Eis o PT de volta à sua natureza. O partido tem seus objetivos, e a sociedade que se dane!

A Apeoesp, sindicato dos professores da rede oficial de ensino, presidido pela notória Bebel, lidera amanhã uma manifestação que pretende reunir 40 outros sindicatos e associações do funcionalismo no chamado “bota-fora de Serra”. Nesta quarta, o governador deixa o Palácio dos Bandeirantes para se candidatar à presidência da República por uma aliança de partidos encabeçada pelo PSDB. A concentração está marcada para o vão livre do Masp; em seguida, as entidades participam (!) da assembléia da Apeoesp — que certamente decidirá pela continuidade da greve (que não pegou) —, e depois todos seguem em passeata para a Praça do Patriarca. Apareçam 1.000, 5.000 ou 20.000 pessoas, já se sabe que a perturbação será grande. Dispenso-me de evidenciar aqui que se trata de uma manifestação POLÍTICA E PARTIDÁRIA. Isso já está evidenciado o que basta. Por Reinaldo Azevedo

Sindicatos e lideranças empenhados nesse movimento são braços do PT, e não estou escrevendo nada que não seja público, notório, demonstrável sem qualquer esforço. A questão que me interessa é de outra natureza: a democracia brasileira deve conviver com isso? Não estamos diante de uma clara afronta às regras de convivência pactuadas na Constituição, estabelecidas em lei e garantidas pelo estado de direito? Ora, não se trata, é evidente, de NEGAR (eu o questiono, é outra coisa!) o direito de greve, assegurado pela mesma institucionalidade que proíbe que sindicatos sejam esbirros de partidos e mobilizem suas respectivas máquinas em favor de candidaturas.

Quando Bebel, aos berros, lembra em assembléia a eleição de 3 de outubro e jura que “Serra não será presidente”, “que isso está escrito nas estrelas” — a estrela é o símbolo do seu partido —, revela o espírito que anima o protesto. O PT mobilizou o seu braço sindical para combater um adversário político fora da disputa propriamente eleitoral, aquela regulada por legislação específica. Trata-se de uma óbvia violência política. Na quinta-feira, Dilma Rousseff e a presidente da Apeoesp participaram de um comício (!?) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Ao arrepio da lei tanto num caso como no outro, o petismo mobiliza sindicatos em favor de sua candidata e contra o adversário. E essa tem sido uma “rotina histórica” do petismo. Ora, estarão os servidores dos estados em que o PT é governo a viver no melhor dos mundos? E por que não vemos mobilizações de rua? Porque a mesma máquina sindical que vai à guerra também pacifica; a mesma máquina sindical que se comporta com virulenta combatividade pode ser exemplarmente pelega quando se trata de proteger “o partido”.

Os movimentos grevistas só começaram a pipocar quando ficou claro que Serra seria mesmo candidato. Enquanto persistia a dúvida, os sindicatos ficaram numa mobilização constante, mas fria o bastante para recuar. Quando ficou evidente que seria o governador de São Paulo a enfrentar Dilma Rousseff, então os militantes se pintaram para a guerra.

Esses eventos evidenciam que o PT pode adquirir pêlo e hábitos novos, mas jamais perderá o velho vício e negará a sua natureza, a matriz de que é feita, que nega a essência da democracia. Não fosse assim, não subordinaria sindicatos aos interesses partidários nem os mobilizaria, com impressionante virulência, contra um adversário. Isso nada tem a ver com simpatias por esse ou por aquele. Isso tem a ver, reitero, com legalidade. As causas que dizem respeito à sociedade ou a parcelas dela não podem servir de instrumentos do jogo do poder.

Vocês repararam que não se fala mais em greve em empresa privada? A força do sindicalismo, hoje, está no setor público e nas estatais, e os interesses de partido, sindicato, e servidores se misturam. Sou contra o direito de greve de servidores. A Constituição o assegura, sei disso, e não estou sugerindo que ela seja descumprida — até porque só as esquerdas têm a natural prerrogativa de jogar a Carta no lixo… Sou contra, sem exceção, por uma razão simples: os únicos prejudicados são os cidadãos. Quem perde com profissionais da saúde que decidem não trabalhar? Os doentes. Quem perde com professores que cruzam os braços? As crianças. Quem ganha com policiais que não trabalham? Os bandidos! Por que a sociedade tem de ser refém de categorias profissionais?

Ora, se greves de servidores, fora do ambiente eleitoral, já são uma agressão a uma penca de direitos constitucionais dos não-servidores — a esmagadora maioria da sociedade —, imaginem, então, quando esses movimentos têm o manifesto objetivo de impedir a eleição de um adversário do partido que tem, também o arrepio da lei, o comando dos sindicatos.

Eis o PT de volta à sua natureza. Ele tem seus objetivos, e a sociedade que se dane!


3 comentários:

Anônimo disse...

Esta BEBEL têm que levar um TIRO bem no centro do C***

Airton Leitão disse...

Será que o número 40 é cabalístico para o PT? Já tem os 40 de Zé Dirceu respondendo processo no STF por causa do Mensalão do PT e vêm aí os 40 sindicatos da baderna.

bellzinham@hotmail.com disse...

E todos os figurantes já foram devidamente aprovados e contratados para o patético espetáculo mambembe produzido e dirigido pelo PT do Lula. Os tontos dos trabalhadores filiados nos sindicatos e que pagam religiosamente a mensalidade, estão pagando mais essa palhaçada do PTSMO.