Lula diz que não trataria a mídia como Chávez

MAS... pondera que os meios de comunicação foram duros com o presidente venezuelano. Na foto, jornalistas venezuelanos que faziam uma manifestação pacífica em Caracas, pela liberdade de expressão, sendo atacados por uma horda de chavistas. Quanto a este tipo de resposta - “macia” - que Chávez costuma dar aos que lhe contestam, Lula não tem nada a declarar. Por Arthur/Gabriela


MATÉRIA DO O GLOBO
As restrições à mídia impostas pelo Hugo Chávez foram alvo de comentários do Lula da Silva. Em entrevista anteontem à agência de notícias AFP e à TV5Monde (que a transmitirá no domingo), Lula afirmou que “não faria o que Chávez fez nos meios de comunicação”, mas também criticou a posição da imprensa do país vizinho e lembrou que ele próprio, quando entrou para a política, teve suas desavenças com a mídia.

— Eu aprendi a conviver com isso porque nasci na política brigando com as informações da imprensa — disse Lula, na entrevista. — Mas o Chávez não vem desse mundo político, o Chávez vem das Forças Armadas, a cabeça dele não é a minha cabeça.

No começo de agosto, a Assembleia Nacional da Venezuela arquivou um polêmico projeto de lei do governo sobre “delitos midiáticos”, que estabeleceria penas de até quatro anos para os infratores. O artigo número 4 do documento definia como delitos, entre outras coisas, “acusações ou omissões que afetem o direito à informação oportuna, veraz e imparcial, que atentem contra a paz social, segurança e a independência da nação, a ordem pública, a estabilidade das instituições do Estado, (...) que sejam cometidas através de um meio de comunicação social”.

Na ocasião, o assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, recém-retornado da Venezuela, negou que o governo do país cerceasse a liberdade de imprensa.

Uma reforma na Lei de Telecomunicações de 2000, também restritiva, estaria ainda nos planos da gestão de Chávez.

Lula: “eu não faria o que o Chávez fez”

Ainda no início de agosto, a Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) ordenou o fechamento de 34 emissoras de rádio, e outras 240 correriam o risco de ter as licenças de transmissão suspensas. Em seguida, um grupo de militantes chavistas invadiu o canal de TV Globovisíon e lançou granadas e bombas de gás lacrimogêneo. O governo condenou o ataque.

Lula defendeu o colega, dizendo que “há muitos anos a Venezuela não tinha um presidente que se preocupava pelo povo e pelos pobres”, mas disse que não agiria da mesma forma.

— Eu não faria o que o Chávez fez nos meios de comunicação — afirmou. E ponderou, dizendo que a mídia foi dura com o colega.

— Mas eu acho que os meios de comunicação não deveriam fazer com o Chávez o que fizeram por muito tempo — comentou. O Globo


A RESPOSTA PARA O “TRATAMENTO” QUE LULA TENTOU NOS APLICAR
Blog do Planalto "clonado" pode receber comentários

Bastaram dois dias para que os internautas driblassem a decisão do governo de não permitir comentários no Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/). Na noite de anteontem, surgiu um "clone" do blog (http://planalto.blog.br/), que reproduz os mesmos textos mas tem espaço para opiniões de usuários.

A ideia foi do consultor de internet Pedro Markun, 23, e da jornalista Daniela Silva, 23. Até ontem à noite, foram mais de 30 comentários.

Daniela define o "blog-clone" como "uma pequena provocação para discutir o papel das tecnologias no processo político". Sem filiação partidária, diz ser a favor do "governo aberto": menos relevância para partidos e mais para pessoas.

A assessoria de imprensa da Presidência da República disse que o novo site está agindo dentro das regras do Creative Commons e que a internet é "território livre". Redação da Folha