"El País" critica decreto de Lula

REPERCURSÃO NA MÍDIA ESTRANGEIRA
O diário espanhol “El País” publicou artigo com críticas ao decreto. O texto afirma que o plano já foi classificado de “disfarce de um governo de esquerda bolivariano, golpe branco e volta ao passado”, e que “suas 73 páginas se transformaram num plano da discórdia”.Ganhou destaque a possibilidade de uma “democratização da propriedade” que, para o jornal, remete a um “eco da propriedade social de Hugo Chávez”. O Globo


UM PROGRAMA DE ESQUERDA PARA O BRASIL?
O nome é o mais inocente: Programa Nacional de Direitos Humanos, um novo projeto do governo brasileiro, presidido por Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, suas 73 páginas, de repente se transformaram em um plano de discórdia, que foi qualificado como "disfarce de um governo de esquerda bolivariano", de "golpe branco" e de "volta ao passado", que acabou provocando embates entre vários ministros e que alarmou a classe média. Análise de Juan Arias

Segundo os principais analistas políticos do Brasil, o que mais chocou é que o texto em seu conjunto é quase uma cópia do que a esquerda do PT propôs a Lula, como base de seu programa, nas eleições de 2002.

O então candidato acabou rejeitando o plano com sua famosa Carta ao Povo do Brasil, na qual se comprometia, caso fosse eleito, a manter a política econômica neoliberal de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e oferecia todo tipo de garantias jurídicas e políticas sobre a propriedade privada, sobre a liberdade de expressão e a defesa das instituições democráticas, como realmente têm feito até agora.

No mundo das comunicações, jornalistas e associações de jornalistas e empresários se uniram às duras críticas ao programa. De acordo com estas instituições, sob o pretexto de defender os direitos humanos, ele se propõe a limitar a liberdade de expressão, voltando à proposta que já havia sido derrotada, de criar um órgão governamental que controle o setor e decida até que ponto os veículos estão comprometidos com os direitos humanos. O texto prevê retirar a concessão de rádios e de televisão que não sigam as diretrizes oficiais do governo em matéria de direitos humanos. Uma nota assinada por várias entidades do setor de comunicação recorda que a liberdade de imprensa é um direito dos cidadãos e não pode ser tutelada por órgãos governamentais.

A possibilidade de uma "democratização da propriedade" alarmou a classe média, que viu no texto os ecos da “propriedade social”, defendida pelo presidente venezuelano Hugo Chávez. Finalmente, o programa coloca ênfase sobre a possibilidade de se governar o país, através de referendos, o que é visto como uma forma de ataque implícito ao sistema democrático de partidos políticos e independência dos três poderes.

A grande pergunta tem tido sobre a posição de Dilma Rousseff, candidata de Lula, se essa será sua linha de política, caso vença as eleições em outubro. Material completo aqui, no El País Tradução parcial de Arthur para o MOVCC

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