Honduras: Brasil sem saída

Quando uma posição política é superada pelos fatos, é preciso flexibilidade para reavaliá-la. O Brasil, posto no fio da navalha após a chegada a sua embaixada do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, tenta manter uma postura insustentável em relação à crise naquele país, que dura mais de cinco meses.

As eleições do dia 29, previstas antes do golpe contra Zelaya, foram realizadas com sucesso e elegeram um novo presidente, Porfirio Lobo, que assumirá no dia 27 de janeiro.

O Congresso hondurenho vetou a volta de Zelaya ao poder para completar seu mandato por esmagadores 111 votos a 14. Países com o peso dos EUA e da Espanha, em maior ou menor grau, passaram a reconhecer as eleições como o único caminho viável para sacar Honduras da crise. Opinião O Globo

O governo interino (que derrubou Zelaya do poder por seu empenho em mudar a Constituição para se reeleger) tem óbvios problemas de legitimidade. Mas o fato é que passará o poder ao presidente eleito no dia 27 de janeiro.

Em nome de princípios — afirma que a eleição tem o vício de ter sido organizada sob um governo ilegítimo — o Brasil defende no Mercosul o não reconhecimento do pleito, ao lado da Venezuela, que comanda a Alba. São companhias problemáticas.

A Venezuela tem interesse em manter no poder Zelaya, bolivariano de última hora. No Mercosul, a Argentina, endividada com o regime chavista, tem pouca margem de manobra. O Uruguai deve ser observado, já que o novo presidente, José Mujica, quer maior aproximação com Caracas. A posição brasileira foi ultrapassada pelos fatos e obstrui as aspirações de liderança mundial do país. A não ser que aceite ficar a reboque de Chávez na ideia de “bolivarizar” Honduras

Um comentário:

Anônimo disse...

não só no caso Zelaya o Brasil está sem saída.Como fica o amontoado de corruptos liderados pelo boçal Lula da Silva?????