Governo Lula reage mal na emergência do apagão e dá versão para explicar o fato a qual, por ora, não dissipa todas as dúvidas
A pane gigantesca que deixou às escuras, na virada da terça para a quarta-feira, 18 Estados da Federação mostra que o país está vulnerável -senão a um sistema elétrico menos confiável do que seria preciso, certamente a autoridades federais que não sabem reagir diante de um fenômeno dessa proporção.
Preocupados apenas em livrar-se de desgaste político, estatais e assessores do presidente Lula iniciaram um irresponsável jogo de empurra já nos primeiros instantes do apagão. Ninguém se preocupou em fornecer a órgãos locais de saúde, segurança pública e transporte estimativas sobre a duração da falta de energia. Editorial da Folha
Quotas emergenciais de combustível deveriam ser entregues aos hospitais, a fim de que mantivessem em operação seus geradores? Que contingente de policiais e fiscais de trânsito deveria ser mobilizado? As aulas do dia seguinte deveriam ser canceladas? Sem a informação básica a respeito do tempo estimado do blecaute, tornou-se impossível tomar decisões oportunas e corretas nesses temas cruciais.
O governo Lula também demorou para produzir uma explicação sobre o que havia provocado o blecaute -até que, no início da noite de ontem, colocou a culpa numa tempestade na cidade paulista de Itaberá, perto da fronteira com o Paraná. Raios teriam provocado curto-circuito numa subestação de Furnas.
O que espanta, contudo, é que caíram as três linhas de transmissão de Itaipu, a maior hidrelétrica do sistema - as linhas que trazem ao Brasil energia gerada nas máquinas paraguaias da binacional também caíram. O sistema é projetado, vale lembrar, para resistir a intempéries. Com Itaipu totalmente desconectada, as outras geradoras do sistema, que trabalham com sobras para contingências, não conseguiram compensar a carga perdida -e, num efeito dominó, foram desligadas. Do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, da Bahia ao Acre, o país apagou.
A terceira linha de Itaipu, implantada no início da década, foi projetada, justamente, para aumentar o grau de confiança da transmissão. Investimentos bilionários em vias de distribuição, nos últimos anos, também reforçaram o sistema nacional interligado -que conecta praticamente todas as usinas brasileiras, à exceção de unidades em Roraima, Amapá e Amazonas.
Afasta-se a hipótese de crise de abastecimento, pois os reservatórios das hidrelétricas ostentam níveis confortáveis, por conta do regime favorável de chuvas e da queda na demanda, principalmente industrial, acarretada pela crise econômica no primeiro semestre.
Em outubro, os lagos das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste estavam com 69% da capacidade completa, contra 52% no mesmo mês do ano passado. Em outubro de 2001, ano do racionamento de energia, o indicador chegou a 21%. O consumo nos dez primeiros meses deste ano está 2% abaixo do observado no mesmo período do ano passado.
Tudo isso só reforça o estranhamento diante de um apagão dessa magnitude -um estranhamento que a versão oficial ainda não foi capaz de dissipar.
A pane gigantesca que deixou às escuras, na virada da terça para a quarta-feira, 18 Estados da Federação mostra que o país está vulnerável -senão a um sistema elétrico menos confiável do que seria preciso, certamente a autoridades federais que não sabem reagir diante de um fenômeno dessa proporção.
Preocupados apenas em livrar-se de desgaste político, estatais e assessores do presidente Lula iniciaram um irresponsável jogo de empurra já nos primeiros instantes do apagão. Ninguém se preocupou em fornecer a órgãos locais de saúde, segurança pública e transporte estimativas sobre a duração da falta de energia. Editorial da Folha
Quotas emergenciais de combustível deveriam ser entregues aos hospitais, a fim de que mantivessem em operação seus geradores? Que contingente de policiais e fiscais de trânsito deveria ser mobilizado? As aulas do dia seguinte deveriam ser canceladas? Sem a informação básica a respeito do tempo estimado do blecaute, tornou-se impossível tomar decisões oportunas e corretas nesses temas cruciais.
O governo Lula também demorou para produzir uma explicação sobre o que havia provocado o blecaute -até que, no início da noite de ontem, colocou a culpa numa tempestade na cidade paulista de Itaberá, perto da fronteira com o Paraná. Raios teriam provocado curto-circuito numa subestação de Furnas.
O que espanta, contudo, é que caíram as três linhas de transmissão de Itaipu, a maior hidrelétrica do sistema - as linhas que trazem ao Brasil energia gerada nas máquinas paraguaias da binacional também caíram. O sistema é projetado, vale lembrar, para resistir a intempéries. Com Itaipu totalmente desconectada, as outras geradoras do sistema, que trabalham com sobras para contingências, não conseguiram compensar a carga perdida -e, num efeito dominó, foram desligadas. Do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, da Bahia ao Acre, o país apagou.
A terceira linha de Itaipu, implantada no início da década, foi projetada, justamente, para aumentar o grau de confiança da transmissão. Investimentos bilionários em vias de distribuição, nos últimos anos, também reforçaram o sistema nacional interligado -que conecta praticamente todas as usinas brasileiras, à exceção de unidades em Roraima, Amapá e Amazonas.
Afasta-se a hipótese de crise de abastecimento, pois os reservatórios das hidrelétricas ostentam níveis confortáveis, por conta do regime favorável de chuvas e da queda na demanda, principalmente industrial, acarretada pela crise econômica no primeiro semestre.
Em outubro, os lagos das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste estavam com 69% da capacidade completa, contra 52% no mesmo mês do ano passado. Em outubro de 2001, ano do racionamento de energia, o indicador chegou a 21%. O consumo nos dez primeiros meses deste ano está 2% abaixo do observado no mesmo período do ano passado.
Tudo isso só reforça o estranhamento diante de um apagão dessa magnitude -um estranhamento que a versão oficial ainda não foi capaz de dissipar.
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