Emprego ruim, salário pior

Desde fevereiro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, houve em todo o País um saldo líquido de contratações com carteira assinada, mas com salários menores do que os das vagas que se fecharam. Esse comportamento contradiz as afirmações do ministro Carlos Lupi de que o saldo positivo de emprego, em maio, "é a prova de que a recuperação está ocorrendo de forma coerente, permanente e segura".

Informações mais esclarecedoras foram divulgadas pelo jornal Valor de segunda-feira: entre janeiro e abril, os empregos criados, além de insuficientes, foram de baixa qualidade. o período analisado, foram abertas 48,4 mil vagas, mas, na quase totalidade, a remuneração foi baixa: na faixa de até um salário mínimo, houve saldo líquido positivo de 57,5 mil empregos; de um a um e meio salário mínimo, de 83,9 mil; e na faixa de um e meio a dois salários mínimos, de 12,3 mil. Já nas faixas de dois a três mínimos, o saldo líquido foi negativo em 17,7 mil vagas; de três a cinco mínimos, em 14,9 mil; e, acima de cinco salários mínimos, negativo em 15 mil postos.


Entre os problemas que afetam o mercado de mão de obra desponta a elevada rotatividade dos empregos. No primeiro quadrimestre, foram criadas 332,4 mil vagas com remuneração de até um e meio salário mínimo e fechadas 221,6 mil vagas com remuneração de um e meio a cinco salários mínimos. As empresas aproveitaram a rotatividade para contratar com salários mais baixos e exigir mais qualificação. Entre janeiro e abril, o saldo de empregados sem alfabetização foi reduzido em 16,2 mil, ante a redução de 9,7 mil pessoas no mesmo período de 2008. Situação semelhante ocorreu com os trabalhadores que cursaram o fundamental, completo ou incompleto.

Reempregar-se foi possível para 89,2% dos trabalhadores com curso superior. Mas não tiveram tanta facilidade para encontrar novo emprego os trabalhadores que têm ensino médio (70%), ensino fundamental (82,2%) e os analfabetos (57%).

"Essa é a lógica da alta rotatividade no Brasil", notou o economista do Centro de Estudos de Economia Sindical e do Trabalho da Unicamp, Anselmo Luís dos Santos. "Nos momentos em que o nível de desemprego aumenta, as empresas conseguem encontrar mais pessoas desempregadas com qualificação, dispostas a trabalhar por um salário mais baixo."

Os dados do Caged relativos a maio confirmam a piora da qualidade dos cargos. No Brasil, em todas as atividades, houve saldo líquido de contratações de 131,5 mil pessoas. Mas na indústria, onde estão as melhores ocupações, o saldo de contratações foi de apenas 700 pessoas, em maio - e é negativo em 146,4 mil, nos primeiros cinco meses do ano. Nos últimos 12 meses, o saldo é negativo em 233,4 mil.

Poucos setores da indústria de transformação, como alimentos e bebidas (13,3 mil vagas) e têxtil (2,1 mil), abriram empregos. Continuaram em forte queda as áreas de metalurgia (5,4 mil), mecânica (2,9 mil), calçados (1,9 mil), minerais não metálicos (1,5 mil), material elétrico e comunicações (1,5 mil) e madeira e mobiliário (1,4 mil).

Em fase de colheita, foram abertas 52,9 mil vagas no setor agrícola; outras 44 mil foram abertas em serviços e 17,4 mil na construção civil - nos três casos, com salário médio inferior ao pago pela indústria. Além do mais, a criação de vagas foi concentrada, com destaque para os Estados de São Paulo (44,5 mil), Minas Gerais (37,5 mil), Paraná (11,6 mil), Espírito Santo (10 mil) e Bahia (9 mil). Foi ínfima a geração de vagas formais nas Regiões Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste.

Nos últimos 12 meses, até maio, o saldo líquido de vagas abertas foi de apenas 580 mil, ante 2,09 milhões nos 12 meses terminados em setembro de 2008. Ou seja, reduziu-se em mais de 1 milhão e meio o saldo de trabalhadores contratados, com carteira.

Por ter havido saldo positivo de vagas, analistas acreditam que ficou para trás o pior momento do mercado de trabalho. Mas a recuperação não será rápida, sobretudo na indústria de transformação, que depende de exportações e da recuperação da economia global. O Estado de S. Paulo



NO ANDAR DE BAIXO
Não adianta muito, portanto, gabar-se de que o Brasil é a décima economia do mundo se a renda de cada um de seus cidadãos está na parte inferior da tabela. Assim mesmo porque se trata de média. Se se tomassem apenas os 20% mais pobres, o padrão seria mais africano que brasileiro.

Ah, já que o presidente Lula acha que a mídia deveria divulgar apenas notícias boas, como o aumento do emprego, em vez de se preocupar com "desgraças", vamos falar um pouco de emprego. E fazer de conta que a aula de jornalismo não é apenas mais uma bobagem da já longa lista recente que sai da boca do presidente.

Entre janeiro e setembro de 2008, a geração líquida de empregos formais alcançava, em média, 180 mil por mês, o ritmo mais forte já observado, escreveu Fernando Sampaio, um dos ótimos colunistas desta Folha. Muito bem: um certo Luiz Inácio Lula da Silva dizia, quando candidato em 2002, que seria preciso criar 10 milhões de empregos nos quatro anos seguintes, o que dá 2,5 milhões por ano e, arredondando para baixo, 200 mil por mês. Se o melhor resultado (180 mil/mês) não chegou lá, também em matéria de criação de empregos estamos no andar de baixo. Opinião da Folha de São Paulo



MYSPACE DEMITE 300 FORA DOS EUA E FECHA NO BRASIL
O escritório brasileiro da rede social americana MySpace, com sede em São Paulo, vai encerrar suas operações em 1 de julho informou ao site G1 o gerente de conteúdo e novos negócios do MySpace Brasil, Angelos Ktenas Junior. A decisão faz parte da reestruturação da empresa, anunciada ontem e que inclui o fechamento de ao menos quatro escritórios e a dispensa de 300 funcionários fora dos EUA - dois terços de sua força de trabalho internacional.

Aberta oficialmente em dezembro de 2007, a filial brasileira tinha dez funcionários. A empresa pertence ao grupo de mídia News Corp., do magnata Rupert Murdoch.

- A decisão nos pegou de surpresa, pois o Brasil trabalha no azul desde seu primeiro ano. Em menos de dois anos, crescemos 400% - disse Ktenas.

O MySpace vem perdendo terreno para o atual líder Facebook e para o Twitter. Na avaliação de Ktenas, porém, o fechamento de escritórios internacionais não está necessariamente ligado à crise, e sim à política de Owen Van Natta, novo diretor-executivo do MySpace. O Estado de São Paulo

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