"O consumidor procura o produto que quer comprar e não o que querem vender"
Indústria e varejo aguardam maiores definições quanto ao programa de substituição de refrigeradores a ser anunciado pelo governo e o detalhamento da estratégia que permitirá oferecer ao consumidor um produto a preço final de R$ 500, como estimou ontem o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
O ministro deu detalhes sobre o programa do governo para estimular a troca de geladeiras antigas que emitem gás CFC (clorofluorcarbono) por novas, menos poluentes e mais econômicas. Segundo ele, será fabricado um modelo específico para atender ao programa. Embora o ministro afirme que o valor não foi definido, ele estima que o preço da geladeira deve ficar em cerca de R$ 500.
A previsão é de que sejam trocadas geladeira com em média 10 anos de uso. "Estamos estudando para reduzir ao máximo o valor da geladeira, torná-la absolutamente acessível ao bolso da parcela mais pobre do povo brasileiro", disse Lobão, ao sair de reunião sobre o PAC com o Lula da Silva.
Segundo Lobão, no primeiro ano devem ser trocadas 1 milhão de geladeiras, no segundo ano 2 milhões e a quantidade avançará até atingir a meta de 10 milhões. Ele não descarta, no entanto, a possibilidade de que a quantidade seja maior logo no início, o que dependerá da capacidade de produção da indústria e da logística.
Lobão disse que o governo estuda duas possibilidades para a data de lançamento do programa. Uma em 15 dias e a outra no final de vigência da redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), em três meses. Para assegurar preço baixo os fabricantes terão redução de impostos, disse. A fabricação de um modelo especial em grande quantidade também será determinante para reduzir o custo, avaliou.
A substituição de refrigeradores com o apoio do ministério vem sendo estudada há aproximadamente dois anos, considerando um escopo mais amplo, englobando os vários modelos de refrigeradores. O presidente da Eletros - Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos, Lourival Kiçula, disse que as discussões não estabeleceram nenhum modelo em especial, mas que o governo pode ter uma alternativa que viabilize essa iniciativa. O programa prevê incentivos do governo que terão impacto direto no preço que chegará ao consumidor. Kiçula considera importante também que as medidas incluam outros modelos, dando opções ao consumidor.
O índice de penetração dos refrigeradores supera os 90%. Em 2008 a venda ficou em cerca de 5 milhões de unidades e, apesar da crise, esse volume deverá se manter com a redução do IPI, estima Kiçula.
Armando Ennes Valle Júnior, diretor de Relações Institucionais da Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, considerou "complicado" falar em geladeira de R$ 500 porque o programa prevê não apenas a venda, mas toda uma logística para a troca e a reciclagem do antigo aparelho. O executivo concorda que o refrigerador a este preço vá alavancar as vendas, mas não estima quanto. Valle Júnior reforçou que a indústria não gostaria de focar o programa em um só modelo. "Quem possui uma de duas portas vai querer trocar por outra pelo menos do mesmo tamanho". Para ele, o governo precisa promover os vários modelos e não os mais baratos. "O consumidor procura o produto que quer comprar e não o que querem vender", diz. A produção de uma geladeira com selagem classe "A" e que emita gases não poluentes faz parte da nova geração de refrigeradores e tem custos maiores. Valle afirmou que um dos atrativos do programa é o bônus de R$ 150 para o cliente que trocar a geladeira, que pode ser usado como desconto na compra do produto novo.
O executivo diz que a indústria está preparada para atender a demanda que deverá crescer com os incentivos do programa e a redução do IPI e espera que o acréscimo de vendas, de 22%, registrado por grandes varejistas no final de semana, tenha reflexo na indústria em dois meses. No primeiro trimestre, a produção de refrigeradores e fogões registrou queda de 10%.
Patricio Mendizabal, presidente da Mabe no Mercosul, responsável pelas marcas Dako e GE, disse que a empresa já participou de projetos parecidos em outros países, e com muito sucesso. "Acreditamos que a iniciativa no Brasil é muito boa, embora seja mais complexa devido ao grande número de participantes na cadeia produtiva e aos recursos do governo que pode apenas usar a política fiscal como incentivo."
Varejo
O varejo não mostra muito entusiasmo em relação ao programa. Na Lojas Cem, rede de eletroeletrônicos com 176 unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, a preocupação está relacionada a forma de armazenamento dos produtos usados e à margem de lucro. "Onde vamos colocar os produtos usados?", questionou José Domingos Alves, supervisor-geral da rede. O executivo afirma que o custo para manter estes produtos em depósitos será muito alto. "O custo para transportar estes produtos também é enorme. Este programa é uma bela encrenca". O executivo também não acredita que um refrigerador com preço final de R$ 500 possa trazer boa margem de lucro ao varejo.
"Estamos aguardando para ver qual será o preço de custo deste produto", disse Alves. Atualmente, a Lojas Cem comercializa refrigeradores com preço final entre R$ 740 e R$ 2,3 mil. "Acho que para ser um modelo econômico a este preço vai ser necessário mexer no tamanho do refrigerador. Portanto não acredito que este programa vai estimular grandes trocas de produtos. Cerca de 97% da população brasileira já tem geladeira e os consumidores não vão querer trocar refrigeradores por produtos menores", completou Alves
Logística
Lobão disse que será montada uma logística especial para atender o programa. Os revendedores recolherão as geladeiras antigas, que serão vendidas a uma empresa especializada. Essa empresa vai recolher o gás poluente e vendê-lo a uma usina. O mesmo ocorrerá com a geladeira que, segundo ele, será vendida a empresas que trabalham no ramo do aço.
Ainda há pendências a serem acertadas com o Ministério da Fazenda, informou Lobão. Isso porque o governo gastará em torno de R$ 100 milhões por ano com a logística do programa, como, por exemplo, para pagar pelo recolhimento das geladeiras (Gazeta Mercantil -Juliana Wilke, Rita Karam, Julia na Elias)
Indústria e varejo aguardam maiores definições quanto ao programa de substituição de refrigeradores a ser anunciado pelo governo e o detalhamento da estratégia que permitirá oferecer ao consumidor um produto a preço final de R$ 500, como estimou ontem o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
O ministro deu detalhes sobre o programa do governo para estimular a troca de geladeiras antigas que emitem gás CFC (clorofluorcarbono) por novas, menos poluentes e mais econômicas. Segundo ele, será fabricado um modelo específico para atender ao programa. Embora o ministro afirme que o valor não foi definido, ele estima que o preço da geladeira deve ficar em cerca de R$ 500.
A previsão é de que sejam trocadas geladeira com em média 10 anos de uso. "Estamos estudando para reduzir ao máximo o valor da geladeira, torná-la absolutamente acessível ao bolso da parcela mais pobre do povo brasileiro", disse Lobão, ao sair de reunião sobre o PAC com o Lula da Silva.
Segundo Lobão, no primeiro ano devem ser trocadas 1 milhão de geladeiras, no segundo ano 2 milhões e a quantidade avançará até atingir a meta de 10 milhões. Ele não descarta, no entanto, a possibilidade de que a quantidade seja maior logo no início, o que dependerá da capacidade de produção da indústria e da logística.
Lobão disse que o governo estuda duas possibilidades para a data de lançamento do programa. Uma em 15 dias e a outra no final de vigência da redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), em três meses. Para assegurar preço baixo os fabricantes terão redução de impostos, disse. A fabricação de um modelo especial em grande quantidade também será determinante para reduzir o custo, avaliou.
A substituição de refrigeradores com o apoio do ministério vem sendo estudada há aproximadamente dois anos, considerando um escopo mais amplo, englobando os vários modelos de refrigeradores. O presidente da Eletros - Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos, Lourival Kiçula, disse que as discussões não estabeleceram nenhum modelo em especial, mas que o governo pode ter uma alternativa que viabilize essa iniciativa. O programa prevê incentivos do governo que terão impacto direto no preço que chegará ao consumidor. Kiçula considera importante também que as medidas incluam outros modelos, dando opções ao consumidor.
O índice de penetração dos refrigeradores supera os 90%. Em 2008 a venda ficou em cerca de 5 milhões de unidades e, apesar da crise, esse volume deverá se manter com a redução do IPI, estima Kiçula.
Armando Ennes Valle Júnior, diretor de Relações Institucionais da Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, considerou "complicado" falar em geladeira de R$ 500 porque o programa prevê não apenas a venda, mas toda uma logística para a troca e a reciclagem do antigo aparelho. O executivo concorda que o refrigerador a este preço vá alavancar as vendas, mas não estima quanto. Valle Júnior reforçou que a indústria não gostaria de focar o programa em um só modelo. "Quem possui uma de duas portas vai querer trocar por outra pelo menos do mesmo tamanho". Para ele, o governo precisa promover os vários modelos e não os mais baratos. "O consumidor procura o produto que quer comprar e não o que querem vender", diz. A produção de uma geladeira com selagem classe "A" e que emita gases não poluentes faz parte da nova geração de refrigeradores e tem custos maiores. Valle afirmou que um dos atrativos do programa é o bônus de R$ 150 para o cliente que trocar a geladeira, que pode ser usado como desconto na compra do produto novo.
O executivo diz que a indústria está preparada para atender a demanda que deverá crescer com os incentivos do programa e a redução do IPI e espera que o acréscimo de vendas, de 22%, registrado por grandes varejistas no final de semana, tenha reflexo na indústria em dois meses. No primeiro trimestre, a produção de refrigeradores e fogões registrou queda de 10%.
Patricio Mendizabal, presidente da Mabe no Mercosul, responsável pelas marcas Dako e GE, disse que a empresa já participou de projetos parecidos em outros países, e com muito sucesso. "Acreditamos que a iniciativa no Brasil é muito boa, embora seja mais complexa devido ao grande número de participantes na cadeia produtiva e aos recursos do governo que pode apenas usar a política fiscal como incentivo."
Varejo
O varejo não mostra muito entusiasmo em relação ao programa. Na Lojas Cem, rede de eletroeletrônicos com 176 unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, a preocupação está relacionada a forma de armazenamento dos produtos usados e à margem de lucro. "Onde vamos colocar os produtos usados?", questionou José Domingos Alves, supervisor-geral da rede. O executivo afirma que o custo para manter estes produtos em depósitos será muito alto. "O custo para transportar estes produtos também é enorme. Este programa é uma bela encrenca". O executivo também não acredita que um refrigerador com preço final de R$ 500 possa trazer boa margem de lucro ao varejo.
"Estamos aguardando para ver qual será o preço de custo deste produto", disse Alves. Atualmente, a Lojas Cem comercializa refrigeradores com preço final entre R$ 740 e R$ 2,3 mil. "Acho que para ser um modelo econômico a este preço vai ser necessário mexer no tamanho do refrigerador. Portanto não acredito que este programa vai estimular grandes trocas de produtos. Cerca de 97% da população brasileira já tem geladeira e os consumidores não vão querer trocar refrigeradores por produtos menores", completou Alves
Logística
Lobão disse que será montada uma logística especial para atender o programa. Os revendedores recolherão as geladeiras antigas, que serão vendidas a uma empresa especializada. Essa empresa vai recolher o gás poluente e vendê-lo a uma usina. O mesmo ocorrerá com a geladeira que, segundo ele, será vendida a empresas que trabalham no ramo do aço.
Ainda há pendências a serem acertadas com o Ministério da Fazenda, informou Lobão. Isso porque o governo gastará em torno de R$ 100 milhões por ano com a logística do programa, como, por exemplo, para pagar pelo recolhimento das geladeiras (Gazeta Mercantil -Juliana Wilke, Rita Karam, Julia na Elias)
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