A diplomacia Obama-Clinton e o uso do poder

Todo Estado, independentemente de seu tamanho, tem interesses a defender no cenário internacional. Para ele os Estados, particularmente as grandes potências, devem utilizar eficientemente o poder, com capacidade de influenciar outros em consonância com as metas e interesses próprios. O poder não implica necessariamente no uso da força (último recurso). Este pode ser exercido pela liderança moral, econômica, política ou ideológica-cultural. Seu uso efetivo requer reconhecer seus limites, aproveitar oportunidades, identificar e valorizar os amigos, obter aliados, e interconectar (no possível) os interesses próprios com os de outros atores internacionais.

O presidente Obama herdou imensos caminhos internos e externos que requerem o uso sábio do poder. Ainda que a Iberoamérica não seja a área de maior importância para os Estados Unidos, sua relevância é evidente e neste hemisfério a administração de Obama tem mostrado deficiências ao usar o poder, na acepção indicada. Por Álvaro Taboada Terán

Estados Unidos atualmente não encabeça a política intra-hemisférica: Se adere às decisões de outros, sem que importe sua justiça, e tampouco sua conveniência. A atual diplomacia norteamericana não mostra sensatez nem vigor, nem para defender seus próprios interesses nacionais. Atua como Estado de segundo nível. Tal inaptidão poderia acarrear alguns efeitos interessantes tais como facilitar a futura hegemonia brasileira. Menos atrativo poderia ser o hipotético cenário da hegemonia de poderes emergentes extracontinentais, dada a debilidade econômica e político-militar iberoamericana no contexto mundial.

Os efeitos imediatos da diplomacia hemisférica obama-clintoniana estimulam (por incompetência) os inimigos irredutíveis dos Estados Unidos, alguns dos quais, ademais, opressores de seus próprios povos. Este último é, naturalmente, o principal interesse dos povos afetados pelo “socialismo” do século 21. Neste contexto histórico existe uma legítima convergência de um conjunto de interesses entre Estados Unidos e os povos que tentam reabrir os espaços democráticos internos e na cooperação intra-hemisférica respeitosa.

Mas ¿e o que fez o departamento de Estado da nova “era Obama”? Primeiro, abriu unilateralmente os braços à dinossáurica dinastia castrista. Entre outras concessões permitirá que qualquer retirado cubano-americano viva em Cuba, gastando lá recursos federais. Em troca, o castrismo não fez nenhuma concessão democrática, nem de Direitos Humanos.

Estados Unidos concluiu recentemente um acordo para estabelecer bases antinarcóticas na Colômbia, ante a necessidade hemisférica de combater o poderoso narcoterrorismo internacional. (O Governo colombiano tem demonstrado o fidedigno apoio ao narcoterrorismo pelos governantes da Venezuela e Equador). Sem embargo, o departamento de Estado nem sequer se propôs a enviar algum delegado à reunião do Conasur, onde a Colômbia ficou sozinha, sob o assédio do chavismo e seus aliados, opostos ao citado acordo, legítimo à luz do Direito Internacional. Finalmente triunfou a postura colombiana de não permitir que alguns cúmplices do narcoterrorismo sentassem este país no banco dos acusados. Porém foi uma tarefa titânica e quase solitária.

Aclaremos que a diplomacia hemisférica obama-clintoniana tem cultivado pérolas maiores ainda. Seu maior logro, até o momento, são as sanções infligidas ao Governo e povo de Honduras pelo “delito” de destituir constitucionalmente o ex-presidente Zelaya. Este (inocente o pobrezinho) nada mais violou que os artigos constitucionais que o sancionavam com a imediata perda do cargo, depois de ter atropelado a Constituição e todos os outros Poderes do Estado, legalmente constituídos. (Legislativo, Judicial, Eleitoral). Zelaya sonhava instaurar em Honduras um regime “revolucionário” chavo-albista.

A hostilidade gratuita anti hondurenha (suspensão de ajuda e das visas dos funcionários e do povo em geral) não para aqui: o departamento de Estado declarou que não reconhecerá as eleições gerais de novembro próximo. Segue assim a linha ditada por Chávez, obedecida pelo inefável Insulza e outros.

Resulta difícil entender esta mega estupidez: As eleições estavam previstas antes da legítima remoção de Zelaya; na campanha eleitoral estão participando livremente os partidos políticos, incluído o de Zelaya (o Liberal, que apoiou sua remoção); as eleições estão sendo organizadas e conduzidas pelo Tribunal Eleitoral, legitimamente constituído e aberto à observação internacional. Ademais (ainda que este não seja o caso hondurenho) ¿como recuperaram a democracia os países iberoamericanos que sofreram ditaduras? ¿Não tem sido, em múltiplas ocasiões, por eleições convocadas por regimes de fato que querem ou têm que fechar o capítulo?

A política exterior Obama-Clinton, no caso hondurenho, ofende a um Governo e povo que é seu amigo, e que atua galhardamente defendendo sua própria liberdade. Por outro lado, essa diplomacia tenta (com seus dislates) comprazer inutilmente aos que são e serão irrevogáveis e raivosos inimigos da democracia (dentro de seus países) e dos Estados Unidos na arena exterior.

Tudo isto é uma lição de como o afrouxamento, a deslealdade e o uso inepto do poder na política internacional podem provocar danos incalculáveis aos próprios e aos vizinhos. Fonte
Prensa ni

Álvaro Taboada Terán é Doutor (PhD) em Estudos Internacionais - Tradução de Arthur Mc para os leitores do MOVCC



DETIDOS OS DONOS DO JORNAL INDEPENDENTE “CANDONGA”
Além de o castrismo não fazer nenhuma concessão democrática, ao contrário, continua pisando fundo e massacrando a liberdade de seus cidadãos

A polícia cubana deteve hoje os responsáveis pelo jornal digital independente "Candonga" Yosvany Anzardo Hernández e Yony Jaime Ruiz Carballosa, em uma província de Holguín, em Cuba, segundo informaram fontes familiares.

Lourdes Yen, esposa de Anzardo, declarou a Efe que a polícia esteve hoje pela manhã em sua casa para buscar “evidências contra-revolucionarias" e fizeram um registro antes de levarem seu marido e apreenderem um fax, um celular e inúmeros livros considerados "subversivos".

Anzardo, de 35 anos, teve tempo de destruir o servidor do jornal "Candonga" antes que a polícia entrasse em sua casa, disse Yen, que contou que seu marido já havia sido preso em junho, por várias horas, no aeroporto de Holguín depois de uma viagem a Havana.

Anzardo foi anteriormente diretor da agência "Jovens sem censura", que publicava denúncias na web, mas ultimamente estava se dedicando somente ao diário digital. A esposa soube que Anzardo foi levado para as dependências policiais de Pedernales.

Com respeito a Ruiz Carballosa, Yen explicou a polícia o levou da casa de seus pais, onde reside e onde teria alojado o webmaster principal do diário "Candonga". EFE LA HABANA
abc.es – Tradução de Arthur Mc para MOVCC

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