JK não merece

“Não era habitual neste país os presidentes percorrerem o Brasil. Além do Collor, que é de Alagoas,o único presidente a vir aqui foi Juscelino Kubitschek”.

Lula, ainda no improviso de Palmeira dos Índios, sugerindo que hoje se compara também a Fernando Collor depois de passar alguns anos se comparando a JK, que jamais se compararia a qualquer um dos dois. Por Augusto Nunes


COMENTÁRIO
Também nunca foi habitual um presidente que desrespeitasse tão acintosamente as leis, fazendo propaganda eleitoral antecipada, inaugurando pedras ornamentais, placas, obras inacabadas ou sob suspeição; nunca foi habitual um presidente “governar” de cima de um palanque, ou ficar mandando recados de fora do país através da imprensa.

O ex-presidente Juscelino Kubistschek trabalhou de fato, e realizou obras importantes em seu governo. Jamais ele precisou babar mentiras em cima do povo, e  se comparar à figuras ilustres.

Não se compare a ninguém, Lula da Silva. Seu estilo é singular, assim como suas escolhas. Sabemos que, se apresentar ao lado de um Renan ou de Collor não lhe tira nada, porque o senhor não pode perder aquilo que não tem; tampouco perdem os citados pelo mesmo motivo.

Porém, façamos jus à figura de Kubistschek, que não merece perder o brilho ao ter seu nome pronunciado pela canalha no palanque dos fora da lei. Por Gabriela/Arthur



A ANGUSTIA DE UM PREFEITO
O que diria Graciliano Ramos ao ver Lula e Collor sorrindo abraçados em Palmeira dos Índios? E ao ouvir o presidente dizer que não se pode governar por compadrio? O autor de Vidas Secas foi prefeito da mesma cidade alagoana durante dois anos, 1928 e 1929, e sobre esse período escreveu relatórios administrativos que, por seu artesanato verbal, dispensam qualquer modorra de burocracia. Já reunidos em livro, são parte integrante de sua grande obra.

Um deles dizia: "Dos funcionários que encontrei em janeiro do ano passado restaram poucos: saíram os que faziam política e os que não faziam coisa nenhuma. Os atuais não se metem onde não são necessários, cumprem com suas obrigações e, sobretudo, não se enganam nas contas. Devo muito a eles." E: "Não favoreci ninguém. Devo ter cometido numerosos disparates. Todos os meus erros, porém, foram da inteligência, que é fraca. Perdi vários amigos, ou indivíduos que possam ter semelhante nome. Não me fizeram falta."

O discurso é parecido, embora muito mais mal escrito, mas a diferença está na ação. Collor, afinal, é agora um nome-chave de Lula na CPI da Petrobrás, como Sarney tem sido fundamental para o acordo entre PT e PMDB para o apoio a Dilma Rousseff. Ambos representam a oligarquia que impera na máquina pública em todos os níveis e que Graciliano criticou nos relatórios e em obras como São Bernardo. Ele certamente não aprovaria o compadrio com esses dois poderosos clãs regionais.

Ao ser informado dos atos secretos do Senado, talvez repetisse: "Há quem não compreenda que um ato administrativo seja isento de lucro pessoal." Não compreenderia os cargos distribuídos a genros, mordomos, motoristas, netos; as verbas desviadas para uma fundação cujo estatuto contradiz a autoridade; os enganos nas próprias contas. Compreenderia menos ainda a complacência a tais práticas sob alegação de que são feitas por homens incomuns, acima do bem, do mal e das leis.

Graciliano não era de mensalões, de jardins, de Delúbios e PC Farias; era o contrário disso tudo. Foi prefeito tão correto que se viu obrigado a renunciar. Melhor para a literatura, que ganhou romances como Angústia. Pior para a política, cujas cenas não provocam outro efeito senão o que descreve a mesma palavra. Por Daniel Piza- O Estado de São Paulo

Um comentário:

Anônimo disse...

Abraço nojento!
O beiço canalha de Collor, quase beijando Fernandinho Beira Mar da Silva, vulgo Lula da Silva.