Repressão. Guillermo Zuloaga, homem forte da Globovisión que havia criticado Chávez em reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), foi acusado de 'vilipêndio'; medida cautelar garante a ele liberdade provisória, mas o impede de deixar o país.
A Venezuela intensificou ontem o cerco contra opositores do presidente Hugo Chávez com a prisão do empresário Guillermo Zuloaga, presidente da TV Globovisión, única emissora de oposição ao líder venezuelano. Zuloaga, acusado de "ofensa e vilipêndio" ao presidente, foi detido quando se preparava para embarcar num jatinho para uma ilha do Caribe. AFP, Reuters e AP, Caracas - O Estadao de S.Paulo
Horas depois, Zuloaga foi levado a um tribunal e um juiz determinou a libertação dele com uma medida cautelar que impede sua saída do país. "Sob nenhum aspecto eu estava fugindo", disse Zuloaga depois de ser libertado. Questionado sobre se é um delito opinar na Venezuela, ele disse: "Definitivamente, há meios de comunicação com os quais o governo não tem simpatia e busca mudar de qualquer modo sua maneira de atuar, coisa que não conseguiram com a Globovisión."
Em um incidente separado, a polícia prendeu um deputado chavista dissidente. Com as prisões de ontem, aumentou para três o número de opositores detidos esta semana. Na noite de segunda-feira, a polícia prendeu Oswaldo Álvarez Paz, ex-governador do Estado de Zulia.
A onda de detenções fez crescer as acusações de que estaria ocorrendo no país uma "repressão contra as vozes críticas" a Chávez. Com a popularidade em risco por causa da crescente criminalidade e pela crise energética que abala o país, Chávez estaria, segundo analistas, tentando controlar os danos à sua imagem, já de olho nas eleições legislativas de setembro.
Zuloaga estava na mira do chavismo desde que criticou o presidente venezuelano durante uma reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), em Aruba, na semana passada. "Não se pode falar em liberdade de expressão em um país quando o governo usa a força para fechar os meios de comunicação", disse o empresário no encontro. A Assembleia, dominada por chavistas, pediu em seguida que a Justiça iniciasse uma investigação contra o empresário por fazer "acusações falsas" contra o governo com o objetivo de "criminalizar" a imagem do Executivo. Na tarde de ontem, funcionários da Divisão de Inteligência Militar impediram Zuloaga de embarcar em um voo no aeroporto de Punto Fijo, no noroeste do país, com destino a Bonaire, nas Antilhas Holandesas, onde a Semana Santa.
A procuradora-geral, Luisa Ortega, disse que um tribunal de Caracas havia emitido uma ordem de captura contra o empresário porque ele tinha a intenção de "abandonar o país para escapar da perseguição penal". Segundo ela, Zuloaga foi preso por "ofensa e vilipêndio" a Chávez. O empresário desconhecia a existência da ordem de prisão.
A outra prisão do dia, do deputado Wilmer Azuaje foi cercada de mistério. A presidente da Assembleia, Cilia Flores, afirmou que ele foi preso "em flagrante", mas não deu detalhes. Já o ex-governador Oswaldo Álvarez Paz foi acusado de conspiração, de espalhar informações falsas. Em um programa de TV, ele acusou Chávez de ter vínculos com o narcotráfico. /
Internet
No início do mês, Chávez (foto) disse que havia a necessidade de regular a internet. Dias depois, a Procuradoria sugeriu que a Assembleia Nacional deveria legislar sobre o tema
Controle
6
Foi o número de emissoras de TV a cabo fechadas pelo governo em janeiro por se recusarem a transmitir mensagens oficiais
RCTV
Em maio de 2007, sinal aberto de emissora, que era grande crítica do governo, foi retirado do ar por decisão de Chávez, que se recusou a renovar sua concessão
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