Conta elevada do Estado

MÁQUINA INEFICIENTE E CONTAMINADA PELO CORPORATIVISMO

Categoria conhecida pelas ligações, por suas entidades sindicais, ao PT, os servidores nada têm a reclamar do governo Lula. Beneficiaram-se de uma generosa rodada de aumentos salariais, estrategicamente verificada em 2006, ano da reeleição do presidente, e saboreiam um novo ciclo de benesses, em curso, ao custo de muitos bilhões de reais do contribuinte.

Coerente com a visão ideológica de um “Estado forte” — embora confundindo-o como uma entidade inchada —, o governo fez mais: ampliou a folha de pagamentos do funcionalismo com mais de 200 mil novos servidores. Hoje, ela superou a barreira do 1 milhão de pessoas.

Um método simples de avaliar se o governo erra ou acerta nessa política de gastança e empreguismo desenfreados é saber se o custo para o contribuinte tem sido compensado pela melhoria dos serviços públicos federais.

Não parece. Em geral, toda vez que a população necessita da máquina pública, ela se mostra lenta e ineficiente. EDITORIAL O GLOBO


A prova mais recente foi a dificuldade de o Ministério da Saúde/Anvisa montar algum sistema de informações nos grandes aeroportos internacionais, para atender passageiros que chegavam do México e Estados Unidos, áreas de risco por causa da febre suína. Mais do que isso: tratava-se de evitar que alguém contaminado entrasse no país, com um vírus perigoso e de fácil transmissão.

Mesmo quando é o Executivo que necessita de uma prestação de serviço ágil, o resultado é frustrante. Por isso, periodicamente o presidente Lula cobra dos ministros agilidade na tramitação de projetos de obras do PAC, importante instrumento político-eleitoral, ao lado do Bolsa Família. Mas os relatórios sobre o que estava previsto ser gasto e o que efetivamente foi desembolsado continuam desapontadores.

O problema é que a máquina de mais de um milhão de funcionários, contaminados de grande corporativismo, avessos a qualquer ideia de cobrança profissional, não responde sequer ao governo.

Projeta-se que, só no Executivo federal, ela custará este ano à sociedade cerca de R$ 130 bilhões, com mais um enorme aumento real (sobre a inflação) em comparação a 2008. Assim, ela se aproxima da conta dos juros da dívida, estimada em R$ 150 bilhões. Com um agravante: os juros podem cair, como estão caindo. Esta outra despesa, por causa da estabilidade dos servidores, jamais será reduzida. Comprometesse o futuro com este tipo de gasto.

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