SÓCIOS NA CRISE
O projeto de aliança com o PMDB, para sustentar a candidatura de Dilma Rousseff em 2010, é defendido com tanto vigor pelo presidente Lula que não se deve esperar qualquer recuo por parte dele. Mesmo que a crise no Senado se agrave, fragilize ainda mais a posição do presidente da Casa e continue a vulnerabilizar o PT diante dos adversários na urnas do ano que vem.
O Palácio ficou prisioneiro da tese farsesca da “governabilidade”, elaborada pelo presidente para justificar perante a bancada de senadores do PT, colocados em apertada saia justa, a defesa intransigente da permanência de Sarney à frente da Casa.
Todos sabem que a “governabilidade” em risco, caso caciques peemedebistas se bandeiem para longe de Dilma em 2010, em solidariedade a José Sarney, não é a do país, mas a dos projetos político-eleitorais do Palácio.
Enquanto os senadores petistas buscam uma inexistente saída honrosa para a contradição insolúvel entre manter o discurso do pedido de licença de Sarney, para facilitar as investigações dos desmandos administrativos no Senado, e ao mesmo tempo cumprir a ordem de Lula para defender o político maranhense, o noticiário de denúncias continua a conspirar contra essas estratégias evasivas.
Sarney foi personagem de destaque quando se revelou o emaranhado — sem trocadilho — de nomeações de parentes e agregados de senadores na hiperinchada máquina administrativa do Senado (deve sempre ser lembrado: 10 mil funcionários para 81 parlamentares). A descoberta das trapaças mafiosas do diretor-geral Agaciel Maia e asseclas também desgastou o senador, pois foi ele que nomeou Maia em 1995.
Atingiram de forma direta o ex-presidente da República reportagens de “ O Estado de S. Paulo” e “Folha de S. Paulo” sobre indícios de desvios de dinheiro da Petrobras liberado para a Fundação José Sarney e o fato, este não negado, de que, em 95, a advocacia da Casa foi acionada para defender um interesse privado do senador, a manutenção da sede de sua fundação. Reforça-se, então, a proposta do pedido de licença de José Sarney —, para o bem de todos, inclusive do senador, tolhido no cargo para poder se defender das acusações.
Como se atou ao destino de Sarney, o Palácio também paga um preço. Terá, por exemplo, de digerir a instalação da CPI da Petrobras — mas manietada —, permitida por um Sarney enfraquecido pelo caso do suposto desvio do dinheiro da estatal para empresas fantasmas e da família. Já ocorreu no passado agonia semelhante, em que o presidente do Senado tentou em vão converter a poltrona da presidência em trincheira. Só que desta vez, mais do que nas anteriores, ele divide razoável parte do ônus da crise com o Planalto. Editorial – O Globo
O projeto de aliança com o PMDB, para sustentar a candidatura de Dilma Rousseff em 2010, é defendido com tanto vigor pelo presidente Lula que não se deve esperar qualquer recuo por parte dele. Mesmo que a crise no Senado se agrave, fragilize ainda mais a posição do presidente da Casa e continue a vulnerabilizar o PT diante dos adversários na urnas do ano que vem.
O Palácio ficou prisioneiro da tese farsesca da “governabilidade”, elaborada pelo presidente para justificar perante a bancada de senadores do PT, colocados em apertada saia justa, a defesa intransigente da permanência de Sarney à frente da Casa.
Todos sabem que a “governabilidade” em risco, caso caciques peemedebistas se bandeiem para longe de Dilma em 2010, em solidariedade a José Sarney, não é a do país, mas a dos projetos político-eleitorais do Palácio.
Enquanto os senadores petistas buscam uma inexistente saída honrosa para a contradição insolúvel entre manter o discurso do pedido de licença de Sarney, para facilitar as investigações dos desmandos administrativos no Senado, e ao mesmo tempo cumprir a ordem de Lula para defender o político maranhense, o noticiário de denúncias continua a conspirar contra essas estratégias evasivas.
Sarney foi personagem de destaque quando se revelou o emaranhado — sem trocadilho — de nomeações de parentes e agregados de senadores na hiperinchada máquina administrativa do Senado (deve sempre ser lembrado: 10 mil funcionários para 81 parlamentares). A descoberta das trapaças mafiosas do diretor-geral Agaciel Maia e asseclas também desgastou o senador, pois foi ele que nomeou Maia em 1995.
Atingiram de forma direta o ex-presidente da República reportagens de “ O Estado de S. Paulo” e “Folha de S. Paulo” sobre indícios de desvios de dinheiro da Petrobras liberado para a Fundação José Sarney e o fato, este não negado, de que, em 95, a advocacia da Casa foi acionada para defender um interesse privado do senador, a manutenção da sede de sua fundação. Reforça-se, então, a proposta do pedido de licença de José Sarney —, para o bem de todos, inclusive do senador, tolhido no cargo para poder se defender das acusações.
Como se atou ao destino de Sarney, o Palácio também paga um preço. Terá, por exemplo, de digerir a instalação da CPI da Petrobras — mas manietada —, permitida por um Sarney enfraquecido pelo caso do suposto desvio do dinheiro da estatal para empresas fantasmas e da família. Já ocorreu no passado agonia semelhante, em que o presidente do Senado tentou em vão converter a poltrona da presidência em trincheira. Só que desta vez, mais do que nas anteriores, ele divide razoável parte do ônus da crise com o Planalto. Editorial – O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário