O diretor de uma indústria foi flagrado pelas autoridades cometendo um crime considerado gravíssimo: fizera telefonemas internacionais. Foi fuzilado num estádio, diante de 150 mil pessoas. Editorial Folha de São Paulo
O fato se deu na Coréia do Norte, sob um dos regimes mais tirânicos do planeta. Além do aparato repressivo clássico - que inclui campos de concentração e tortura de presos políticos-, o regime de Kim Jong-il apresenta particularidades especialmente odiosas.
Constituiu, por exemplo, um sistema nacional de prostituição forçada, intitulado "gippeumjo", ou "brigadas do prazer": congregam jovens encarregadas de prestar serviços sexuais às autoridades. As demais mulheres, enquanto isso, são proibidas de usar calça comprida.
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou na semana passada uma resolução condenando o regime de Kim Jong-il. O Brasil se absteve de dar seu voto.
No Sudão, com o beneplácito de um ditador já condenado internacionalmente, 300 mil pessoas já morreram em conflitos na região de Darfur, e a vida de 2 milhões de refugiados está por um fio. O Brasil não condena o regime sudanês.
Mais de 90 países já assinaram uma resolução da ONU banindo as chamadas bombas de fragmentação. Trata-se de artefatos capazes de espalhar pelo território atingido até 2.000 bombas menores, que terminam funcionando como minas terrestres. Também neste assunto, o Brasil se omite.
Não será cortejando ditadores e facínoras que o Brasil assumirá o papel de liderança mundial a que o governo Lula diz aspirar. Omitindo-se em questões como essa, o tão celebrado "pragmatismo" do Itamaraty nada mais significa do que um acinte às tradições pacíficas do país e um motivo de vergonha para todos os seus cidadãos.
PRESIDENTE DO SUDÃO DIZ QUE CONTA COM APOIO DO BRASIL
Brasil cooperará com o Sudão. Em entrevista, Bashir questiona legitimidade do TPI e exalta parceria com Brasília no cenário internacional
O Sudão quer o apoio de países sul-americanos, em especial do Brasil, para "derrotar o colonialismo que quer fazer com que nossos cidadãos continuem oprimidos". As declarações são do presidente do Sudão, Omar al-Bashir, em entrevista exclusiva, por e-mail, ao Estado. Bashir, que desembarcou ontem em Doha para a cúpula da Liga Árabe, foi indiciado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra em Darfur. A ONU estima que a guerra iniciada em 2003 já deixou 300 mil mortos.
Na primeira entrevista a um jornal estrangeiro desde seu indiciamento, no dia 4, porém, ele não deu respostas a várias perguntas. Numa delas, o Estado questionou se ele tem a consciência tranquila. Sorridente e desafiador, Bashir chegou ontem a Doha para a cúpula dos países árabes e encontros com os presidentes sul-americanos. Seguem os principais trechos da entrevista. Por Jamil Chade - O Estado de S. Paulo - Leia a entrevista aqui
O fato se deu na Coréia do Norte, sob um dos regimes mais tirânicos do planeta. Além do aparato repressivo clássico - que inclui campos de concentração e tortura de presos políticos-, o regime de Kim Jong-il apresenta particularidades especialmente odiosas.
Constituiu, por exemplo, um sistema nacional de prostituição forçada, intitulado "gippeumjo", ou "brigadas do prazer": congregam jovens encarregadas de prestar serviços sexuais às autoridades. As demais mulheres, enquanto isso, são proibidas de usar calça comprida.
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou na semana passada uma resolução condenando o regime de Kim Jong-il. O Brasil se absteve de dar seu voto.
No Sudão, com o beneplácito de um ditador já condenado internacionalmente, 300 mil pessoas já morreram em conflitos na região de Darfur, e a vida de 2 milhões de refugiados está por um fio. O Brasil não condena o regime sudanês.
Mais de 90 países já assinaram uma resolução da ONU banindo as chamadas bombas de fragmentação. Trata-se de artefatos capazes de espalhar pelo território atingido até 2.000 bombas menores, que terminam funcionando como minas terrestres. Também neste assunto, o Brasil se omite.
Não será cortejando ditadores e facínoras que o Brasil assumirá o papel de liderança mundial a que o governo Lula diz aspirar. Omitindo-se em questões como essa, o tão celebrado "pragmatismo" do Itamaraty nada mais significa do que um acinte às tradições pacíficas do país e um motivo de vergonha para todos os seus cidadãos.
PRESIDENTE DO SUDÃO DIZ QUE CONTA COM APOIO DO BRASIL
Brasil cooperará com o Sudão. Em entrevista, Bashir questiona legitimidade do TPI e exalta parceria com Brasília no cenário internacional
O Sudão quer o apoio de países sul-americanos, em especial do Brasil, para "derrotar o colonialismo que quer fazer com que nossos cidadãos continuem oprimidos". As declarações são do presidente do Sudão, Omar al-Bashir, em entrevista exclusiva, por e-mail, ao Estado. Bashir, que desembarcou ontem em Doha para a cúpula da Liga Árabe, foi indiciado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra em Darfur. A ONU estima que a guerra iniciada em 2003 já deixou 300 mil mortos.
Na primeira entrevista a um jornal estrangeiro desde seu indiciamento, no dia 4, porém, ele não deu respostas a várias perguntas. Numa delas, o Estado questionou se ele tem a consciência tranquila. Sorridente e desafiador, Bashir chegou ontem a Doha para a cúpula dos países árabes e encontros com os presidentes sul-americanos. Seguem os principais trechos da entrevista. Por Jamil Chade - O Estado de S. Paulo - Leia a entrevista aqui
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