DEM vai pedir que procurador-geral da República investigue Dilma

Partido quer apurar se ministra intercedeu sobre Sarney na Receita. Representação será baseada em declarações da ex-secretária Lina Vieira.

O DEM anunciou nesta quarta-feira (12) que vai apresentar uma representação à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo que o procurador-geral, Roberto Gurgel, investigue a suposta interferência da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em fiscalização da Receita Federal.

A representação tem como base as declarações da ex-secretária da Receita, Lina Vieira. Em entrevistas, Lina afirmou que teve um encontro com Dilma e que a ministra teria pedido para agilizar as investigações contra Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

"Queremos apurar os fatos para verificar se a ministra Dilma não prevaricou ao tentar usar o cargo para intervir em um processo. Como todos esses fatos deixam dúvidas, decidimos pedir a investigação", explica o vice-presidente do DEM, deputado Paulo Bornhausen (SC). Por Robson Bonin

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou nesta quarta um requerimento convidando a ex-secretária a comparecer à comissão. O depoimento está previsto para a próxima terça-feira (18).

A votação foi feita em uma manobra já anunciada pela oposição. Aproveitando a presença de poucos governistas na sessão, o presidente da CCJ, Demóstenes Torres (DEM-GO) pautou o requerimento de convite.

Histórico
No domingo (9), o jornal "Folha de S.Paulo" publicou reportagem na qual Lina afirma que teve o encontro com Dilma. Esse encontro, segundo a reportagem, foi apenas entre as duas, no gabinete da ministra, no final de 2008, após determinação judicial para reforçar a fiscalização das empresas de Sarney. Lina disse que estava no processo de eleição do Senado, e que entendeu que era para encerrar a fiscalização. "Acho que não queriam problema com Sarney", disse ao jornal.

A ex-secretária disse, na terça-feira (11), que houve testemunhas do encontro. “O encontro efetivamente aconteceu, tem o pessoal da Receita, o motorista que me levou, do prédio do Palácio do Planalto, tem a minha chefe de gabinete, a própria chefe de gabinete da ministra esteve na minha sala para agendar essa reunião com a ministra, então, os fatos existem, efetivamente aconteceu e eu não vejo nada demais nessa conversa que a ministra teve.”

Dilma destacou que não havia provas da reunião. “A gente não afirma, a gente prova, então, as agendas são oficiais. (...) Havia uma agenda que tava na mala. Estranho que as agendas, elas estão geralmente nos meios normais, eletrônicos. E agora não tem agenda nenhuma. Não tá na mala. A agenda, ela não existiu, ela é sigilosa.”
Portal G1

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