
O Brasil aprovou a resolução, juntando-se a próceres dos direitos humanos como Cuba, China, Rússia e Arábia Saudita. Mais do que isso. Segundo a Human Rights Watch, o Brasil foi um dos líderes do movimento diplomático que impediu que uma resolução mais dura fosse aprovada. Manteve assim o hábito lamentável de promover e premiar a “autodeterminação” de países administrados por governos arbitrários, em nome da “não-interferência” e de um suposto estímulo ao diálogo. por Marcos Guterman
Números da própria ONU dão conta que, de janeiro a maio, 7 mil civis morreram em razão dos confrontos, e outros milhares estão detidos indefinidamente em campos mantidos pelo governo do Sri Lanka. O Conselho de Direitos Humanos nem tocou nesse assunto. Preferiu acreditar na “disposição” do governo cingalês de “superar” essa fase da história do país.
Nem parece o mesmo Conselho de Direitos Humanos que, com o voto do Brasil, foi tão expedito em montar uma comissão para investigar os crimes de guerra cometidos por Israel (e somente os cometidos por Israel) na campanha militar em Gaza, infinitamente menos letal do que a guerra no Sri Lanka.
Enquanto é zeloso em relação aos israelenses, o Conselho de Direitos Humanos tem sido miseravelmente leniente sobre as violações no Sudão, em Mianmar e agora no Sri Lanka, a despeito dos apelos feitos pela própria comissária da ONU para direitos humanos, Navi Pillay: “As imagens de mulheres, crianças e homens apavorados e emaciados, fugindo das zonas de batalha no Sri Lanka, deveriam estar encravadas em nossa memória coletiva. Deveriam nos levar a agir”. - O Estadão
Foto: Reuters - Civis refugiados no Sri Lanka
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