A conta de luz ficará, em média, 21,56% mais cara a partir de hoje para 3,42 milhões de clientes da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL Paulista), que atua em 234 municípios do interior de São Paulo. O aumento foi aprovado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que também autorizou reajuste médio de 6,21% para os clientes da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
O maior impacto será para a indústria. Na área coberta pela CPFL há vários polos produtivos do País, incluindo os municípios de Campinas, Ribeirão Preto, Bauru e São José do Rio Preto, o aumento pode chegar a 24,8%. Em Minas, os clientes industriais terão aumento de até 18,94%, sendo a média de reajuste de 9,42%. Para as residências e o comércio, o aumento será de 20,19% na área da CPFL e de 4,87% para os clientes da Cemig. O reajuste contrasta com a revisão das tarifas da distribuidora paulista no ano passado, quando houve queda de 14%.
Leia também no texto oculto:
JURO NO BRASIL É ATÉ 10 VEZES MAIS ALTO
As taxas de juros reais anuais pagas pelas pessoas físicas no Brasil podem ser até dez vezes mais altas que as cobradas pela mesma instituição em seu país de origem. Essa é uma das conclusões do estudo Transformações na indústria bancária no Brasil e suas implicações no cenário da crise atual, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
AUMENTO BRUTAL NA CONTA DE LUZ
Para calcular o reajuste, a Aneel considera vários fatores, como a variação do IGP-M, que nos últimos 12 meses foi de 6,27%. A maior responsável pelos aumentos, no entanto, foi a alta do dólar, que provocou uma elevação nos custos da energia produzida pela hidrelétrica de Itaipu, principal fornecedora das distribuidoras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
O diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, diz que no ano passado, a previsão feita para a compra da energia de Itaipu considerava uma cotação de R$ 1,68 para o dólar. Ele lembrou que de lá para cá a moeda americana oscilou acima dos R$ 2,20: "Com essa crise financeira, tivemos um aumento muito significativo no preço do dólar."
A utilização de energia produzida pelas usinas térmicas, que é bem mais cara que a das hidrelétricas, também pesou para elevar o reajuste, representando 4,2 pontos porcentuais no índice da CPFL. "No ano passado, tivemos uma operação muito forte de térmicas para garantir o suprimento e a segurança energética do Brasil."
Também houve elevação nos gastos com encargos setoriais, como o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Esses três fatores também devem contribuir para a elevação dos índices de reajustes de outras concessionárias, como o da Eletropaulo, previsto para 4 de julho.
Na votação, os diretores da agência manifestaram preocupação com o alto reajuste, principalmente para as indústrias, o que pode ter impacto direto na produção. "Temos que buscar uma solução. Alguma coisa que permita mudar o impacto dos próprios índices inflacionários, que na verdade alimentam os reajustes tarifários."
A diretoria da Aneel aprovou também reajuste médio de 13,04% para as tarifas da Companhia Energética do Mato Grosso (Cemat). Já os clientes da Enersul, do Mato Grosso do Sul, não terão nenhum reajuste. A Aneel refez os cálculos da revisão tarifária de 2003 da Enersul e concluiu que houve um erro. Os valores cobrados a mais serão devolvidos na forma de redução nos índices de reajuste de tarifas de 2009 e 2010.
NÚMERO
3,42 milhões
É o número de clientes da CPFL Paulista, em 234 municípios de São Paulo, afetados pelo aumento - Gerusa Marques – O Estado de São Paulo
JURO NO BRASIL É ATÉ 10 VEZES MAIS ALTO
Estudo do Ipea compara a taxa de juros cobrada por bancos em seus países de origem e nas filiais brasileiras
As taxas de juros reais anuais pagas pelas pessoas físicas no Brasil podem ser até dez vezes mais altas que as cobradas pela mesma instituição em seu país de origem. Essa é uma das conclusões do estudo Transformações na indústria bancária no Brasil e suas implicações no cenário da crise atual, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O estudo contém três exemplos: HSBC, que na primeira semana de abril cobrava 63,42% ao ano no Brasil e 6,60% na Inglaterra; Santander, com taxa de 55,74% no Brasil e de 10,81% na Espanha; e Citibank, com 7,28% nos Estados Unidos e 60,84% no Brasil.
Ainda que a taxa básica brasileira, a Selic (hoje de 11,25% ao ano), seja mais elevada que a de qualquer um desses países - a americana é de praticamente zero -, essa diferença não pode ser apontada como a única causa da disparidade dos números, segundo o chefe da assessoria técnica da presidência do Ipea, Milko Madijascic. Afinal, lembrou ele, também entram nessa conta os impostos, a taxa de risco e o lucro dos bancos.
A gritante diferença é um dos motivos que levam à avaliação, por parte do instituto, de que o sistema bancário brasileiro é um indutor da desigualdade social. Assim, se os bancos no País têm mostrado fôlego para atravessar a crise financeira internacional, também contribuíram para a concentração de riqueza e exclusão social nos últimos anos. "Os bancos estão muito sólidos, mas a função do setor dentro da sociedade está prejudicada", disse Madijascic.
Além disso, continuou o Ipea, contribuem para acentuar as diferenças sociais o número de agências proporcionalmente menor do que em outros países e o fato de que o sistema brasileiro é extremamente concentrado. O estudo destaca que o País sofreu ainda mais concentração bancária com a quebra e aquisições de instituições do governo ao longo da década de 90, quando o mercado foi aberto.
A diferença de quantidade de agências dentro do País, conforme a região, na comparação com outras nações, também foi destaque do levantamento do Ipea. "Há regiões prejudicadas, pois o crédito não chega a todos de maneira igual", considerou Madijascic.
Ele ressaltou que, apesar de o crescimento dos correspondentes bancários (lotéricas, farmácias e outros estabelecimentos comerciais que oferecem alguns serviços bancários) nas regiões mais necessitadas auxiliar no cotidiano da população, o papel dessas casas é limitado. "Fica claro que há o banco do rico e o banco do pobre", ressaltou.
Até a década de 80, de acordo com o levantamento, havia para cada agência, em média, cerca de 8 mil brasileiros. A partir de 1990, a relação subiu para mais de 10 mil pessoas, atingindo, em 2007, a marca de 10.145 brasileiros para cada agência. O documento do Ipea mostra também que, nas capitais brasileiras, há uma agência para cada grupo de 6.124 pessoas residentes, mas no interior a relação média é de uma agência para 11.873 habitantes.
Além disso, 505 municípios (9% do total) não têm agência nenhuma, conforme constataram os técnicos do Ipea, acrescentando que, na Espanha, existem, em média, 1 mil habitantes por agência; em Portugal, 2 mil, e nos Estados Unidos, 3,4 mil. "Para combater os efeitos da crise financeira no País, não basta aumentar o crédito, é preciso popularizar o acesso aos bancos", defendeu Madijascic.
Os Estados com maior penetração das agências bancárias no conjunto da população em 2006, último dado disponível, foram, de acordo com o estudo, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Já os Estados com menor presença das agências bancárias no conjunto da população são Maranhão, Piauí, Alagoas, Pará e Ceará, no Norte e Nordeste do País. O Estado de São Paulo- Por Célia Froufe, Brasília
O maior impacto será para a indústria. Na área coberta pela CPFL há vários polos produtivos do País, incluindo os municípios de Campinas, Ribeirão Preto, Bauru e São José do Rio Preto, o aumento pode chegar a 24,8%. Em Minas, os clientes industriais terão aumento de até 18,94%, sendo a média de reajuste de 9,42%. Para as residências e o comércio, o aumento será de 20,19% na área da CPFL e de 4,87% para os clientes da Cemig. O reajuste contrasta com a revisão das tarifas da distribuidora paulista no ano passado, quando houve queda de 14%.
Leia também no texto oculto:
JURO NO BRASIL É ATÉ 10 VEZES MAIS ALTO
As taxas de juros reais anuais pagas pelas pessoas físicas no Brasil podem ser até dez vezes mais altas que as cobradas pela mesma instituição em seu país de origem. Essa é uma das conclusões do estudo Transformações na indústria bancária no Brasil e suas implicações no cenário da crise atual, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
AUMENTO BRUTAL NA CONTA DE LUZ
Para calcular o reajuste, a Aneel considera vários fatores, como a variação do IGP-M, que nos últimos 12 meses foi de 6,27%. A maior responsável pelos aumentos, no entanto, foi a alta do dólar, que provocou uma elevação nos custos da energia produzida pela hidrelétrica de Itaipu, principal fornecedora das distribuidoras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
O diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, diz que no ano passado, a previsão feita para a compra da energia de Itaipu considerava uma cotação de R$ 1,68 para o dólar. Ele lembrou que de lá para cá a moeda americana oscilou acima dos R$ 2,20: "Com essa crise financeira, tivemos um aumento muito significativo no preço do dólar."
A utilização de energia produzida pelas usinas térmicas, que é bem mais cara que a das hidrelétricas, também pesou para elevar o reajuste, representando 4,2 pontos porcentuais no índice da CPFL. "No ano passado, tivemos uma operação muito forte de térmicas para garantir o suprimento e a segurança energética do Brasil."
Também houve elevação nos gastos com encargos setoriais, como o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). Esses três fatores também devem contribuir para a elevação dos índices de reajustes de outras concessionárias, como o da Eletropaulo, previsto para 4 de julho.
Na votação, os diretores da agência manifestaram preocupação com o alto reajuste, principalmente para as indústrias, o que pode ter impacto direto na produção. "Temos que buscar uma solução. Alguma coisa que permita mudar o impacto dos próprios índices inflacionários, que na verdade alimentam os reajustes tarifários."
A diretoria da Aneel aprovou também reajuste médio de 13,04% para as tarifas da Companhia Energética do Mato Grosso (Cemat). Já os clientes da Enersul, do Mato Grosso do Sul, não terão nenhum reajuste. A Aneel refez os cálculos da revisão tarifária de 2003 da Enersul e concluiu que houve um erro. Os valores cobrados a mais serão devolvidos na forma de redução nos índices de reajuste de tarifas de 2009 e 2010.
NÚMERO
3,42 milhões
É o número de clientes da CPFL Paulista, em 234 municípios de São Paulo, afetados pelo aumento - Gerusa Marques – O Estado de São Paulo
JURO NO BRASIL É ATÉ 10 VEZES MAIS ALTO
Estudo do Ipea compara a taxa de juros cobrada por bancos em seus países de origem e nas filiais brasileiras
As taxas de juros reais anuais pagas pelas pessoas físicas no Brasil podem ser até dez vezes mais altas que as cobradas pela mesma instituição em seu país de origem. Essa é uma das conclusões do estudo Transformações na indústria bancária no Brasil e suas implicações no cenário da crise atual, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O estudo contém três exemplos: HSBC, que na primeira semana de abril cobrava 63,42% ao ano no Brasil e 6,60% na Inglaterra; Santander, com taxa de 55,74% no Brasil e de 10,81% na Espanha; e Citibank, com 7,28% nos Estados Unidos e 60,84% no Brasil.
Ainda que a taxa básica brasileira, a Selic (hoje de 11,25% ao ano), seja mais elevada que a de qualquer um desses países - a americana é de praticamente zero -, essa diferença não pode ser apontada como a única causa da disparidade dos números, segundo o chefe da assessoria técnica da presidência do Ipea, Milko Madijascic. Afinal, lembrou ele, também entram nessa conta os impostos, a taxa de risco e o lucro dos bancos.
A gritante diferença é um dos motivos que levam à avaliação, por parte do instituto, de que o sistema bancário brasileiro é um indutor da desigualdade social. Assim, se os bancos no País têm mostrado fôlego para atravessar a crise financeira internacional, também contribuíram para a concentração de riqueza e exclusão social nos últimos anos. "Os bancos estão muito sólidos, mas a função do setor dentro da sociedade está prejudicada", disse Madijascic.
Além disso, continuou o Ipea, contribuem para acentuar as diferenças sociais o número de agências proporcionalmente menor do que em outros países e o fato de que o sistema brasileiro é extremamente concentrado. O estudo destaca que o País sofreu ainda mais concentração bancária com a quebra e aquisições de instituições do governo ao longo da década de 90, quando o mercado foi aberto.
A diferença de quantidade de agências dentro do País, conforme a região, na comparação com outras nações, também foi destaque do levantamento do Ipea. "Há regiões prejudicadas, pois o crédito não chega a todos de maneira igual", considerou Madijascic.
Ele ressaltou que, apesar de o crescimento dos correspondentes bancários (lotéricas, farmácias e outros estabelecimentos comerciais que oferecem alguns serviços bancários) nas regiões mais necessitadas auxiliar no cotidiano da população, o papel dessas casas é limitado. "Fica claro que há o banco do rico e o banco do pobre", ressaltou.
Até a década de 80, de acordo com o levantamento, havia para cada agência, em média, cerca de 8 mil brasileiros. A partir de 1990, a relação subiu para mais de 10 mil pessoas, atingindo, em 2007, a marca de 10.145 brasileiros para cada agência. O documento do Ipea mostra também que, nas capitais brasileiras, há uma agência para cada grupo de 6.124 pessoas residentes, mas no interior a relação média é de uma agência para 11.873 habitantes.
Além disso, 505 municípios (9% do total) não têm agência nenhuma, conforme constataram os técnicos do Ipea, acrescentando que, na Espanha, existem, em média, 1 mil habitantes por agência; em Portugal, 2 mil, e nos Estados Unidos, 3,4 mil. "Para combater os efeitos da crise financeira no País, não basta aumentar o crédito, é preciso popularizar o acesso aos bancos", defendeu Madijascic.
Os Estados com maior penetração das agências bancárias no conjunto da população em 2006, último dado disponível, foram, de acordo com o estudo, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Já os Estados com menor presença das agências bancárias no conjunto da população são Maranhão, Piauí, Alagoas, Pará e Ceará, no Norte e Nordeste do País. O Estado de São Paulo- Por Célia Froufe, Brasília
2 comentários:
Será por isso que a Anatel já aprovou regulamento permitindo a internet pela rede elétrica? Vão faturar alto depois desse aumento da energia.
Deputado do PSDB descobre os reais motivos do aumento
Lula e o Foro de São PAulo
http://www.fernandochucre.com.br/noticia.php?idnoticia=285
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