ONGs da família Sarney recebem R$ 3 milhões

QUESTA FAMIGLIA È “COSA NOSTRA”

Duas instituições da família Sarney obtiveram, desde 2003, pelo menos R$ 3 milhões de patrocínio de empresas estatais federais. O Instituto Mirante, criado em julho de 2004 e que tem como sede o endereço onde funciona o jornal da família, em São Luís, ganhou, R$ 400 mil só do sistema Eletrobrás, controlado politicamente pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Já a Associação dos Amigos do Bom Menino das Mercês, cujo presidente de honra é Sarney, levou R$ 660 mil da Eletrobrás, R$ 1,070 milhão da Caixa Econômica Federal (CEF), R$ 520 mil do Banco do Brasil, R$ 180 mil dos Correios e R$ 150 mil do Ministério do Turismo.

A família Sarney tem outra ONG: o Instituto Geia, controlado por Jorge Murad, marido da governadora do Maranhão, Roseana Sarney. O instituto foi criado em 2000. Entre os membros do conselho fiscal do Geia está Severino Francisco Cabral. Ele ficou conhecido em 2002, com o escândalo da empresa Lunus, de Roseana e Murad, na qual a Polícia Federal apreendeu R$ 1,34 milhão em dinheiro vivo. Por Chico de Góis

Severino era sócio da Lunus
O Geia foi autorizado em 2003 a captar R$ 300 mil, com base na Lei Rouanet, para edição de um livro de fotografias sobre a diversidade cultural do Maranhão.

Captou R$ 150 mil. Em 2005, obteve autorização para mais R$ 662 mil, para documentar a “diversidade ambiental, econômica e cultural associada aos rios Itapacuru, Mearim, Zutiua, Munim e Preguiça”. A ideia era produzir três mil exemplares do livro e mil DVDs. Em dezembro de 2007, o projeto foi arquivado, sem a liberação do dinheiro. Este ano, o instituto pediu R$ 87 mil no Banco do Nordeste para um festival de poesia, em agosto.

O pedido foi pré-aprovado, mas o valor não está definido. Das três ONGs ligadas aos Sarney, a Amigos do Bom Menino das Mercês é a que mais recebe recursos públicos. A maior realização da ONG é uma festa junina, para a qual contribuíram CEF, BB e Ministério do Turismo.

Os patrocinadores argumentam que têm interesse em divulgar suas marcas.

Filho de Sarney assina um dos contratos com Eletrobrás A Eletrobrás deu ao Mirante R$ 150 mil para que promovesse o Projeto Camões — Núcleo de Produção de Vídeo. O signatário do contrato foi Fernando Sarney, filho do senador. Também contribuiu com R$ 100 mil para o Baile do Fofão, outros R$ 100 mil para o Brilha São João 2006 e R$ 50 mil, em 2004, para o projeto Um Olhar sobre os Mirantes.

O Mirante se credenciou, em 2006, para captar verbas baseado na Lei Rouanet. O Ministério da Cultura autorizou a captação de R$ 4,3 milhões para realização de um festival de músicas e a gravação de CD, mas a ONG só teria obtido R$ 150 mil.

Embora funcione no mesmo local do jornal “O Estado do Maranhão”, o Mirante não tem telefone próprio. O GLOBO entrou em contato com a entidade. A pessoa que responderia pelo instituto, Dulce Brito, gerente de relações institucionais do Sistema Mirante (que engloba a TV, rádio e internet da família), não estava. O diretor de marketing, Laércio Souza, não soube dizer, por exemplo, o que foi o Projeto Camões, que obteve R$ 150 mil da Eletrobrás. Disse que o instituto, presidido por Teresa Murad, mulher de Fernando Sarney, se dedica a “projetos culturais”.

Duas instituições da família Sarney obtiveram, desde 2003, pelo menos R$ 3 milhões de patrocínio de empresas estatais federais. O Instituto Mirante, criado em julho de 2004 e que tem como sede o endereço onde funciona o jornal da família, em São Luís, ganhou, R$ 400 mil só do sistema Eletrobrás, controlado politicamente pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Já a Associação dos Amigos do Bom Menino das Mercês, cujo presidente de honra é Sarney, levou R$ 660 mil da Eletrobrás, R$ 1,070 milhão da Caixa Econômica Federal (CEF), R$ 520 mil do Banco do Brasil, R$ 180 mil dos Correios e R$ 150 mil do Ministério do Turismo.

A família Sarney tem outra ONG: o Instituto Geia, controlado por Jorge Murad, marido da governadora do Maranhão, Roseana Sarney. O instituto foi criado em 2000. Entre os membros do conselho fiscal do Geia está Severino Francisco Cabral. Ele ficou conhecido em 2002, com o escândalo da empresa Lunus, de Roseana e Murad, na qual a Polícia Federal apreendeu R$ 1,34 milhão em dinheiro vivo.

A Eletrobrás informou, por meio de sua assessoria, que a escolha dos projetos patrocinados é feita por um comitê. No fim de 2008, porém, mudou-se o sistema: há um edital público para os interessados em verbas. Uma comissão faz as escolhas. O Globo



FUNDAÇÃO SARNEY REPASSA VERBA A SEU DIRETOR
Entidade do Maranhão transferiu recursos obtidos com patrocínio da Petrobras para empresa de um de seus próprios dirigentes. A SGC Leite & Cia recebeu da fundação R$ 6.500 em 2007 para ministrar curso para capacitar 13 funcionários a preencher fichas de museu

A Fundação José Sarney repassou recursos de patrocínio cultural provenientes da Petrobras para a empresa de um dos diretores da própria entidade, revelam documentos obtidos pela Folha.

Bancada pela estatal para fazer a preservação do acervo da época em que o senador José Sarney (PMDB-AP) era presidente da República, a fundação terceirizou parte do serviço a Sidney Gonçalves Costa Leite, diretor do Núcleo de Processamento de Dados da instituição, pelo menos em uma ocasião.
Em novembro de 2007 a SGC Leite & Cia, empresa que tem as iniciais de seu dono, recebeu da fundação R$ 6.500 para ministrar curso de capacitação de funcionários.

Leite admitiu ter sido contratado. Disse que ensinou 13 pessoas a preencher corretamente no computador fichas com dados sobre as peças do museu da fundação: "Fui contratado em uma emergência, pois eu conhecia o sistema [de computação] disponível".

Mas não considera sua contratação irregular ou imoral. Afirmou ainda que foi contratado outras vezes pela fundação, antes de fazer parte da diretoria, mas não deu detalhes.

A Petrobrás repassou R$ 1,3 milhão à Fundação José Sarney via Lei Rouanet, que dá incentivos fiscais a quem investe em projetos culturais. Há a suspeita de que parte destes recursos tenha sido desviada. O caso da SGC mostra agora que a fundação -uma instituição privada- beneficiou um de seus próprios integrantes.

Se os serviços para os quais a empresa foi contratada não tiverem sido prestados, isto pode caracterizar a prática do crime de emprego ilegal de verba pública, segundo criminalistas.

Caberá ao Ministério da Cultura, fiscalizador da Lei Rouanet, checar a prestação de contas. De acordo com as informações prestadas pela SGC à Receita Federal, a empresa não está apta a ministrar cursos. A descrição de sua atividade principal é "reparação e manutenção de computadores e de equipamentos periféricos".

A empresa não tem nenhum funcionário e está registrada no mesmo endereço onde mora o seu dono, em São Luís.Sidney Gonçalves Costa Leite também é um elo de ligação da Fundação Sarney com outra entidade relacionada à família do presidente do Senado: a Abom (Associação dos Amigos do Bom Menino das Mercês). Folha de São Paulo



FERNANDO SARNEY É ACUSADO DE SUPERFATURAR OBRA DE RODOVIA
Depois de quase três anos de investigação, a Polícia Federal decidiu indiciar o empresário Fernando Macieira Sarney, um dos filhos do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), por corrupção e formação de quadrilha, entre outros crimes. Fernando Sarney e os demais integrantes do núcleo do grupo investigado pela Operação Boi Barrica deverão ser indiciados ainda esta semana. Ele é apontado como chefe de um grupo acusado de usar de forte influência política para direcionar licitações e desviar dinheiro público.

A PF e o Ministério Público Federal encontraram indicações de caixa dois nas eleições de 2006 e superfaturamento da ferrovia Norte-Sul. Na lista dos investigados que deverão ser indiciados estão ainda Ana Clara Murad Sarney, neta de Sarney, e o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, segundo informou ao GLOBO uma autoridade que acompanha o caso.

Ontem, o delegado Márcio Anselmo, presidente do inquérito, foi a São Luís para intimar, interrogar e indiciar os acusados. Para a PF, são fartos os indícios de crimes cometidos pelo grupo. Com os indiciamentos, o delegado pretende concluir quase três anos de investigação.

O indiciamento dos principais integrantes do grupo de Fernando Sarney é considerado um desfecho natural para a Operação Boi Barrica. Em setembro passado, a PF pediu a prisão do empresário e de mais 13 acusados. O pedido foi endossado pelo MPF, mas rejeitado pelo juiz do caso, Neian Milhomem da Cruz. O juiz entendeu que a PF poderia aprofundar as investigações sem a detenção do filho de Sarney. A ordem de prisão teria sido inviabilizada também pelo vazamento da informação.

Na fase preliminar das investigações, a polícia e o MP tratam da proximidade de Fernando Sarney com Astrogildo Quental, diretor-financeiro da Eletrobrás, e Ulisses Assad, diretor de engenharia da Valec, empresa vinculada ao Ministério dos Transportes, responsável pela Norte-Sul.

Segundo o MP, “o grupo criminoso, com poder de influência no resultado das licitações realizadas em sua área de atuação, bem como nas fiscalizações das obras, cooptava empresas que tinham interesse em realizar obras nesse setor”.
A partir do relatório final da PF, caberá ao MP decidir se mantém ou não as acusações contra Fernando Sarney. Por Jailton de Carvalho – O Globo

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