Para mídia e analistas internacionais, visita pode afetar influência do presidente e ajudar iraniano a legitimar governo
A decisão do Brasil de apoiar as pretensões nucleares do Irã — aliada às críticas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito aos Estados Unidos, à maneira como o país vem lidando com a questão hondurenha e até à postura pouco crítica a abusos do governo de Hugo Chávez nos terrenos da liberdade de imprensa e direitos humanos — pode prejudicar a relação entre o Brasil e os EUA e atrapalhar as pretensões da política externa brasileira de consolidar o país como grande líder global e regional.
A opinião é de analistas das relações entre os EUA e o Brasil, que vem sendo acusado de perder o equilíbrio e a sensatez na sua ânsia de “agradar a todos os países”. Por Gilberto Scofield Jr.
Segundo a mídia internacional, a visita pode atrapalhar a influência internacional de Lula ao mesmo tempo em que oferece a Ahmadinejad a chance de legitimar seu governo, tão criticado internacionalmente por causa de seu controverso programa nuclear e ligação com grupos terroristas.
A visita também provocou protestos no Peru, onde mais de cem pessoas da comunidade judaica local se concentraram em frente à embaixada brasileira e entregaram à representação uma carta expressando “mal-estar” e “preocupação” com o encontro.
Entre os jornais, o “New York Times” afirmou que o encontro mostrava as ambições do Brasil de ganhar um papel de destaque na diplomacia internacional. O jornal ressalvou, no entanto, que a ocasião também despertou críticas entre parlamentares americanos e ex-diplomatas brasileiros, para os quais o encontro poderia legitimar o governo Ahmadinejad.
O deputado democrata americano Eliot L. Engel, que preside o subcomitê de América Latina da Câmara de Representantes, disse que o convite do Brasil ao presidente iraniano foi um “grave erro”.
A professora de ciências políticas internacionais da Universidade George Washington, Cynthia McClintock, afirma que, com a declaração de Lula ontem, o Brasil ajuda a legitimar as demandas de Ahmadinejad, colocando o país numa situação “não exatamente positiva”, já que Lula não pressionou o presidente iraniano em nada: do monitoramento internacional de seu projeto nuclear, a sua polêmica reeleição ou as violações de direitos humanos no país.
— É uma vitória iraniana importante ter Lula como aliado em sua política de enfrentamento dos EUA e da União Europeia — diz ela.
O “L.A. Times” afirmou que Lula poderia perder influência internacional ao receber o iraniano, que, segundo o texto, procura novas oportunidades econômicas diante das ameaças de sanção por parte de países desenvolvidos.
Com o título “Lula assume riscos ao dar as boasvindas a Ahmadinejad no Brasil”, o jornal diz que o governo americano e analistas temem que o encontro poderia sinalizar uma aprovação implícita do Brasil à resistência do Irã em desistir do programa nuclear.
Para Eric Farnsworth, ex-funcionário do governo Bill Clinton e vice-presidente do Conselho das Américas, em Washington, a visita de Ahmadinejad, assim como a defesa de Lula a Chávez, podem ter servido como um balde de água fria nos planos do presidente Barack Obama de usar o presidente brasileiro como uma espécie de procurador na América Latina: — Afinal, quem quer um país tão próximo do Irã, um pária internacional, sentado no Conselho de Segurança da ONU? O jornal israelense “Haaretz” afirma que a visita oferecia uma oportunidade a Lula para impulsionar sua influência internacional e a Ahmadinejad para conseguir a “tão necessária legitimidade política” para seu governo.
Para alguns meios, aproximação não tem riscos Já a agência de notícias britânica Reuters disse, citando analistas, que “apesar de controversa, sua visita (de Lula) não deve criar dores de cabeça ao país, contanto que o governo seja cauteloso e o líder iraniano se abstenha de suas polêmicas declarações em solo brasileiro”.
Na França, o site da revista “L’Express” publicou ontem um artigo destacando que presidente iraniano, isolado internacionalmente, viajou à América Latina para buscar apoio de dirigentes de esquerda.
Houve repercussão também na Alemanha. À rádio estatal Deutsche Welle, o cientista político Thomas Fatheuer, da Fundação Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde, levantou a possibilidade de que o Brasil dê início a uma cooperação econômica e atômica com o Irã, mas ressalvou que Lula consegue uma aproximação com o Irã sem que a sua política sofra qualquer tipo de efeito negativo.
Já a revista “Stern” diz que o Brasil está se transformando em um importante “negociador da paz” no Oriente Médio, tendo recebido, em um curto período, o presidente de Israel, Shimon Peres, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e agora Ahmadinejad. O Globo
A decisão do Brasil de apoiar as pretensões nucleares do Irã — aliada às críticas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito aos Estados Unidos, à maneira como o país vem lidando com a questão hondurenha e até à postura pouco crítica a abusos do governo de Hugo Chávez nos terrenos da liberdade de imprensa e direitos humanos — pode prejudicar a relação entre o Brasil e os EUA e atrapalhar as pretensões da política externa brasileira de consolidar o país como grande líder global e regional.
A opinião é de analistas das relações entre os EUA e o Brasil, que vem sendo acusado de perder o equilíbrio e a sensatez na sua ânsia de “agradar a todos os países”. Por Gilberto Scofield Jr.
Segundo a mídia internacional, a visita pode atrapalhar a influência internacional de Lula ao mesmo tempo em que oferece a Ahmadinejad a chance de legitimar seu governo, tão criticado internacionalmente por causa de seu controverso programa nuclear e ligação com grupos terroristas.
A visita também provocou protestos no Peru, onde mais de cem pessoas da comunidade judaica local se concentraram em frente à embaixada brasileira e entregaram à representação uma carta expressando “mal-estar” e “preocupação” com o encontro.
Entre os jornais, o “New York Times” afirmou que o encontro mostrava as ambições do Brasil de ganhar um papel de destaque na diplomacia internacional. O jornal ressalvou, no entanto, que a ocasião também despertou críticas entre parlamentares americanos e ex-diplomatas brasileiros, para os quais o encontro poderia legitimar o governo Ahmadinejad.
O deputado democrata americano Eliot L. Engel, que preside o subcomitê de América Latina da Câmara de Representantes, disse que o convite do Brasil ao presidente iraniano foi um “grave erro”.
A professora de ciências políticas internacionais da Universidade George Washington, Cynthia McClintock, afirma que, com a declaração de Lula ontem, o Brasil ajuda a legitimar as demandas de Ahmadinejad, colocando o país numa situação “não exatamente positiva”, já que Lula não pressionou o presidente iraniano em nada: do monitoramento internacional de seu projeto nuclear, a sua polêmica reeleição ou as violações de direitos humanos no país.
— É uma vitória iraniana importante ter Lula como aliado em sua política de enfrentamento dos EUA e da União Europeia — diz ela.
O “L.A. Times” afirmou que Lula poderia perder influência internacional ao receber o iraniano, que, segundo o texto, procura novas oportunidades econômicas diante das ameaças de sanção por parte de países desenvolvidos.
Com o título “Lula assume riscos ao dar as boasvindas a Ahmadinejad no Brasil”, o jornal diz que o governo americano e analistas temem que o encontro poderia sinalizar uma aprovação implícita do Brasil à resistência do Irã em desistir do programa nuclear.
Para Eric Farnsworth, ex-funcionário do governo Bill Clinton e vice-presidente do Conselho das Américas, em Washington, a visita de Ahmadinejad, assim como a defesa de Lula a Chávez, podem ter servido como um balde de água fria nos planos do presidente Barack Obama de usar o presidente brasileiro como uma espécie de procurador na América Latina: — Afinal, quem quer um país tão próximo do Irã, um pária internacional, sentado no Conselho de Segurança da ONU? O jornal israelense “Haaretz” afirma que a visita oferecia uma oportunidade a Lula para impulsionar sua influência internacional e a Ahmadinejad para conseguir a “tão necessária legitimidade política” para seu governo.
Para alguns meios, aproximação não tem riscos Já a agência de notícias britânica Reuters disse, citando analistas, que “apesar de controversa, sua visita (de Lula) não deve criar dores de cabeça ao país, contanto que o governo seja cauteloso e o líder iraniano se abstenha de suas polêmicas declarações em solo brasileiro”.
Na França, o site da revista “L’Express” publicou ontem um artigo destacando que presidente iraniano, isolado internacionalmente, viajou à América Latina para buscar apoio de dirigentes de esquerda.
Houve repercussão também na Alemanha. À rádio estatal Deutsche Welle, o cientista político Thomas Fatheuer, da Fundação Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde, levantou a possibilidade de que o Brasil dê início a uma cooperação econômica e atômica com o Irã, mas ressalvou que Lula consegue uma aproximação com o Irã sem que a sua política sofra qualquer tipo de efeito negativo.
Já a revista “Stern” diz que o Brasil está se transformando em um importante “negociador da paz” no Oriente Médio, tendo recebido, em um curto período, o presidente de Israel, Shimon Peres, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e agora Ahmadinejad. O Globo
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