A maneira pela qual o Irã desapareceu do foco da mídia é, apesar de previsível, desanimadora. Com a exceção de pequenas lufadas de interesse quanto à apreensão e soltura de pessoal da embaixada britânica e as expulsões retaliatórias de diplomatas, a revolução do povo praticamente sumiu de vista. Isto se deve a duas razões principais, uma chocante e a outra, apenas, bem, deprimente. A razão chocante é que a intelligentsia "progressista" ocidental, que não pára de gritar, de bater os pés e organizar passeatas, petições e boicotes em função daquilo que ela considera crimes dos Estados Unidos e de Israel (‘tortura', ‘assentamentos', ‘interrogatórios em prisões no exterior', ‘barreiras policiais', ‘belicosidade', ‘repressão'), fica muda diante das brutais medidas de repressão que vêm tendo lugar no Irã nas últimas três semanas. E deprimente porque a mídia ocidental pensa que a história acabou, que a revolução malogrou e que afinal, não havia nem sequer um líder ou causa a apoiar, pois Mousavi representa apenas mais do mesmo e velho regime. Por Melanie Phillips
Bem, tanto quanto posso ver, não acabou. Sim, houve uma repressão muito forte e as enormes manifestações públicas cessaram. Mas a agitação está longe de ter acabado. Os protestos se mantêm e continuam a ser reprimidos com brutalidade, tal como mostram essas fotos tiradas há dois dias. Centenas de pessoas foram mortas ou levadas à prisão. Veja mais aqui e aqui, por exemplo.
Tal como eu disse repetidas vezes, há duas rebeliões acontecendo. Uma é a de Mousavi e o desafio interno ao regime entre o clero, que permanece comprometido com a Revolução Islâmica, mas difere acerca de detalhes; e então, há o povo levando cacetadas nas ruas, que deseja liberdade e democracia. Apoiá-lo, certamente não é uma questão que exija muito raciocínio. Seu esforço pela liberdade poderia funcionar - e nesse caso o Irã deixaria de ser uma ameaça mortal para o mundo. Se não funcionar, o mundo não ficaria pior.
A crença de que apoiar o povo iraniano exacerbaria os atuais problemas com o Irã não faz nenhum sentido. Quem nos odiaria por isso? O regime iraniano? Esse não poderia nos odiar mais do que já odeia. Os governos ocidentais temem que, se apoiassem os protestantes, o regime iraniano diria que os protestos estavam sendo orquestrados pelo Ocidente. Ora, mas é precisamente isso o que o regime iraniano vem alegando desde o início. E afinal, quem é que os temerosos líderes ocidentais acham que poderiam ser incitados por tais alegações? Aqueles que apóiam o regime já são impelidos por insanas teorias da conspiração acerca da influência ocidental; e aqueles que não acreditam nessas teorias são os protestantes, exatamente as últimas pessoas a serem levadas por tal absurdo.
E então, há o argumento de que o apoio é sem sentido, uma vez que o regime venceu. Aqueles que conhecem o Irã dizem que isso está longe de ser o caso. Há agora uma luta pelo poder entre os aiatolás e não está nada claro como ela terminará. De acordo com Amir Taheri no Times, esta luta tem dois resultados possíveis: um fim à encenação de democracia, com o regime teocrático fixando-se numa espécie de ‘imamato' [*]; ou, no sentido inverso, um fim à teocracia e a sua substituição por uma democracia verdadeira. Taheri também sugere que em resultado dos protestos continuados, até mesmo o temido aparato de segurança pode estar começando a se estilhaçar:
O regime deslocou cem mil homens da força paramilitar Basij para controlar Teerã e outras oito cidades importantes. Mas uma escalada como essa não pode ser mantida. Há o risco de os paramilitares se colocarem ao lado dos protestantes. Hussein Taleb, o comandante-em-chefe da Basij, disse ontem que "um grande número de indivíduos trajados como membros da Basij foram presos depois de tomar parte em marchas de protesto". A força Basij é preponderantemente composta de adolescentes vindos das províncias, o que os torna vulneráveis à ‘sedução': as pessoas os convidam às suas casas, dão-lhes comida e refrigerantes e pedem-lhes que mudem de lado. ‘Expostos a esse tipo de lavagem cerebral, alguns podem sucumbir à tentação', admite Taleb.
Se a Basij se desintegrar, o regime pode ver-se forçado a usar o seu maior trunfo: o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica. Todavia, o CGRI também está dividido, com uma porção não conhecida de membros simpáticos à oposição. Ainda pior, do ponto de vista do regime, é que uma vez solto nas ruas, o CGRI pode ficar tentado a tomar o poder para si mesmo, em vez de proteger os mulás. A julgar pelas esporádicas, mas continuadas demonstrações e coros de "Morte ao ditador!"ouvidos dos topos dos telhados, o gênio parece sem desejo de voltar à garrafa.
Desesperado diante da recusa ocidental em dar apoio à liberdade contra a tirania no Irã, o escritor iraniano Amil Imani lançou agora uma petição. Lendo-a, eu fiquei impressionada com a lista de ações que Imani deseja que o Ocidente tome contra o regime. Aqueles que apenas se preocupam, mas não fazem nada além de sugerir que o apaziguamento é a única alternativa à guerra, deveriam ler esta lista:
Pôr em prática as sanções da ONU, inspecionando toda embarcação que tivesse como destino um porto iraniano, para garantir que nenhuma transportasse material proibido. Exceto por aquelas embarcações que se saiba transportarem apenas alimento e medicamentos, cada navio deveria ser submetido a uma inspeção minuciosa.
Estabelecer um Fundo de Assistência ao Irã, a partir dos ativos iranianos congelados no exterior, bem como através de contribuições de indivíduos e organizações amantes da paz, de modo a dar assistência às famílias iranianas durante a privação que as sanções possam criar.
Persuadir Arábia Saudita, Kuwait, Iraque e outros produtores de petróleo do Golfo Pérsico a aumentar significativamente a sua produção e reduzir o preço drasticamente. É isto que precisa ser feito para ajudar a impedir a emergência de um Irã clerical com poder nuclear e inclinado a domina a região.
Obter ordens judiciais para congelar os ativos de líderes iranianos no exterior, uma vez que tais fundos foram gerados de maneira claramente irregular e de direito, pertencem à nação.
Fechar ou restringir severamente os negócios dos mulás em Dubai e em outros estados do Golfo Pérsico.
Reduzir o pessoal ou fechar completamente as missões diplomáticas iranianas.
Restringir severamente as viagens ao exterior de funcionários e cientistas nucleares iranianos. Chamar de volta os embaixadores ocidentais no Irã.
Negar a autorização de operação para as companhias aéreas iranianas e encorajar as outras companhias a cessar os vôos para o Irã. Providenciar vôos que sirvam a emergências médicas e a outras necessidades de saúde do povo iraniano.
Mover ações judiciais contra os líderes da República Islâmica pela impiedosa e continuada violação da Declaração Universal dos Direitos Humanos; por seus crimes contra a humanidade, ação genocida contra grupos religioso e políticos; pelo apoio ao terrorismo internacional; pela demolição de lugares religiosos e cemitérios; por estupro, tortura e execução sumária de prisioneiros de consciência; pela falsificação de documentos, por atos de chantagem, fraude e muito mais.
Declarar como ilegítimo o regime clerical e tratá-lo como tal.Interromper ou diminuir a importação de refinados de petróleo do Irã.
Fechar os websites da República Islâmica e bloquear suas transmissões de televisão e rádio.
Localizar e confiscar as organizações de fachada do regime, tal como a Alavi Foundation, na cidade de Nova York.
Identificar os agentes da República Islâmica e processá-los como promotores do terrorismo internacional.
Investigar indivíduos e organizações que façam lobby ou sirvam de fachada para a República Islâmica
Tomar todas as medidas necessárias para cessar os investimentos no Irã. Persuadir os bancos a absterem-se de negociar e de emitir cartas de crédito em favor do Irã.
Pressionar as empresas para que não mais negociem com o Irã. Pressionar governos para que interrompam negociações com o Irã. Advertir países tais como a China e a Rússia para que não driblem a resolução da ONU, engajando-se em aventureirismo comercial.
Se os Estados Unidos, Grã-Bretanha e Europa fossem sérios quanto a tentar impedir que o regime iraniano obtenha a boba nuclear, é precisamente isso que deveriam estar fazendo há tempos. O fato de não terem feito mostra que não estão minimamente empenhados em impedir que isso aconteça. Logo, quem é que pode ficar surpreso que o Ocidente tenha abandonado o povo iraniano em sua luta contra a tirania?
As pessoas dizem que o desmoronamento da União Soviética não é algo comparável por que a situação no mundo muçulmano é bastante diferente. De fato é. Mas certas coisas não são tão diferentes - na verdade, são constantes em todo o mundo. Uma delas é o fato de que o desejo por liberdade é um dado humano irrefreável. Outra é o fato de que o apaziguamento de uma tirania sempre leva a algo pior; e que, se aqueles que lutam pela liberdade forem adequadamente apoiados, suas chances de vitória serão muito melhores.
Tal como escreveu o ex-primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar:
Se não tivessem existido dissidentes na União Soviética, o regime comunista jamais teria ruído. E se o Ocidente não estivesse preocupado com seu destino, os líderes soviéticos teriam se livrado deles impiedosamente. Não o fizeram porque o Kremlin temia a resposta do Mundo Livre. Exatamente como os dissidentes soviéticos que resistiram ao comunismo, aqueles que ousaram marchar pelas ruas de Teerã e enfrentar o regime islâmico fundado pelo aiatolá Khomeini trinta anos atrás, representam a maior esperança de mudança num país construído com base na repressão de seu povo.
... Não é hora de hesitação por parte do Ocidente. Se, como parte de uma tentativa de chegar a um acordo quanto ao programa nuclear iraniano, os líderes das nações democráticas virarem as costas para os dissidentes, estarão cometendo um erro terrível. O Presidente Obama disse que se recusa a se "imiscuir"nos assuntos internos do Irã, mas esta é uma desculpa ruim para a passividade. Se a comunidade internacional não é capaz de parar, ou pelo menos de estabelecer limites à violência repressora do regime islâmico, os protestantes acabarão tal como tantos outros no passado - no exílio, na prisão ou no cemitério. E com eles, toda esperança de mudança terá ido também.
Estamos diante de uma das maiores explosões de desejo por liberdade de um povo sujeito à tirania, e tudo que o Ocidente fez foi sentar-se sobre as mãos enquanto flertava com os opressores.
[*] NT: Adaptação do neologismo usado pela colunista, imamate, que significa um governo de imames, de líderes religiosos islâmicos. Via Jornal do Comércio
Tradução: Henrique Paul Dmyterko
Publicado originalmente no Spectator.co.uk/melaniephillips
Bem, tanto quanto posso ver, não acabou. Sim, houve uma repressão muito forte e as enormes manifestações públicas cessaram. Mas a agitação está longe de ter acabado. Os protestos se mantêm e continuam a ser reprimidos com brutalidade, tal como mostram essas fotos tiradas há dois dias. Centenas de pessoas foram mortas ou levadas à prisão. Veja mais aqui e aqui, por exemplo.
Tal como eu disse repetidas vezes, há duas rebeliões acontecendo. Uma é a de Mousavi e o desafio interno ao regime entre o clero, que permanece comprometido com a Revolução Islâmica, mas difere acerca de detalhes; e então, há o povo levando cacetadas nas ruas, que deseja liberdade e democracia. Apoiá-lo, certamente não é uma questão que exija muito raciocínio. Seu esforço pela liberdade poderia funcionar - e nesse caso o Irã deixaria de ser uma ameaça mortal para o mundo. Se não funcionar, o mundo não ficaria pior.
A crença de que apoiar o povo iraniano exacerbaria os atuais problemas com o Irã não faz nenhum sentido. Quem nos odiaria por isso? O regime iraniano? Esse não poderia nos odiar mais do que já odeia. Os governos ocidentais temem que, se apoiassem os protestantes, o regime iraniano diria que os protestos estavam sendo orquestrados pelo Ocidente. Ora, mas é precisamente isso o que o regime iraniano vem alegando desde o início. E afinal, quem é que os temerosos líderes ocidentais acham que poderiam ser incitados por tais alegações? Aqueles que apóiam o regime já são impelidos por insanas teorias da conspiração acerca da influência ocidental; e aqueles que não acreditam nessas teorias são os protestantes, exatamente as últimas pessoas a serem levadas por tal absurdo.
E então, há o argumento de que o apoio é sem sentido, uma vez que o regime venceu. Aqueles que conhecem o Irã dizem que isso está longe de ser o caso. Há agora uma luta pelo poder entre os aiatolás e não está nada claro como ela terminará. De acordo com Amir Taheri no Times, esta luta tem dois resultados possíveis: um fim à encenação de democracia, com o regime teocrático fixando-se numa espécie de ‘imamato' [*]; ou, no sentido inverso, um fim à teocracia e a sua substituição por uma democracia verdadeira. Taheri também sugere que em resultado dos protestos continuados, até mesmo o temido aparato de segurança pode estar começando a se estilhaçar:
O regime deslocou cem mil homens da força paramilitar Basij para controlar Teerã e outras oito cidades importantes. Mas uma escalada como essa não pode ser mantida. Há o risco de os paramilitares se colocarem ao lado dos protestantes. Hussein Taleb, o comandante-em-chefe da Basij, disse ontem que "um grande número de indivíduos trajados como membros da Basij foram presos depois de tomar parte em marchas de protesto". A força Basij é preponderantemente composta de adolescentes vindos das províncias, o que os torna vulneráveis à ‘sedução': as pessoas os convidam às suas casas, dão-lhes comida e refrigerantes e pedem-lhes que mudem de lado. ‘Expostos a esse tipo de lavagem cerebral, alguns podem sucumbir à tentação', admite Taleb.
Se a Basij se desintegrar, o regime pode ver-se forçado a usar o seu maior trunfo: o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica. Todavia, o CGRI também está dividido, com uma porção não conhecida de membros simpáticos à oposição. Ainda pior, do ponto de vista do regime, é que uma vez solto nas ruas, o CGRI pode ficar tentado a tomar o poder para si mesmo, em vez de proteger os mulás. A julgar pelas esporádicas, mas continuadas demonstrações e coros de "Morte ao ditador!"ouvidos dos topos dos telhados, o gênio parece sem desejo de voltar à garrafa.
Desesperado diante da recusa ocidental em dar apoio à liberdade contra a tirania no Irã, o escritor iraniano Amil Imani lançou agora uma petição. Lendo-a, eu fiquei impressionada com a lista de ações que Imani deseja que o Ocidente tome contra o regime. Aqueles que apenas se preocupam, mas não fazem nada além de sugerir que o apaziguamento é a única alternativa à guerra, deveriam ler esta lista:
Pôr em prática as sanções da ONU, inspecionando toda embarcação que tivesse como destino um porto iraniano, para garantir que nenhuma transportasse material proibido. Exceto por aquelas embarcações que se saiba transportarem apenas alimento e medicamentos, cada navio deveria ser submetido a uma inspeção minuciosa.
Estabelecer um Fundo de Assistência ao Irã, a partir dos ativos iranianos congelados no exterior, bem como através de contribuições de indivíduos e organizações amantes da paz, de modo a dar assistência às famílias iranianas durante a privação que as sanções possam criar.
Persuadir Arábia Saudita, Kuwait, Iraque e outros produtores de petróleo do Golfo Pérsico a aumentar significativamente a sua produção e reduzir o preço drasticamente. É isto que precisa ser feito para ajudar a impedir a emergência de um Irã clerical com poder nuclear e inclinado a domina a região.
Obter ordens judiciais para congelar os ativos de líderes iranianos no exterior, uma vez que tais fundos foram gerados de maneira claramente irregular e de direito, pertencem à nação.
Fechar ou restringir severamente os negócios dos mulás em Dubai e em outros estados do Golfo Pérsico.
Reduzir o pessoal ou fechar completamente as missões diplomáticas iranianas.
Restringir severamente as viagens ao exterior de funcionários e cientistas nucleares iranianos. Chamar de volta os embaixadores ocidentais no Irã.
Negar a autorização de operação para as companhias aéreas iranianas e encorajar as outras companhias a cessar os vôos para o Irã. Providenciar vôos que sirvam a emergências médicas e a outras necessidades de saúde do povo iraniano.
Mover ações judiciais contra os líderes da República Islâmica pela impiedosa e continuada violação da Declaração Universal dos Direitos Humanos; por seus crimes contra a humanidade, ação genocida contra grupos religioso e políticos; pelo apoio ao terrorismo internacional; pela demolição de lugares religiosos e cemitérios; por estupro, tortura e execução sumária de prisioneiros de consciência; pela falsificação de documentos, por atos de chantagem, fraude e muito mais.
Declarar como ilegítimo o regime clerical e tratá-lo como tal.Interromper ou diminuir a importação de refinados de petróleo do Irã.
Fechar os websites da República Islâmica e bloquear suas transmissões de televisão e rádio.
Localizar e confiscar as organizações de fachada do regime, tal como a Alavi Foundation, na cidade de Nova York.
Identificar os agentes da República Islâmica e processá-los como promotores do terrorismo internacional.
Investigar indivíduos e organizações que façam lobby ou sirvam de fachada para a República Islâmica
Tomar todas as medidas necessárias para cessar os investimentos no Irã. Persuadir os bancos a absterem-se de negociar e de emitir cartas de crédito em favor do Irã.
Pressionar as empresas para que não mais negociem com o Irã. Pressionar governos para que interrompam negociações com o Irã. Advertir países tais como a China e a Rússia para que não driblem a resolução da ONU, engajando-se em aventureirismo comercial.
Se os Estados Unidos, Grã-Bretanha e Europa fossem sérios quanto a tentar impedir que o regime iraniano obtenha a boba nuclear, é precisamente isso que deveriam estar fazendo há tempos. O fato de não terem feito mostra que não estão minimamente empenhados em impedir que isso aconteça. Logo, quem é que pode ficar surpreso que o Ocidente tenha abandonado o povo iraniano em sua luta contra a tirania?
As pessoas dizem que o desmoronamento da União Soviética não é algo comparável por que a situação no mundo muçulmano é bastante diferente. De fato é. Mas certas coisas não são tão diferentes - na verdade, são constantes em todo o mundo. Uma delas é o fato de que o desejo por liberdade é um dado humano irrefreável. Outra é o fato de que o apaziguamento de uma tirania sempre leva a algo pior; e que, se aqueles que lutam pela liberdade forem adequadamente apoiados, suas chances de vitória serão muito melhores.
Tal como escreveu o ex-primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar:
Se não tivessem existido dissidentes na União Soviética, o regime comunista jamais teria ruído. E se o Ocidente não estivesse preocupado com seu destino, os líderes soviéticos teriam se livrado deles impiedosamente. Não o fizeram porque o Kremlin temia a resposta do Mundo Livre. Exatamente como os dissidentes soviéticos que resistiram ao comunismo, aqueles que ousaram marchar pelas ruas de Teerã e enfrentar o regime islâmico fundado pelo aiatolá Khomeini trinta anos atrás, representam a maior esperança de mudança num país construído com base na repressão de seu povo.
... Não é hora de hesitação por parte do Ocidente. Se, como parte de uma tentativa de chegar a um acordo quanto ao programa nuclear iraniano, os líderes das nações democráticas virarem as costas para os dissidentes, estarão cometendo um erro terrível. O Presidente Obama disse que se recusa a se "imiscuir"nos assuntos internos do Irã, mas esta é uma desculpa ruim para a passividade. Se a comunidade internacional não é capaz de parar, ou pelo menos de estabelecer limites à violência repressora do regime islâmico, os protestantes acabarão tal como tantos outros no passado - no exílio, na prisão ou no cemitério. E com eles, toda esperança de mudança terá ido também.
Estamos diante de uma das maiores explosões de desejo por liberdade de um povo sujeito à tirania, e tudo que o Ocidente fez foi sentar-se sobre as mãos enquanto flertava com os opressores.
[*] NT: Adaptação do neologismo usado pela colunista, imamate, que significa um governo de imames, de líderes religiosos islâmicos. Via Jornal do Comércio
Tradução: Henrique Paul Dmyterko
Publicado originalmente no Spectator.co.uk/melaniephillips
Nenhum comentário:
Postar um comentário