
A Petrobras já compensou os R$ 10 bilhões que deixou de faturar ao manter os preços da gasolina e do diesel defasados em relação à cotação internacional do petróleo entre 2005 e 2008, dizem especialistas.
No ano passado, a empresa chegou a dizer que baixaria os preços quando isso ocorresse - mas não é o que o mercado espera, embora o Brasil tenha uma das gasolinas mais caras do mundo. A compensação ocorreu ao longo de 2009, quando, diferentemente dos três anos anteriores, os preços da gasolina e do diesel vendidos nas refinarias da Petrobras estavam acima das cotações internacionais. Isso aconteceu porque, no auge da crise, a cotação do barril foi derrubada de US$ 140 para menos de US$ 40. Hoje, está entre US$ 70 e US$ 75. Por Samantha Lima
Especialistas ouvidos pela Folha calculam que a Petrobras já tenha conseguido recuperar, só no ano passado, entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões.
Quase um quarto do petróleo refinado no Brasil é importado, porque parte das refinarias brasileiras não processa o óleo pesado produzido no Brasil. Então, quando o óleo importado está mais caro lá fora, como ocorreu entre 2005 e 2008, os custos da Petrobras para produção dos combustíveis sobem -segundo especialistas, não chega a ocorrer prejuízo.
Além disso, nesse período a Petrobras perdia dinheiro ao importar diesel, já que comprava mais caro e vendia ao preço tabelado no Brasil. Segundo analistas, o impacto dessa política é menor do que o gerado pela importação de petróleo.
"Uma empresa privada, em um mercado aberto, repassaria essas variações de custos aos preços finais", diz Nelson Rodrigues, analista de petróleo do Banco do Brasil.
Isso, porém, aconteceu de forma tímida, por determinação do governo, já que a alta dos combustíveis tem impacto direto na inflação e reflexos em toda a cadeia produtiva.
O único aumento para ajuste ao cenário externo, antes da crise, foi em maio de 2008, quando a gasolina subiu 10%, e o diesel, 15%. Para segurar o efeito na inflação, o governo reduziu a Cide, tributo que incide sobre os combustíveis.
No início de 2009, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que os combustíveis só seriam reduzidos quando a estatal compensasse as perdas com a defasagem de preço dos anos anteriores.
Em junho, justificando realinhamento com preços internacionais, o governo autorizou corte na gasolina nas refinarias em 4,5%, e no diesel, em 15%. Ao consumidor, porém, o impacto foi de só 9,6% para o diesel e nulo para a gasolina, já que o governo aumentou a Cide.
Antes de junho de 2009, segundo a consultoria especializada CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), na média, os preços do diesel nas refinarias ficavam 33% acima dos praticados no golfo do México, mercado mais próximo. Até maio, a alta era de 52%, mas, com a queda no barril e o corte no preço no Brasil, chegou ao fim do ano a 20%.
No caso do preço da gasolina nacional, a diferença era de 59% até maio, caindo para 29% pelo mesmo motivo em relação ao diesel. Na média, ficou 41% acima dos preços externos.
Para os especialistas, a tão esperada redução de preço não virá. "O preço que não traria nem perdas nem ganhos à Petrobras é de US$ 90 por barril. E, como esse preço não está longe, acho difícil que mudem agora", diz Rodrigues.
Para Adriano Pires, diretor do CBIE, a estatal vai reforçar o caixa. "Essa folga deverá ser mais uma fonte de recursos para os planos de exploração do pré-sal e, por isso, não deverão abrir mão dela", diz.
Procurada, a Petrobras não se pronunciou.- Folha de S. Paulo
COMBUSTÍVEL É MAIS CARO NO BRASIL DO QUE NOS PAÍSES VIZINHOS E EUA
O preço do litro da gasolina no Brasil é superior ao valor cobrado nos postos dos EUA e de países vizinhos como Argentina e Chile. Em relação a outras grandes economias, a cotação é similar à do Japão e inferior à da União Europeia, onde o produto paga pesados impostos.
Segundo pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo), os postos no país cobravam em média R$ 2,59 pelo litro da gasolina na semana passada -ou 80% mais que o valor despendido pelos motoristas nas estradas dos EUA.
Os preços no Brasil estão distantes até mesmo dos cobrados nos países latino-americanos. Na Argentina, o valor gira em torno de R$ 1,53, e, no Chile, R$ 2,02. Na América Central, um dos países com a gasolina mais cara é a Nicarágua, mas ainda assim o preço é 40% inferior ao do Brasil. No México, tradicional produtor de petróleo, o litro custa R$ 1,10.
Na Austrália, mesmo na região mais cara, a gasolina ainda é 8% mais barata que no Brasil.
No Japão, o valor do litro era de 127,2 ienes, o que, pela cotação da última sexta, dá R$ 2,57 -preço similar ao brasileiro.
Na comparação com os europeus, porém, o Brasil sai ganhando. Lá, o litro mais caro é o da Holanda (R$ 3,81), sendo que 67% do valor é tributo. Mas, em países como Chipre e Bulgária, é possível encontrar combustível mais em conta que o brasileiro. Por Álvaro Fagundes – Redação da Folha de São Paulo
GOVERNO DIZ QUE BRASIL COGITA IMPORTAR ÁLCOOL DOS EUA
Você vai dizer que, num país como o Brasil, basta abrir um jornal ou uma janela na internet para dar de cara com o inusitado. Verdade.
Mas às vezes a realidade, essa caprichosa e imprevisível senhora, carrega demais no insólito. Depois de aturar todo aquele lero-lero do Lula sobre biocombustíveis, o consumidor brasileiro descobre-se agora sem álcool.
Não é só. O ministro Edison Lobão, das Minas e Energia, informa que o Brasil pode ser compelido a importar álcool dos EUA.
Repetindo: o Brasil, paraíso da cana, cogita mandar vir dos EUA o álcool produzido à base de milho.
“Nós não gostamos da ideia e preferimos arrumar soluções internas. Mas não está descartada a possibilidade”, disse Lobão.
Justiça seja feita: de todos os setores do governo, o energético é aquele em que a incompetência é exercida com maior competência. Blog Josias de Souza - Folha Online –
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