ELES BATEM EM CRIANÇAS, EM IDOSOS
Teerã enfrentou um domingo de extrema tensão. Pelas ruas da capital de 12 milhões de habitantes, homens com canos e cassetetes invadiam casas, capturavam reformistas e espancavam manifestantes contrários ao presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, e simpatizantes do ex-premiê Mir Houssein Moussavi. Segundo agências de notícias, o próprio Moussavi — candidato derrotado nas eleições de quinta-feira — teria sido preso por algumas horas.
Hoje, segunda feira, dezenas de milhares de aliados do candidato derrotado na eleição presidencial do Irã Mirhossein Mousavi fazem novo protesto contra Ahmadinejad em Teerã
Em carta divulgada na internet, Moussavi pediu ao governo que anule os resultados das eleições. “Eu vejo essa como a solução para recuperar a confiança pública e o apoio da população iraniana”, comentou. - “Nós cremos que Mahmud Ahmadinejad quer ser um presidente para toda a vida, como Hugo Chávez, quer fazer do Irã uma Venezuela”, disse ao Correio, pela internet, o engenheiro mecânico Raaf, de 24 anos.
O rapaz contou ter visto civis sofrendo agressões de seguidores de Ahmadinejad. “Nós os chamamos de sepah ou pasiji. São um tipo de milícia mais poderosa que a própria polícia”, afirmou. Raaf contou que ele e um colega espancaram dois supostos pasijis. “Na noite de sábado, incendiamos quatro de suas motocicletas. Eles batem em mulheres e idosos nas ruas”, acrescentou, relatando ter visto um menino receber uma coronhada. Pelo menos 170 pessoas foram presas, 70 delas acusadas de organizar protestos da oposição. Rodrigo Craveiro - Correio Braziliense
'REELEIÇÃO DO PRESIDENTE FOI ‘GOLPE DE ESTADO'
Said Lylaz: Aliado de Mousavi; Cientista político que escreveu discursos do candidato moderado diz que a política deverá dar lugar a ação nas ruas. Ele sorri diante da chegada inesperada do repórter a sua casa: "Estou esperando os agentes de segurança virem me buscar."
Economista e cientista político, Laylaz escreveu os discursos de campanha do candidato moderado Mir Hossein Mousavi, além de ser um crítico contumaz do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Ele define assim o que aconteceu na sexta-feira: "Isso é, de certa forma, um golpe de Estado." - O que significa a prisão dos líderes oposicionistas? Por Lourival Sant'Anna, Teerã
A Organização dos Mujaheddin da Revolução Islâmica, a Frente de Participação do Irã Islâmico e o Mosharekat (Cooperação), aos quais eles pertencem, são os únicos partidos reformistas que atuam dentro do Irã. Se forem banidos, significa que a atividade política dentro do país acabou. Teremos de pensar em outras formas.
Os votos foram contados?
Claro que não. As províncias deveriam contar os votos e enviar relatórios por fax para um centro de escrutínio, no qual os fiscais de todos os partidos podiam acompanhar a consolidação dos números. No dia 7, quando se deram conta de que iam perder a eleição, eles criaram uma Câmara de Aglutinação dos Votos, com apenas três membros. A contagem foi totalmente secreta. Chamo isso de cozinha, porque foi onde eles cozinharam o presidente. Esses 63% que atribuíram a Ahmadinejad pertencem na verdade a Mousavi. Isso é de certa forma um golpe.
Mousavi não é exatamente um reformista, mas um moderado?
Há dois meses percebi que Mousavi era reformista. O conceito é obviamente relativo. Para ser reformista, alguém tem de querer que as coisas andem para a frente. Mousavi atende a esse critério. Veja, 80% do poder está nas mãos do líder (Ali Khamenei). Não faz tanta diferença assim se o presidente é Mousavi ou Ahmadinejad. Agora, os iranianos acreditam que a atividade política acabou. A verdadeira face do país está se desnudando, por causa desse erro estúpido do governo.
O que Mousavi fará?
Não pode fazer mais do que já fez. A política acabou. Agora é hora da mobilização popular. Os distúrbios vão acabar. Mas a mobilização social está só começando. Como disse (o candidato reformista Mehdi) Karroubi em sua carta, "este é só o primeiro passo". O Estado de S. Paulo
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Jornais iranianos omitem protestos e confrontos
Teerã enfrentou um domingo de extrema tensão. Pelas ruas da capital de 12 milhões de habitantes, homens com canos e cassetetes invadiam casas, capturavam reformistas e espancavam manifestantes contrários ao presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, e simpatizantes do ex-premiê Mir Houssein Moussavi. Segundo agências de notícias, o próprio Moussavi — candidato derrotado nas eleições de quinta-feira — teria sido preso por algumas horas.
Hoje, segunda feira, dezenas de milhares de aliados do candidato derrotado na eleição presidencial do Irã Mirhossein Mousavi fazem novo protesto contra Ahmadinejad em Teerã
Em carta divulgada na internet, Moussavi pediu ao governo que anule os resultados das eleições. “Eu vejo essa como a solução para recuperar a confiança pública e o apoio da população iraniana”, comentou. - “Nós cremos que Mahmud Ahmadinejad quer ser um presidente para toda a vida, como Hugo Chávez, quer fazer do Irã uma Venezuela”, disse ao Correio, pela internet, o engenheiro mecânico Raaf, de 24 anos.
O rapaz contou ter visto civis sofrendo agressões de seguidores de Ahmadinejad. “Nós os chamamos de sepah ou pasiji. São um tipo de milícia mais poderosa que a própria polícia”, afirmou. Raaf contou que ele e um colega espancaram dois supostos pasijis. “Na noite de sábado, incendiamos quatro de suas motocicletas. Eles batem em mulheres e idosos nas ruas”, acrescentou, relatando ter visto um menino receber uma coronhada. Pelo menos 170 pessoas foram presas, 70 delas acusadas de organizar protestos da oposição. Rodrigo Craveiro - Correio Braziliense
'REELEIÇÃO DO PRESIDENTE FOI ‘GOLPE DE ESTADO'
Said Lylaz: Aliado de Mousavi; Cientista político que escreveu discursos do candidato moderado diz que a política deverá dar lugar a ação nas ruas. Ele sorri diante da chegada inesperada do repórter a sua casa: "Estou esperando os agentes de segurança virem me buscar."
Economista e cientista político, Laylaz escreveu os discursos de campanha do candidato moderado Mir Hossein Mousavi, além de ser um crítico contumaz do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Ele define assim o que aconteceu na sexta-feira: "Isso é, de certa forma, um golpe de Estado." - O que significa a prisão dos líderes oposicionistas? Por Lourival Sant'Anna, Teerã
A Organização dos Mujaheddin da Revolução Islâmica, a Frente de Participação do Irã Islâmico e o Mosharekat (Cooperação), aos quais eles pertencem, são os únicos partidos reformistas que atuam dentro do Irã. Se forem banidos, significa que a atividade política dentro do país acabou. Teremos de pensar em outras formas.
Os votos foram contados?
Claro que não. As províncias deveriam contar os votos e enviar relatórios por fax para um centro de escrutínio, no qual os fiscais de todos os partidos podiam acompanhar a consolidação dos números. No dia 7, quando se deram conta de que iam perder a eleição, eles criaram uma Câmara de Aglutinação dos Votos, com apenas três membros. A contagem foi totalmente secreta. Chamo isso de cozinha, porque foi onde eles cozinharam o presidente. Esses 63% que atribuíram a Ahmadinejad pertencem na verdade a Mousavi. Isso é de certa forma um golpe.
Mousavi não é exatamente um reformista, mas um moderado?
Há dois meses percebi que Mousavi era reformista. O conceito é obviamente relativo. Para ser reformista, alguém tem de querer que as coisas andem para a frente. Mousavi atende a esse critério. Veja, 80% do poder está nas mãos do líder (Ali Khamenei). Não faz tanta diferença assim se o presidente é Mousavi ou Ahmadinejad. Agora, os iranianos acreditam que a atividade política acabou. A verdadeira face do país está se desnudando, por causa desse erro estúpido do governo.
O que Mousavi fará?
Não pode fazer mais do que já fez. A política acabou. Agora é hora da mobilização popular. Os distúrbios vão acabar. Mas a mobilização social está só começando. Como disse (o candidato reformista Mehdi) Karroubi em sua carta, "este é só o primeiro passo". O Estado de S. Paulo
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