A TRUCULÊNCIA DA MINORIA
Não há novidade nos incidentes desta semana na Cidade Universitária, quando, cumprindo determinação judicial, a Polícia Militar (PM) derrubou barricadas e enfrentou com energia a agressividade de piquetes de servidores e alunos, para liberar o acesso à Reitoria da USP.
O confronto era previsível desde que alguns servidores da instituição, com o apoio de pequenos grupos de estudantes e professores vinculados a facções políticas radicais, perceberam que a greve deflagrada no início de maio vinha obtendo baixa adesão. As únicas atividades que o comando de greve conseguiu interromper, além de um ou outro departamento da Faculdade de Filosofia, da FAU e da ECA, foram bibliotecas, creches, bandejões e os ônibus circulares. Nas 80 unidades da USP espalhadas na capital e no interior, os 5 mil professores continuaram lecionando para os 86 mil alunos da instituição. Opinião Estadão
Assim, os grevistas apelaram para o surrado expediente da "invasão da Reitoria", que consiste em tentar impedir o acesso dos dirigentes da Universidade aos seus gabinetes, obrigando-os a pedir reintegração de posse na Justiça. Como a reintegração é feita pela PM, uma vez que os baderneiros se recusam a obedecer a ordem judicial, os grevistas alegam que a presença das tropas na Cidade Universitária compromete a autonomia da USP, acusam o governo estadual de autoritário e se recusam a "dialogar" com a reitora.
Invariavelmente, a estratégia é implementada por sindicalistas truculentos que provocam o confronto com a PM e depois se apresentam como vítimas da violência policial. E, para encerrar a greve, exigem que não haja punição administrativa por seus atos ilegais e o pagamento dos dias não trabalhados a todos os servidores, além de se recusarem a ressarcir os prejuízos causados por depredações. Ou seja, exigem impunidade - e ela lhes é garantida por dirigentes universitários que se apressam a ceder a essas exigências, para tentar retomar a normalidade da vida acadêmica. Os sindicalistas passam, então, a preparar o próximo protesto, que se tem repetido, com regularidade gregoriana, todos os anos.
Em 2007, por exemplo, o mesmo grupo de sindicalistas envolvido nos incidentes desta semana invadiu as dependências da Reitoria, quebrando móveis e telefones, roubando computadores e destruindo documentos. Os prejuízos foram estimados em R$ 346 mil e, apesar de a Justiça ter obrigado as entidades de servidores, docentes e estudantes a ressarcir a USP, a ordem não foi cumprida e os depredadores não foram processados judicialmente pela desobediência.
A rigor, o único servidor até hoje punido pela truculência com que costuma executar esse "script" foi o líder sindical Claudionor Brandão. Contratado como técnico de ar-condicionado em 1987, ele foi demitido por justa causa depois de participar da invasão da FAU, em 2005, quando ameaçou a integridade física de funcionários e pôs em risco o acervo da biblioteca da faculdade. Brandão tem extenso prontuário policial e, não por acaso, foi um dos sindicalistas que mais provocaram a PM, nos recentes incidentes da Cidade Universitária. A anulação de sua demissão é uma das principais reivindicações dos grevistas.
Sindicalistas violentos e as dezenas de microagremiações radicais que proliferaram na USP, nos últimos anos, não respeitam as mais elementares regras do convívio social e da ordem jurídica. São minorias intolerantes, de escassa representatividade, que, por má-fé, deformação ideológica e oportunismo político, confundem autonomia universitária com ausência do império da lei, intimidam quem não cede às suas pressões e, repetindo o mantra do "participacionismo", dizem que representam toda a comunidade uspiana com base no que foi deliberado em desmoralizadas e esvaziadas "assembleias gerais".
Ninguém questiona o direito de estudantes, professores e servidores da USP de se mobilizarem para reivindicar reajustes salariais ou protestar contra mudanças na carreira docente ou nos cursos oferecidos pela instituição. O que não se pode admitir é o sistemático e acintoso desprezo à legalidade como instrumento de mobilização. A truculência é o instrumento de grupelhos que tentam substituir os métodos democráticos de reivindicação pela força bruta - e isso é a negação do espírito universitário. O Estado de S. Paulo
Não há novidade nos incidentes desta semana na Cidade Universitária, quando, cumprindo determinação judicial, a Polícia Militar (PM) derrubou barricadas e enfrentou com energia a agressividade de piquetes de servidores e alunos, para liberar o acesso à Reitoria da USP.
O confronto era previsível desde que alguns servidores da instituição, com o apoio de pequenos grupos de estudantes e professores vinculados a facções políticas radicais, perceberam que a greve deflagrada no início de maio vinha obtendo baixa adesão. As únicas atividades que o comando de greve conseguiu interromper, além de um ou outro departamento da Faculdade de Filosofia, da FAU e da ECA, foram bibliotecas, creches, bandejões e os ônibus circulares. Nas 80 unidades da USP espalhadas na capital e no interior, os 5 mil professores continuaram lecionando para os 86 mil alunos da instituição. Opinião Estadão
Assim, os grevistas apelaram para o surrado expediente da "invasão da Reitoria", que consiste em tentar impedir o acesso dos dirigentes da Universidade aos seus gabinetes, obrigando-os a pedir reintegração de posse na Justiça. Como a reintegração é feita pela PM, uma vez que os baderneiros se recusam a obedecer a ordem judicial, os grevistas alegam que a presença das tropas na Cidade Universitária compromete a autonomia da USP, acusam o governo estadual de autoritário e se recusam a "dialogar" com a reitora.
Invariavelmente, a estratégia é implementada por sindicalistas truculentos que provocam o confronto com a PM e depois se apresentam como vítimas da violência policial. E, para encerrar a greve, exigem que não haja punição administrativa por seus atos ilegais e o pagamento dos dias não trabalhados a todos os servidores, além de se recusarem a ressarcir os prejuízos causados por depredações. Ou seja, exigem impunidade - e ela lhes é garantida por dirigentes universitários que se apressam a ceder a essas exigências, para tentar retomar a normalidade da vida acadêmica. Os sindicalistas passam, então, a preparar o próximo protesto, que se tem repetido, com regularidade gregoriana, todos os anos.
Em 2007, por exemplo, o mesmo grupo de sindicalistas envolvido nos incidentes desta semana invadiu as dependências da Reitoria, quebrando móveis e telefones, roubando computadores e destruindo documentos. Os prejuízos foram estimados em R$ 346 mil e, apesar de a Justiça ter obrigado as entidades de servidores, docentes e estudantes a ressarcir a USP, a ordem não foi cumprida e os depredadores não foram processados judicialmente pela desobediência.
A rigor, o único servidor até hoje punido pela truculência com que costuma executar esse "script" foi o líder sindical Claudionor Brandão. Contratado como técnico de ar-condicionado em 1987, ele foi demitido por justa causa depois de participar da invasão da FAU, em 2005, quando ameaçou a integridade física de funcionários e pôs em risco o acervo da biblioteca da faculdade. Brandão tem extenso prontuário policial e, não por acaso, foi um dos sindicalistas que mais provocaram a PM, nos recentes incidentes da Cidade Universitária. A anulação de sua demissão é uma das principais reivindicações dos grevistas.
Sindicalistas violentos e as dezenas de microagremiações radicais que proliferaram na USP, nos últimos anos, não respeitam as mais elementares regras do convívio social e da ordem jurídica. São minorias intolerantes, de escassa representatividade, que, por má-fé, deformação ideológica e oportunismo político, confundem autonomia universitária com ausência do império da lei, intimidam quem não cede às suas pressões e, repetindo o mantra do "participacionismo", dizem que representam toda a comunidade uspiana com base no que foi deliberado em desmoralizadas e esvaziadas "assembleias gerais".
Ninguém questiona o direito de estudantes, professores e servidores da USP de se mobilizarem para reivindicar reajustes salariais ou protestar contra mudanças na carreira docente ou nos cursos oferecidos pela instituição. O que não se pode admitir é o sistemático e acintoso desprezo à legalidade como instrumento de mobilização. A truculência é o instrumento de grupelhos que tentam substituir os métodos democráticos de reivindicação pela força bruta - e isso é a negação do espírito universitário. O Estado de S. Paulo
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