Latinos caem em ranking da liberdade de imprensa

Entre 2002 e 2009, quase todos os países da América Latina perderam posições no ranking mundial da liberdade de imprensa preparado pela organização Repórter Sem Fronteiras. Fechamento de emissoras de rádio e TV, projetos que restringem meios de comunicação, atos de censura e agressões a jornalistas tornaram-se mais frequentes, apesar do caráter formal da democracia na região. Ranking da liberdade de imprensa indica retrocesso na América Latina.

Em levantamento da organização Repórteres Sem Fronteiras, 19 dos 20 países da região perderam posições desde 2002. Por Daniel Bramatti

Quase todos os países da América Latina perderam posições, entre 2002 e 2009, no ranking mundial da liberdade de imprensa elaborado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Relatórios de outras entidades, como a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, serão divulgados em breve e também devem mostrar a multiplicação de ameaças à livre expressão na região. Leia matéria completa no Estadão


ALIADOS DE KIRCHNER VOLTAM A BLOQUEAR JORNAIS
Para entidade de editores, Argentina vive maior ataque à imprensa desde o fim da ditadura

Mais de 300 integrantes do sindicato dos caminhoneiros, o principal aliado sindical da presidente Cristina Kirchner e do seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, bloquearam ontem de madrugada o acesso às gráficas do La Nación e do Clarín. O cerco às gráficas dos dois principais jornais argentinos durou quatro horas. A polícia nada fez e a Casa Rosada se limitou a convocar "paz social".

A Associação de Editores de Jornais de Buenos Aires (Adeba) afirmou que o bloqueio é o maior ataque à circulação de jornais desde o fim da ditadura militar, em 1983. A entidade emitiu um comunicado no meio da madrugada para anunciar o "estado de máximo alerta" perante o "insólito ataque".

O sindicato citou questões trabalhistas para justificar a obstrução das gráficas. Analistas políticos afirmam, porém, que por trás do bloqueio está o casal Kirchner, que mantém duro confronto com a imprensa.

A ação coincide com a realização em Buenos Aires da assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que avalia as pressões recentes sofridas pelos jornalistas e empresas de mídia na região.

"Aqui, depois da tempestade não virá a bonança, mas a inundação", disse Marcos Aguinis, filósofo, psiquiatra e ex-ministro da Cultura argentino.

Ontem, durante o painel da SIP "Os novos mecanismos de censura sutil", Aguinis, autor do best-seller O atroz encanto de ser argentino, disse que "não há nada de sutileza no que está ocorrendo". "São atitudes hostis com a imprensa. Os jornalistas são acusados com nome e sobrenome desde a tribuna do palácio presidencial, algo que nunca havia ocorrido desde a volta da democracia", afirmou.

Outra participante do painel, a jornalista María O"Donnell, autora de livros sobre corrupção no governo Kirchner, disse que a publicidade oficial é uma das formas de pressionar os meios de comunicação. "É ilustrativo que a publicidade oficial na Argentina cresceu de US$ 11 milhões em 2003 para US$ 261 milhões em 2009", disse.

Julio Blanck, editor do Clarín, afirmou que suspeita da existência de uma rede de espionagem contra os jornalistas críticos ao governo Kirchner. Ele sustentou, ainda, que o "sarampo anti-imprensa que afeta os Kirchner é parte de um amplo mecanismo para tentar ficar no poder mais quatro anos". Por Ariel Palácios - O Estado de S. Paulo



VIOLAÇÕES À LIVRE EXPRESSÃO CRESCEM NA VENEZUELA
Nos primeiros nove meses de 2009, a Venezuela teve 165 casos de violação à liberdade de expressão, segundo relatório divulgado recentemente pela ONG Espacio Público. É como se o direito de informar e ser informado fosse violado a cada 40 horas no país governado pelo presidente Hugo Chávez. Para Débora Calderón, uma das coordenadoras da entidade, os números revelam o agravamento da situação. "Em 2009, o número de casos até setembro já supera o registrado em todo o ano passado", afirmou.Entre os casos considerados mais graves está o anúncio, feito pelo governo, de que as concessões de 240 emissoras de rádio serão revogadas. Por Daniel Bramatti – Estadão

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