Exemplo chileno

O Chile dará hoje mais uma demonstração de maturidade política em sua bem-sucedida trajetória de 20 anos de redemocratização.

O país realiza o quinto pleito presidencial desde que, em 1989, elegeu o democrata-cristão Patricio Aylwin, pondo fim a 17 anos de ditadura militar. São poucos, hoje, na América do Sul, os países que podem exibir instituições democráticas tão firmes, entre eles, felizmente, o Brasil (aqui, o MOVCC já não concorda com o Editorial do O Globo. Como nunca nossa democracia anda pálida e cada vez mais ameaçada pela máquina petista que se tomou o próprio Estado. É hora de admitir o risco e encarar os fatos: não somos exemplo de coisa alguma. Mas continuemos com a leitura...)

O resultado da votação no Chile pode apontar outra característica dos regimes democráticos: a alternância de forças políticas no poder. O favorito é o empresário Sebastián Piñera, que concorre pelo partido de centro-direita Renovação Nacional.

Embora pesquisas indiquem a necessidade de um segundo turno, a possível vitória de Piñera poria fim a 20 anos de domínio da Concertação, coalizão cujos principais integrantes são o Partido DemocrataCristão e o Partido Socialista e que governa o Chile desde o fim da ditadura de Pinochet. A forma gradual e firme como transcorreu a redemocratização chilena permite prever uma transição tranquila.

Enquanto isso, parte do continente embarca na aventura do “socialismo bolivariano do século XXI”, do venezuelano Hugo Chávez.

Em resumo, é um roteiro para utilizar as instituições para corroer a democracia por dentro, substituindoa por demagogia populista de cunho autoritário. Nesse barco já estão também a Bolívia, o Equador e a Nicarágua. Toda a crise em Honduras gira em torno da tentativa de um bolivariano de última hora, Manuel Zelaya, de incluir o país como satélite do bloco.

O continuísmo típico da receita chavista parece ter contaminado a vizinha Colômbia, na qual o presidente Uribe, depois de duas exitosas administrações, principalmente na pacificação do país, e com a popularidade ainda elevada, quer permanecer no poder, mesmo contra a Constituição.

A Argentina não conseguiu construir instituições estáveis e atravessa um longo período de turbulência política e econômica. No momento, é submetida ao projeto dos Kirchner de perpetuar uma dinastia autoritária e populista no poder, em aberto desafio à ética e à democracia.

Este quadro realça a necessidade de países como o Brasil e o Chile serem firmes não só na defesa de suas conquistas democráticas, mas também na tarefa de desestimular aventuras bolivarianas, continuístas e projetos “dinásticos”. Não por acaso, Chile e Brasil ostentam períodos razoavelmente longos de estabilidade econômica, com melhoria das condições de vida de suas populações.

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