Os nove jovens colombianos mortos na Venezuela eram meninos que viviam em Chururú, uma aldeia no estado de Táchira, de onde eles foram sequestrados pelos "soldados" em 11 de outubro de 2009. Seus corpos foram encontrados 13 dias depois em vários pontos, não muito longe da fronteira com a Colômbia.
O governo venezuelano se opõe que uma comissão binacional investigue esse massacre. Terá algo a esconder? Caracas esboçou a teoria de que esses jovens eram "grupos paramilitares", que foram mortos por outros "paramilitares". Mas não apresenta nenhuma evidência do que diz. No entanto, um detalhe chama a atenção. O presidente Hugo Chávez parece saber bastante sobre o assunto. Por Eduardo Mackenzie
No dia 28 de outubro ele disse que "ninguém sabe" o que aconteceu, mas que tinha "evidências" que não poderia dar por fazerem parte de um “resumo legal”. E acrescentou: "Eram colombianos que não tinham documentação oficial, como a grande maioria dos colombianos que vivem conosco. Passaram para a Venezuela, estamos investigando suas atividades, alguém os financiava.
Para quem não sabe nada, Caracas sabe mais do que conta. Como sabe que "não tinham documentação oficial" e “que alguém os financiava"? A investigação sobre esses rapazes que viviam como ambulantes vendendo amendoim começou quando? Antes de serem assassinados?
O vice-presidente da Venezuela, Ramón Carrizalez, disse que os jovens eram "treinados na zona fronteiriça para, em seguida, infiltrarem-se em Caracas e outras cidades como parte de um plano de desestabilização", e que eles morreram em um "ajuste de contas". Desde quando os seguiam para saber que essas eram suas intenções? Como Carrizález soube de tudo isto? Interrogando as vítimas antes de se converterem em cadáveres?
Algum dia nós saberemos a verdade do que aconteceu em Chururú. Um jovem sobreviveu ao ataque. Por que ele não pode deixar a Venezuela?
Segundo Jairo Martinez, o cônsul colombiano no estado de Barinas, em agosto passado os corpos de cinco outros colombianos foram encontrados no rio Jaguar perto da cidade de Socopó.
Esse acontecimento e a matança de jovens colocam na ordem do dia um novo fenômeno: um ambiente de programa anticolombiano na Venezuela. Pois não só alguém os está matando, mas os colombianos também estão perdendo suas propriedades e fugindo da Venezuela. Isso foi o que aconteceu com Sonia Restrepo, que em 15 de maio deste ano, teve que abandonar sua fábrica de tecidos e fugir de Guarenas, perto de Caracas. Cerca de 40 homens armados invadiram sua casa em nome de um "círculo bolivariano" e a acusaram de ser uma "estrangeira exploradora”. Sem que nehuma autoridade a protegesse, ela perdeu a empresa que tinha construído ao longo de 30 anos
Quem é o responsável pela grave degradação do clima social e político nas áreas de fronteira entre Venezuela e Colômbia?
Os estados de Zulia, Táchira, Barinas e Apure são os mais afetados por esta tensão difusa. Isso foi agravado nos últimos meses, ao ponto de que nessas regiões existe um clima de pânico surdo da minoria colombiana. As constantes arengas anti colombianas de Chávez, suas ordens de enviar "dez batalhões" para a fronteira com a Colômbia, o aumento simultâneo das milícias "bolivarianas" e a misteriosa "força bolivariana de libertação", coincidem com esta degradação.
A razão de fundo é principalmente a consolidação, nessas regiões, de unidades das FARC e do ELN que fazem o que bem entendem, criando desespero entre a população. Muitas pessoas estão reclamando disso.
Não temos que esquecer outro elemento: Caracas anunciou em novembro de 2008 que estava instalando cinco bases militares na Serra de Perijá, no estado de Zulia, "para intensificar a luta contra o narcotráfico, os paramilitares e os seqüestros." Tarek El Aissami, ministro do Interior venezuelano, dirige este projeto e foi ele quem saiu dizendo que a matança de Chururú tinha sido obra de "paramilitares" colombianos. Desde quando essas supostas estruturas operam livremente sob as barbas de Aissami?
A verdade deve ser buscada em outro lugar. O coquetel chavista consiste em ameaçar a Colômbia, mentir e proteger grupos terroristas das FARC e ELN nessas áreas de fronteira, promover o declínio social, e a sabotagem ao comércio bilateral. Só podia terminar como era suposto terminar: na criação de uma podridão humana, onde tudo pode acontecer. A histeria bolivariana que acredita numa invasão, "imperialista", a curto prazo, apoiada pelos "neogranadinos" fez o resto e impulsionou, talvez, o braço dos assassinos.
Como, então, aceitar o que dizem os chavistas no sentido de que o que aconteceu em Chururú é porque "o conflito interno colombiano derrama sobre nós"? Não. Estes jovens foram mortos provavelmente pelas hostes armadas do local, as quais tratam de "limpar" e aterrorizar a região para criar um espaço de acumulação de forças e de impunidade, no marco de uma política ofensiva sobre a Colômbia.
Dada a recusa dos juízes venezuelanos em encontrar os responsáveis e puni-los, isto vai se repetir e as autoridades continuarão apelando para a mesma explicação: a culpa é da Colômbia. A Corte Penal Internacional, que nunca se perturbou pelo que acontece na Venezuela, faria bem em intervir no assunto. Diário da América – Tradução de Arthur para o MOVCC
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Esqueça a crise financeira mundial. Na Venezuela, a queda de 4,5% no PIB é consequência da má gestão no setor de petróleo, dos apagões elétricos e do cerco ao setor privado. Revista Veja
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No dia 28 de outubro ele disse que "ninguém sabe" o que aconteceu, mas que tinha "evidências" que não poderia dar por fazerem parte de um “resumo legal”. E acrescentou: "Eram colombianos que não tinham documentação oficial, como a grande maioria dos colombianos que vivem conosco. Passaram para a Venezuela, estamos investigando suas atividades, alguém os financiava.
Para quem não sabe nada, Caracas sabe mais do que conta. Como sabe que "não tinham documentação oficial" e “que alguém os financiava"? A investigação sobre esses rapazes que viviam como ambulantes vendendo amendoim começou quando? Antes de serem assassinados?
O vice-presidente da Venezuela, Ramón Carrizalez, disse que os jovens eram "treinados na zona fronteiriça para, em seguida, infiltrarem-se em Caracas e outras cidades como parte de um plano de desestabilização", e que eles morreram em um "ajuste de contas". Desde quando os seguiam para saber que essas eram suas intenções? Como Carrizález soube de tudo isto? Interrogando as vítimas antes de se converterem em cadáveres?
Algum dia nós saberemos a verdade do que aconteceu em Chururú. Um jovem sobreviveu ao ataque. Por que ele não pode deixar a Venezuela?
Segundo Jairo Martinez, o cônsul colombiano no estado de Barinas, em agosto passado os corpos de cinco outros colombianos foram encontrados no rio Jaguar perto da cidade de Socopó.
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A razão de fundo é principalmente a consolidação, nessas regiões, de unidades das FARC e do ELN que fazem o que bem entendem, criando desespero entre a população. Muitas pessoas estão reclamando disso.
Não temos que esquecer outro elemento: Caracas anunciou em novembro de 2008 que estava instalando cinco bases militares na Serra de Perijá, no estado de Zulia, "para intensificar a luta contra o narcotráfico, os paramilitares e os seqüestros." Tarek El Aissami, ministro do Interior venezuelano, dirige este projeto e foi ele quem saiu dizendo que a matança de Chururú tinha sido obra de "paramilitares" colombianos. Desde quando essas supostas estruturas operam livremente sob as barbas de Aissami?
A verdade deve ser buscada em outro lugar. O coquetel chavista consiste em ameaçar a Colômbia, mentir e proteger grupos terroristas das FARC e ELN nessas áreas de fronteira, promover o declínio social, e a sabotagem ao comércio bilateral. Só podia terminar como era suposto terminar: na criação de uma podridão humana, onde tudo pode acontecer. A histeria bolivariana que acredita numa invasão, "imperialista", a curto prazo, apoiada pelos "neogranadinos" fez o resto e impulsionou, talvez, o braço dos assassinos.
Como, então, aceitar o que dizem os chavistas no sentido de que o que aconteceu em Chururú é porque "o conflito interno colombiano derrama sobre nós"? Não. Estes jovens foram mortos provavelmente pelas hostes armadas do local, as quais tratam de "limpar" e aterrorizar a região para criar um espaço de acumulação de forças e de impunidade, no marco de uma política ofensiva sobre a Colômbia.
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