Lançada com pompa e circunstância, a nova estatal Petro-Sal virou para alguns cientistas políticos a melhor tradução do viés estatizante do governo Lula. Com a empresa, o governo acabou concedendo ao poder público um papel preferencial na atividade econômica. Se no governo Fernando Henrique, a tônica era o modelo privatizante; hoje, na opinião de especialistas, o que se observa é um fortalecimento do Estado.
Para a cientista política Lúcia Hippólito, o lançamento do marco regulatório do présal ilustra o pensamento do Planalto de que não há ninguém melhor do que o Estado para cuidar da população. Ela não vê outra razão para a criação de uma empresa pública para exercer uma função que poderia ser dada ao Ministério de Minas e Energia ou mesmo à Agência Nacional do Petróleo (ANP).
— Este viés estatizante está na cabeça de Lula, da ministra Dilma Rousseff e em todo o núcleo duro do Planalto. Não sei o porquê, mas a ministra está sempre tentando estatizar várias ações das agências — cutucou Lúcia, questionando a PetroSal, pelo fato de ela poder vir a abrir espaço para a criação de outras estatais. Por Fabiana Ribeiro e Liana Melo
Para Luiz Werneck Vianna, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), o pré-sal confirma a tradição brasileira de ter o poder público na organização da vida econômica do país.
Ele não acha, no entanto, que a criação da Petro-Sal esvaziará o setor privado. O mesmo pensamento é compartilhado por Murilo Aragão, também cientista político, que acredita que o pré-sal, recuperou a expressão “o petróleo é nosso”.
Já o consultor Rafael Cortez, da Tendências, confessa preocupação, sobretudo depois de tomar conhecimento da decisão do governo de transferir 5 bilhões de barris da Petro-Sal para a Petrobras.
A decisão, diz ele, vai criar uma “certa aberração”, já que vai acabar promovendo uma mistura entre recursos públicos e uma empresa, que opera no mercado com sócios privados: — Temo pelo uso político do pré-sal, já que tudo indica que o governo vai capitalizar o fato de ter conseguido neutralizar os impactos da crise global mais rápido do que em outros países.O Globo
GOVERNO TEM AGORA 120 ESTATAIS
Desde 2003, quando teve início o governo do Lula da Silva, pelo menos uma dezena de novas estatais federais foram criadas: empresas que saíram do papel partindo do zero ou novas subsidiárias criadas e ou compradas por grandes conglomerados que já existem, como a Petrobras. As áreas são as mais diversas, passando pelos setores de semicondutores, pesquisa energética e até financeiro.
Entre essas novas estatais estão o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), criado em novembro de 2008 com o objetivo de produzir e comercializar semicondutores e sistemas de circuitos integrados; e a Empresa de Pesquisa Ferroviária (EPF), que deve entrar em operação ainda este ano e será responsável pelos estudos sobre a construção do trem-bala. Isso sem contar a caçula do governo, a Petro-Sal.
Ao todo, o governo federal conta com cerca de 120 estatais, número que inclui as subsidiárias dos grandes grupos. Nos últimos anos, a Petrobras fez algumas compras de empresas, como a Petroquímica Triunfo, em 2004, e a Suzano Petroquímica, em 2007. No setor financeiro, o atual governo também expandiu suas atuações, sobretudo via Banco do Brasil (BB), que, nesta semana, anunciou a criação da BB Money Transfers, localizada nos EUA.
O governo admite a criação por lei de apenas quatro empresas: a Hemobrás, que fabrica hemoderivados; a Empresa de Planejamento Energético (EPE); a Empresa Brasil de Comunicação (EBC); e a Ceitec. Nesse bolo estava também o Banco Popular do Brasil, comandado pelo BB, mas que acabou sendo fechado e suas áreas, incorporadas a uma diretoria do próprio BB.
Oficialmente, o governo entende que tem apenas 68 empresas estatais federais, sendo 59 do setor produtivo e nove do setor financeiro.
Das empresas do setor produtivo, 15 pertencem ao grupo Eletrobrás e 22, ao grupo Petrobras. (Patrícia Duarte)- O Globo
Para a cientista política Lúcia Hippólito, o lançamento do marco regulatório do présal ilustra o pensamento do Planalto de que não há ninguém melhor do que o Estado para cuidar da população. Ela não vê outra razão para a criação de uma empresa pública para exercer uma função que poderia ser dada ao Ministério de Minas e Energia ou mesmo à Agência Nacional do Petróleo (ANP).
— Este viés estatizante está na cabeça de Lula, da ministra Dilma Rousseff e em todo o núcleo duro do Planalto. Não sei o porquê, mas a ministra está sempre tentando estatizar várias ações das agências — cutucou Lúcia, questionando a PetroSal, pelo fato de ela poder vir a abrir espaço para a criação de outras estatais. Por Fabiana Ribeiro e Liana Melo
Para Luiz Werneck Vianna, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), o pré-sal confirma a tradição brasileira de ter o poder público na organização da vida econômica do país.
Ele não acha, no entanto, que a criação da Petro-Sal esvaziará o setor privado. O mesmo pensamento é compartilhado por Murilo Aragão, também cientista político, que acredita que o pré-sal, recuperou a expressão “o petróleo é nosso”.
Já o consultor Rafael Cortez, da Tendências, confessa preocupação, sobretudo depois de tomar conhecimento da decisão do governo de transferir 5 bilhões de barris da Petro-Sal para a Petrobras.
A decisão, diz ele, vai criar uma “certa aberração”, já que vai acabar promovendo uma mistura entre recursos públicos e uma empresa, que opera no mercado com sócios privados: — Temo pelo uso político do pré-sal, já que tudo indica que o governo vai capitalizar o fato de ter conseguido neutralizar os impactos da crise global mais rápido do que em outros países.O Globo
GOVERNO TEM AGORA 120 ESTATAIS
Desde 2003, quando teve início o governo do Lula da Silva, pelo menos uma dezena de novas estatais federais foram criadas: empresas que saíram do papel partindo do zero ou novas subsidiárias criadas e ou compradas por grandes conglomerados que já existem, como a Petrobras. As áreas são as mais diversas, passando pelos setores de semicondutores, pesquisa energética e até financeiro.
Entre essas novas estatais estão o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), criado em novembro de 2008 com o objetivo de produzir e comercializar semicondutores e sistemas de circuitos integrados; e a Empresa de Pesquisa Ferroviária (EPF), que deve entrar em operação ainda este ano e será responsável pelos estudos sobre a construção do trem-bala. Isso sem contar a caçula do governo, a Petro-Sal.
Ao todo, o governo federal conta com cerca de 120 estatais, número que inclui as subsidiárias dos grandes grupos. Nos últimos anos, a Petrobras fez algumas compras de empresas, como a Petroquímica Triunfo, em 2004, e a Suzano Petroquímica, em 2007. No setor financeiro, o atual governo também expandiu suas atuações, sobretudo via Banco do Brasil (BB), que, nesta semana, anunciou a criação da BB Money Transfers, localizada nos EUA.
O governo admite a criação por lei de apenas quatro empresas: a Hemobrás, que fabrica hemoderivados; a Empresa de Planejamento Energético (EPE); a Empresa Brasil de Comunicação (EBC); e a Ceitec. Nesse bolo estava também o Banco Popular do Brasil, comandado pelo BB, mas que acabou sendo fechado e suas áreas, incorporadas a uma diretoria do próprio BB.
Oficialmente, o governo entende que tem apenas 68 empresas estatais federais, sendo 59 do setor produtivo e nove do setor financeiro.
Das empresas do setor produtivo, 15 pertencem ao grupo Eletrobrás e 22, ao grupo Petrobras. (Patrícia Duarte)- O Globo
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