O risco de ser cúmplice de uma ditadura criminosa

Carta do Ex-Presidente da Venezuela, Carlos Andrés Pérez, publicada ontem no ABC do Paraguai

Chávez celebra novamente seu intento de magnicídio e de assassinato de minha família, crime pelo qual ainda não foi processado. Incrivelmente as Forças Armadas que foram traídas em 1992, se prestam a participar de tal infâmia.

Este ano, culmina entregando oficialmente a soberania da Venezuela a um criminoso de nível olímpico, o cubano Comandante Ramiro Valdés. Seria uma vergonha chegar ao bicentenário como uma colônia de Cuba.

O chefe da quadrilha que seqüestrou a Venezuela, o tenente-coronel Hugo Chávez, continua celebrando o dia 4 de fevereiro como um dia de festa nacional. Como se fosse um feito militar de um grupo de traidores que faltaram ao seu juramento de obediência à Constituição e que causaram a morte de tantos inocentes.

Tentaram assassinar-me em meu gabinete e ordenaram o ataque à residência presidencial de La Casona, em um ato de covardia sem precedentes, com fuzis e até com morteiros onde se encontrava minha família.

Esta tentativa de magnicídio frustrada igualmente à tentativa de assassinato de minha família, liderada por Hugo Chávez, representam atos infames e sem precedentes na Venezuela - para os quais, estou seguro, ele vai acabar sendo condenado. Não é por acaso que o senhor Chávez fica inventando conspirações para matá-lo. Obviamente, que os que como ele mandam matar, temem que o mesmo aconteça com eles. Não se esqueçam do velho ditado: "Aquele que com ferro mata, a ferro morre."

Hoje, o meu apelo aos venezuelanos é que celebremos o Bicentenário da Independência Nacional recorrendo a todas as instâncias e recursos que nos conferem nossos direitos cidadãos, libertando-nos de Cuba e de Chávez. O compromisso é o de enfrentar local e internacionalmente ao regime que utiliza as armas da República para atropelar, e até matar, estudantes.

Estou confiante de que as Forças Armadas respondam à sua obrigação constitucional ante o comportamento de um chefe de Estado que se comporta como chefe de uma gangue.

E me refiro às Forças Armadas porque o regime está montado sobre suas armas e porque as outras instâncias - a Assembléia Nacional e o Tribunal Supremo de Justiça - são subordinados vergonhosos do senhor Chávez. Comportamento cúmplice pelo qual deverão responder amanhã.

Mais uma vez lembro aos integrantes das Forças Armadas, aos magistrados e deputados para que leiam com atenção o Estatuto de Roma da Corte Penal Internacional, e conheçam o que têm reservado em seu futuro imediato, a todos os que cooperam nos crimes e desmandos do regime.

Aos meus compatriotas devo advertir que a sobrevivência do regime cubano depende da permanência de Chávez no poder, razão pela qual a experiência criminosa do enviado cubano Valdes em matéria de espionagem, repressão, controle de informação e censura da Internet e das redes sociais será utilizado ao máximo.

A repressão do regime vai acelerar. O fechamento da RCTV Internacional é apenas um aperitivo do que está vindo em um país onde apenas se mantém um canal de televisão nacional independente.

Eu não posso me somar à ilusão de concentrar todos os nossos esforços em uma eleição em setembro, quando tudo aponta que, até essa data, o regime terá culminado sua ação de aperfeiçoar o que sem dúvida é uma ditadura com acento comunista, totalitário.
ABC Digital - [© Firmas Press] – Tradução de Arthur para o MOVCC

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