Che Guevara e o Ocidente

Vinte anos atrás, aconteceu o colapso do comunismo na Europa Central e Oriental. Hoje, ele sobrevive na Coréia do Norte e Cuba - países onde ainda pode-se ver as lojas vazias, filas longas, infra-estruturas em ruínas, o medo onipresente da polícia secreta, o encarceramento e a execução injusta.

No entanto, Che Guevara, o homem que desempenhou um papel fundamental na criação da máquina de repressão política e na estagnação econômica em Cuba, tornou-se um ícone no Ocidente. Na verdade, o comunismo e alguns de seus protagonistas seguem desfrutando de um inesperado grau de popularidade em todo o mundo. Os 100 milhões de vítimas do comunismo merecem algo melhor que isto. Por
Marian L. Tupy

Che Guevara, o comunista argentino que fermentou as revoluções em Cuba e no Congo, foi finalmente enviado às forças bolivianas em 1967. Cerca de 42 anos depois - muito depois de o fantasma do comunismo revolucionário deixar de perseguir a maioria da humanidade - Che parece ser o ultimo a continuar rindo. Sua imagem é onipresente no Ocidente - adorna as camisetas e bolsas de uma geração de abastados, mas historicamente analfabetos. O príncipe Harry, terceiro na linha de sucessão ao trono britânico, foi flagrado usando uma T-shirt com Che há alguns anos atrás. Este ano, entre os ícones da coleção da Belstaff (uma empresa de vestuário italiano) contém uma réplica da jaqueta de "Che Guevara".

Che Guevara, como Alvaro Vargas Llosa mostra no “O Mito de Che Guevara e no Futuro da Liberdade”, era um megalomaníaco e assassino. É constrangedor para os jovens desportistas se associarem à sua imagem idealista, pois ele também era um racista, um homofóbico e antisemita. "O negro é indolente e preguiçoso", opinou Che sobre seus camaradas do Congo, “eles gastam seu dinheiro em frivolidades, enquanto o europeu é o futuro, organizado e inteligente". A ignorância sobre o Che verdadeiro é universal. Assim, em Luanda, capital de Angola, tem uma rua Che Guevara e a capital sulafricana de Pretória, em breve, será agraciada com uma rua com o mesmo nome.

A contínua atração - embora limitada - pelos ideais comunistas e por alguns dos seus protagonistas, como Karl Marx (antisemita), Vladimir Lênin (pai fundador do Gulag), Fidel Castro (visite Cuba e veja por si mesmo), e Che Guevara , sugerem que a humanidade ainda está por chegar a um acordo com o legado do comunismo.

As vítimas do nazismo são justamente lembradas em inumeráveis livros e filmes. Seus familiares podem visitar locais históricos financiados pelos museus de Berlim e Washington, DC. Exceto por alguns poucos personagens desacreditados, como o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, pessoas do mundo inteiro conhecem a natureza e a extensão do Holocausto.

Os crimes do comunismo, ao contrário, permanecem, em grande medida, envoltos em véus da ignorância e da negação.

O comunismo, até agora, escapou de um grau adequado de opróbrio moral por várias razões. Como o historiador Paul Hollander argumentou, a maioria das vítimas do comunismo morreu devido a terríveis condições de vida no Gulag e no laogai ( campos de trabalhos forçados soviéticos e chineses, respectivamente). Eles não foram assassinados de forma determinada - simbolizados pelas câmaras de gás de Auschwitz. Além disso, as provas dos crimes comunistas são muitas vezes difíceis para se coletar. Os arquivos russos, por exemplo, foram fechados por um governo determinado a jogar uma pá de cal no passado comunista da Rússia, incluindo seu protagonista mais notório - Joseph Stalin.

A cumplicidade dos governantes atuais e das elites intelectuais, na maioria da Europa Central e Oriental na perpetuação do comunismo é uma outra razão. Alguns, como o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, eram espiões soviéticos. Outros, como o Primeiro-Ministro eslovaco Robert Fico, eram membros comuns do partido comunista. Embora o grau de cumplicidade com o comunismo varie, estes homens (e mulheres) estão moralmente comprometidos. A absoluta condenação do comunismo, em outras palavras, equivaleria à condenação de seus comportamentos no passado.

Poucas pessoas têm a coragem de admitir publicamente seus erros. A maioria prefere justificar suas ações ou esquecer-se delas. Infelizmente, muitos dos intelectuais ocidentais que promovem as idéias comunistas para minimizar os crimes comunistas nunca se retrataram. Impulsionadas pelo idealismo ingênuo e pelo ódio às imperfeições ocidentais, abraçaram-se a uma visão utópica de uma sociedade livre de desigualdades entre as classes, raças e sexos; uma sociedade livre dos lucros, da ganância e da guerra. As democracias ocidentais tentaram superar suas deficiências, mas não os idealistas ocidentais que continuam confiando na retórica vazia do comunismo.

No final, a igualdade que o comunismo conseguiu foi a de mesmo nível de subsistência em uma vala comum. Che Guevara simboliza o comunismo como nenhum outro. Sua imagem, assim como suas crenças, pertencem à lata de lixo da história. Fonte
The RealClear World

Marian L. Tupy é analista político na
Cato Institute -Center for Global Liberty and Prosperity e autora de “A Ressurreição dos partidos populistas na Europa Central”, “Governo Grande, a corrupção, e a ameaça ao Liberalismo”.

Tradução de Arthur para o MOVCC

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo com o texto.A ignorancia dessa geracao sem o conhecimento do que foi o comunismo é espantosa!Isso sem contar que os comunistas sempre apoiaram o terroristas islamicos contra o EUA e Israel. Venderam e ainda vendem muitas armas para os terroristas.