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Tiroteio no Morro dos Macacos leva pânico a moradores de Vila Isabel e Grajaú e derruba helicóptero da PM

Pelo menos cinco pessoas morreram e oito ficaram feridas - entre elas adolescentes e crianças - durante um intenso tiroteio no Morro dos Macacos, que começou na madrugada, estendeu-se por toda a manhã deste sábado e continua causando pânico em moradores de Vila Isabel, do Grajaú e de outros bairros próximos. Os tiros atingiram uma escola municipal e provocaram curto-circuito e incêndio em duas salas. À tarde, o clima de guerra se espalhou pela cidade e dez ônibus foram incendiados em várias comunidades. Até o momento, três pessoas foram presas.

Segundo a Polícia Militar, o confronto é entre traficantes de quadrilhas rivais (leia a íntegra da nota ). A troca de tiros começou quando bandidos do Morro do São João, no Engenho Novo, invadiram o Morro dos Macacos, por volta de 1h deste sábado. Três corpos foram encontrados dentro de um Peugeot preto, em um dos acessos à comunidade, e dois policiais morreram na queda de um helicóptero da Polícia Militar, que foi derrubado por tiros disparados por traficantes. O helicóptero foi atingido na hélice e caiu pegando fogo dentro da Vila Olímpica, que fica na Avenida Marechal Rondon, próximo ao Túnel Noel Rosa, que dá acesso ao Morro dos Macacos. Após a queda, a aeronave explodiu. Outros quatro policiais que estavam no helicóptero ficaram feridos no acidente.

Por volta das 14h, o Morro do São Carlos, no Centro, foi cercado pelos policiais militares, pois os traficantes da comunidade também estariam envolvidos na invasão do Morro dos Macacos.

Veja mais imagens do confronto

Confira o vídeo com imagens da guerra dos traficantes

Os traficantes começaram a atear fogo em inúmeros coletivos numa represália à entrada da polícia no Morro dos Macacos. De acordo com a assessoria de imprensa da PMERJ, os ônibus incendiados seriam ações orquestradas pelos criminosos para facilitar a fuga. Só no Jacaré, já são cinco ônibus atacados por vândalos: três na Avenida Suburbana, um na Rua Carlos Góes e um na Rua Aires Casal. O tanque de combustível de um dos coletivos explodiu. A comunidade local é dominada pela facção que invadiu o Morro dos Macacos. Há informações de que mais três ônibus foram queimados na Rua Visconde de Niterói, na Mangueira. Outro coletivo foi atacado por vândalos na Rua Magalhães Castro, no bairro do Riachuelo.

A empresa Braso Lisboa enviou ordem de recolher todos os coletivos que estão circulando pelas ruas da cidade. A princípio, os bandidos deixaram que os passageiros descessem antes que os veículos fossem incendiados. Fábio Nascimento, motorista de um dos ônibus da Linha 284 (Tiradentes-Praça Seca) que foi incendiado pelos bandidos, relatou os momentos de terror:

- Eu parei no sinal e os bandidos saíram de dentro do Jacaré com fuzil, pistola, vidro de álcool na mão e mandaram a gente descer do carro. Eles gritaram 'desce, desce, que vamos tacar fogo'. Eu larguei o carro lá. Eles pegaram o colega que estava no carro da traseira e mandaram ele puxar o carro para o meio da rua. Obrigaram a desligar o carro e atearam fogo no carro dele também - contou Fábio.

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Veja imagens dos ônibus incendiados

Uma retroescavedeira blindada fez por volta das 15h30m, no Morro do Quieto, que faz parte do complexo do Morro São João, o reboque de um carro blindado da Polícia Militar, que estava parado dentro da favela.

Mais cedo, moradores dos Macacos, revoltados porque não conseguiam subir o morro e porque a polícia até a metade da manhã não havia interferido no confronto, fecharam a Rua de Visconde de Santa Isabel, que fica em frente à carceragem da Polinter. Eles atearam fogo em pneus e jogaram pedras no carros da PM. O coordenador das carceragens da Polícia Civil, delegado Orlando Zacone, reforçou o patrulhamento porque moradores teriam tentado invadir a carceragem para linchar presos de uma facção rival à que domina o morro.

- Não consideramos uma tentativa de invasão, mas, sim, uma forma de a população chamar atenção da polícia porque eles tentaram fazer um incêndio no meio da rua, quebraram o vidro de uma viatura, mas efetivamente não tentaram entrar na delegacia. Pedimos imediatamente reforço e a Core e a PM vieram para cá e está tudo sob controle - afirmou Zacone.

Somente por volta de 9h da manhã deste sábado, cerca de 120 policiais militares começaram a fazer uma operação nos morros dos Macacos e São João. Policiais dos batalhões da Tijuca e de Choque ocupam os acessos da comunidade. Os bandidos chegaram a atirar para as ruas, contra os policiais. Ainda é possível ouvir fortes rajadas de metralhadora e fuzil. A polícia isolou uma parte da Rua Senador Nabuco, um dos principais acessos ao morro, e dezenas de moradores aguardam o fim do tiroteio na Praça Barão Drumond. O comércio está fechado e o trânsito está sendo desviado para outras ruas.

Famílias inteiras, muitas mães com carrinhos de bebê, estão deixando a favela com medo de novos conflitos.

De acordo com a assessoria de imprensa da PM, foi montado um gabinete de gerenciamento de crise no 6º BPM. O chefe de Polícia Civil, delegado Alan Turnowski, disse que todas as delegacias especializadas estão de prontidão devido à guerra entre os traficantes. Todos os policiais civis foram chamados em casa e estão a postos nas delegacias. O mesmo acontece com os policiais militares: todos que estavam de folga foram chamados para os seus respectivos batalhões.

Um dos presos nos confrontos foi o gerente do tráfico de drogas de Manguinhos , conhecido como La Coste. Ele estava escondido dentro de um ônibus na garagem da empresa Estrela Azul, em Vila Isabel.

O fogo na escola municipal Jornalista Assis Chateaubriand, que fica numa rua que dá acesso ao Morro dos Macacos, já foi controlado. Uma operação de remanejamento de pacientes foi montada no Hospital do Andaraí, que recebeu os feridos do confronto. Pacientes com pequena potencialidade de risco serão mandados para outras unidades da rede municipal: os hospitais da Lagoa, de Ipanema e dos Servidores (na Saúde).

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Jornal Extra