acordo com a Polícia Federal, a apreensão foi a segunda maior já feita em território brasileiro. De acordo com o delegado da PF Wágner Mesquita, que comandou a operação, a droga era “invisível” ao raio-x. “Tínhamos a informação de qual carga seria e passamos pelo sistema. A resposta era sempre um falso negativo (indicação negativa de que haveria outro produto escondido sob a carga declarada).” Gazeta do Povo
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