A POLÍTICA NACIONAL É UMA FARRA EM TODOS OS QUADRANTES
E o Congresso chafurda na lama que ele criou. Por Paulo Saab
Erário, hoje em dia, num primeiro caso de inversão de valores e moralidade pública comprometida, encontrar um ocupante de cargo público que não se sinta dele proprietário, com direito ao usufruto pleno e sem o ônus da probidade. Sequiosos de poder, ao longo de nossa ainda curta história democrática, os mandatários e seus partidos políticos agem em busca da perenidade do mando. A ocupação dos cargos de forma a tornar a estrutura pública em sucursal dos partidos é a meta de todos. De uns, com mais moderação, de outros de forma escancarada.
A imprensa tem denunciado a escalada da partidarização e do favorecimento feita pelos integrantes do governo federal sob a égide petista. Ocioso citar os partidos da base aliada, porque já faziam e ainda fazem o mesmo, embora, com mais cautela para não sofrer a exposição pública.
Como na gestão Lula a absolvição é automática para os apaniguados, a chamada base seguiu na sua rotina; mas o PT, em sua ótica, atrasado vinte anos na chegada ao poder, corre de forma acintosa atrás de cargos em todos os escalões e direcionando favorecimentos com recursos públicos a quem atua tendo como subproduto, ou mesmo produto principal, destinar verbas aos abençoados e à manutenção do partido no poder pelos próximos mil anos.
A Folha de São Paulo denunciou, na semana passada, a destinação de verbas milionárias, pela Petrobras, para membros do PT e da CUT ligados a entidades ditas sociais com uma declarada intenção, nas raias da desfaçatez, de patrocinar os "companheiros." A reação do presidente da Petrobras, como de todo homem em cargo público que pensa ser dele, foi acusar a imprensa de perseguição, jornalismo marrom e outras bobagens. Quando a imprensa elogia, é por obrigação de mostrar o que se faz de bom; quando crítica, vira perseguição. Filme velho, requentado em proporção avantajada. O Congresso chafurda na lama criada por seus próprios membros, sejam parlamentares, diretores ou outros funcionários públicos e vê na acusação à imprensa uma cortina de fumaça para justificar sua sede de autobenefícios.
A política no Brasil é uma farra que corta todos os nossos quadrantes. No meio dela, por sua força e enraizamento, ficam sufocados os que a ela se dedicam de forma menos predadora, respeitando o patrimônio público e, acima de tudo, a população. Os instrumentos de defesa da sociedade estão comprometidos ou imersos em seus problemas, como no caso do Ministério Público, perdido em se mirar no espelho da vaidade, ou dos Tribunais de Contas, cujos membros saem no mais das vezes do Legislativo indicados pelo Executivo. É uma alegria.
Deixo aberta a porta para a passagem digna das exceções, (encobertas em sua ação honrada pelo barulho da improbidade), embora paguem o preço do desprestígio que cobre, como calda escorrente em sorvete, os militantes da vida pública. Mas esses não ligam, jactam-se como semideuses acima do bem e do mal e seguem, como numa corrida do ouro, rasgando e contaminando a terra na mineração desenfreada. As escavações podem provocar um dia um desabamento, uma avalanche, que enterrará a todos.
Pessoas de bem: não desistam de lutar pelos valores corretos e a favor da moralidade no trato da coisa pública. E da privada também. Parece estar tudo de cabeça para baixo, mas se nos acomodarmos ou desistirmos de lutar, os enterrados seremos nós. Paulo Saab é jornalista e escritor – Diário do Comércio
E o Congresso chafurda na lama que ele criou. Por Paulo Saab
Erário, hoje em dia, num primeiro caso de inversão de valores e moralidade pública comprometida, encontrar um ocupante de cargo público que não se sinta dele proprietário, com direito ao usufruto pleno e sem o ônus da probidade. Sequiosos de poder, ao longo de nossa ainda curta história democrática, os mandatários e seus partidos políticos agem em busca da perenidade do mando. A ocupação dos cargos de forma a tornar a estrutura pública em sucursal dos partidos é a meta de todos. De uns, com mais moderação, de outros de forma escancarada.
A imprensa tem denunciado a escalada da partidarização e do favorecimento feita pelos integrantes do governo federal sob a égide petista. Ocioso citar os partidos da base aliada, porque já faziam e ainda fazem o mesmo, embora, com mais cautela para não sofrer a exposição pública.
Como na gestão Lula a absolvição é automática para os apaniguados, a chamada base seguiu na sua rotina; mas o PT, em sua ótica, atrasado vinte anos na chegada ao poder, corre de forma acintosa atrás de cargos em todos os escalões e direcionando favorecimentos com recursos públicos a quem atua tendo como subproduto, ou mesmo produto principal, destinar verbas aos abençoados e à manutenção do partido no poder pelos próximos mil anos.
A Folha de São Paulo denunciou, na semana passada, a destinação de verbas milionárias, pela Petrobras, para membros do PT e da CUT ligados a entidades ditas sociais com uma declarada intenção, nas raias da desfaçatez, de patrocinar os "companheiros." A reação do presidente da Petrobras, como de todo homem em cargo público que pensa ser dele, foi acusar a imprensa de perseguição, jornalismo marrom e outras bobagens. Quando a imprensa elogia, é por obrigação de mostrar o que se faz de bom; quando crítica, vira perseguição. Filme velho, requentado em proporção avantajada. O Congresso chafurda na lama criada por seus próprios membros, sejam parlamentares, diretores ou outros funcionários públicos e vê na acusação à imprensa uma cortina de fumaça para justificar sua sede de autobenefícios.
A política no Brasil é uma farra que corta todos os nossos quadrantes. No meio dela, por sua força e enraizamento, ficam sufocados os que a ela se dedicam de forma menos predadora, respeitando o patrimônio público e, acima de tudo, a população. Os instrumentos de defesa da sociedade estão comprometidos ou imersos em seus problemas, como no caso do Ministério Público, perdido em se mirar no espelho da vaidade, ou dos Tribunais de Contas, cujos membros saem no mais das vezes do Legislativo indicados pelo Executivo. É uma alegria.
Deixo aberta a porta para a passagem digna das exceções, (encobertas em sua ação honrada pelo barulho da improbidade), embora paguem o preço do desprestígio que cobre, como calda escorrente em sorvete, os militantes da vida pública. Mas esses não ligam, jactam-se como semideuses acima do bem e do mal e seguem, como numa corrida do ouro, rasgando e contaminando a terra na mineração desenfreada. As escavações podem provocar um dia um desabamento, uma avalanche, que enterrará a todos.
Pessoas de bem: não desistam de lutar pelos valores corretos e a favor da moralidade no trato da coisa pública. E da privada também. Parece estar tudo de cabeça para baixo, mas se nos acomodarmos ou desistirmos de lutar, os enterrados seremos nós. Paulo Saab é jornalista e escritor – Diário do Comércio
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