Iniciei a usar o Twitter e a primeira pessoa que escolhi seguir foi a cubana Yoani Sánchez. Em seu blog “Generación Y”.
Ela comenta fatos da vida em Cuba e descreve cenas que revelam, mais do que qualquer tratado de ciência política poderia fazê-lo, o que é o totalitarismo “tropical”. O blog, claro, está hospedado fora de Cuba, um país onde as pessoas não têm acesso à internet. Para que ela poste, é preciso ir aos hotéis frequentados apenas por turistas e pagar até 6 euros para uma hora de acesso (uma fortuna para qualquer cubano que não integre a “nomenclatura”); sua aparência europeia e o fato de falar alemão ajudam a burlar os porteiros, mas para cada acesso é preciso uma estratégia. Por Marcos Rolim
Seu blog é hoje traduzido em 17 idiomas (incluindo o português) e Yoani é uma das pessoas mais influentes no mundo. Ela conta que iniciou a postar não por motivos nobres, mas para lidar com sua covardia: “Cada nova postagem me mostrava como contornar minha impotência cívica, minhas poucas possibilidades na vida real de ter a palavra. Por enquanto, estou aqui, postando e sobrevivendo ou, melhor, sobrevivendo porque eu posto. Sem esse exorcismo pessoal de escrever meus posts, a realidade iria me superar de uma maneira paralisante”.
Yoani solicitou permissão para ir à Espanha receber o prêmio Ortega y Gasset; para ir à Itália em um evento literário; para participar do festival internacional de documentários em Praga, onde seria jurada; para receber, em Nova York, o prêmio de jornalismo Maria Moors Cabot, que lhe foi conferido pela Universidade de Columbia. Em cada uma destas oportunidades, a “pátria do socialismo” lhe negou o direito de ir e vir. Nenhuma justificativa lhe foi oferecida, apenas uma palavra: “não”.
É cativante que Yoani consiga escrever de forma tão firme e ao mesmo tempo tão doce. Trata-se de uma escolha. Ela conta que o discurso do poder em Cuba sempre foi agressivo, para amedrontar e inibir qualquer divergência. Replicar esse discurso seria contraproducente. É preciso romper este ciclo sem fim de ataques verbais e de “violência revolucionária”, afirma.
Em um dos seus posts, Yoani lembra da cerimônia em sua escola – algo como uma “crisma vermelha” – em que, orgulhosamente, repetiu com seus coleguinhas: “Pioneros por el comunismo, seremos como el Che”. Vinte anos depois, Yoani acompanhou seu filho Teo, no dia do “juramento”. Observou, então, que seu pequeno não repetiu a frase. O que também foi percebido pela diretora, que perguntou ao menino porque ele silenciara. A resposta de Teo foi: “Porque el Che está muerto y yo no quiero estar muerto”. A diretora, então, ofereceu uma lição muito comum em Cuba: “Ay, Teo, repite la consigna y ya, para qué te vas a meter en problemas?”. Nada mais eloquente sobre a morte de uma revolução.
O regime castrista criou a figura dos “balseiros”. Gente humilde e desesperada que se lança ao mar em busca do futuro. Tem agora sua primeira balseira eletrônica: Yoani Sánchez, militante dos direitos humanos, filóloga, guia turística, tradutora, mãe, esposa e blogueira da liberdade. mailto:marcos@rolim.com.br – Jornal ZH
CONVITE:
Lançamento do livro "De Cuba, com Carinho" - 29/10/2009
este dia 29 acontecerá o lançamento do livro de Yoani Sánchez no Auditório do jornal O Globo, aqui no Rio de Janeiro, às 19h. Por favor, aqueles que puderem, ajudem na divulgação, publicando o convite em seus blogs e enviando o convite ou o link para seus amigos: Instituto Millenium
Ela comenta fatos da vida em Cuba e descreve cenas que revelam, mais do que qualquer tratado de ciência política poderia fazê-lo, o que é o totalitarismo “tropical”. O blog, claro, está hospedado fora de Cuba, um país onde as pessoas não têm acesso à internet. Para que ela poste, é preciso ir aos hotéis frequentados apenas por turistas e pagar até 6 euros para uma hora de acesso (uma fortuna para qualquer cubano que não integre a “nomenclatura”); sua aparência europeia e o fato de falar alemão ajudam a burlar os porteiros, mas para cada acesso é preciso uma estratégia. Por Marcos Rolim
Seu blog é hoje traduzido em 17 idiomas (incluindo o português) e Yoani é uma das pessoas mais influentes no mundo. Ela conta que iniciou a postar não por motivos nobres, mas para lidar com sua covardia: “Cada nova postagem me mostrava como contornar minha impotência cívica, minhas poucas possibilidades na vida real de ter a palavra. Por enquanto, estou aqui, postando e sobrevivendo ou, melhor, sobrevivendo porque eu posto. Sem esse exorcismo pessoal de escrever meus posts, a realidade iria me superar de uma maneira paralisante”.
Yoani solicitou permissão para ir à Espanha receber o prêmio Ortega y Gasset; para ir à Itália em um evento literário; para participar do festival internacional de documentários em Praga, onde seria jurada; para receber, em Nova York, o prêmio de jornalismo Maria Moors Cabot, que lhe foi conferido pela Universidade de Columbia. Em cada uma destas oportunidades, a “pátria do socialismo” lhe negou o direito de ir e vir. Nenhuma justificativa lhe foi oferecida, apenas uma palavra: “não”.
É cativante que Yoani consiga escrever de forma tão firme e ao mesmo tempo tão doce. Trata-se de uma escolha. Ela conta que o discurso do poder em Cuba sempre foi agressivo, para amedrontar e inibir qualquer divergência. Replicar esse discurso seria contraproducente. É preciso romper este ciclo sem fim de ataques verbais e de “violência revolucionária”, afirma.
Em um dos seus posts, Yoani lembra da cerimônia em sua escola – algo como uma “crisma vermelha” – em que, orgulhosamente, repetiu com seus coleguinhas: “Pioneros por el comunismo, seremos como el Che”. Vinte anos depois, Yoani acompanhou seu filho Teo, no dia do “juramento”. Observou, então, que seu pequeno não repetiu a frase. O que também foi percebido pela diretora, que perguntou ao menino porque ele silenciara. A resposta de Teo foi: “Porque el Che está muerto y yo no quiero estar muerto”. A diretora, então, ofereceu uma lição muito comum em Cuba: “Ay, Teo, repite la consigna y ya, para qué te vas a meter en problemas?”. Nada mais eloquente sobre a morte de uma revolução.
O regime castrista criou a figura dos “balseiros”. Gente humilde e desesperada que se lança ao mar em busca do futuro. Tem agora sua primeira balseira eletrônica: Yoani Sánchez, militante dos direitos humanos, filóloga, guia turística, tradutora, mãe, esposa e blogueira da liberdade. mailto:marcos@rolim.com.br – Jornal ZH
CONVITE:
Lançamento do livro "De Cuba, com Carinho" - 29/10/2009
este dia 29 acontecerá o lançamento do livro de Yoani Sánchez no Auditório do jornal O Globo, aqui no Rio de Janeiro, às 19h. Por favor, aqueles que puderem, ajudem na divulgação, publicando o convite em seus blogs e enviando o convite ou o link para seus amigos: Instituto Millenium
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