Em entrevista, Lula comparou Dilma a Mandela

Se Lula continuar forçando um pouco mais, a Dilma ( ex-guerrilheira e assaltante de banco), será comparada a Madre Tereza de Calcutá. Considerando quem é Dilma, foi ofensiva a comparação com Mandela. Quanto ao comentário que fez à sua possível nomeação ao cargo de secretário geral da ONU, Lula se colocou acima dos países, ressaltando em auto-elogio "esplendoroso" sobre sua figura que paira acima do planeta. É só conferir assistindo ao vídeo. MOVCC/ Gabriela

Lula falou, na noite passada, ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes. No pedaço da entrevista dedicado à sucessão, revelou: vai ao palanque. Do modo como se expressou, o presidente deu a entender que, iniciada a campanha presidencial, em julho, haverá dois Lulas: o chefe de Estado e o petista.
“No exercício da Presidência, não tenho candidato. Todos são meus candidatos. Depois do horário do expediente, eu vou ter candidato. Vou pra rua fazer comício. Vou no sábado e domingo. [...] Quando terminar o expediente, aí, sim, tenho candidato, porque tenho partido e vou apoiar”.
A certa altura, referindo-se ao passado guerrilheiro de sua candidata, Lula comparou-a ao líder sul-africano Nelson Mandela. Disse que as pessoas terão “uma extraordinária surpresa” com Dilma, caso ela prevaleça nas urnas de 2010. Fez referência ao filme Invictus. “Mostra a grandeza do Mandela em estabelecer a unidade na África do Sul”.
Lembrou que, depois de passar 27 anos na cadeia, Mandela governou seu país “sem ódio”. O mesmo ocorre, segundo Lula, com José Mujica, um ex-preso político que acaba de ser eleito presidente do Uruguai: Blog do Josias de Souza

“Ficou seis anos na solitária. [...] E não tem ressentimento”. Acha que ocorre coisa semelhante com Dilma. Contou o que ouviu de sua então chefe da Casa Civil quando visitou com ela “o quartel do 2º Exército, em São Paulo”.

“Ela disse: ‘Foi aqui que eu fui presa. E eu não tenho ressentimento. Aquilo faz parte do meu passado, quero construir minha vida pra frente’. Eu tenho dito pra ela: sua grande vitória é ser, hoje, candidata”. A surpresa com Dilma virá, segundo Lula porque, além da “competência para o debate político, ela é uma mulher sem rancor, sem mágoa”.

“Depois de ficar presa três anos e meio e passar pelas barbáries da tortura, não tem um grau de ressentimento. O Brasil está precisando disso”. Disse estar convencido de que a pupila será eleita. As referências a Dilma foram feitas em resposta a uma pergunta que levantou dúvidas sobre as “afinidades ideológicas” entre os dois.

Antes, Lula fora inquirido sobre as teses polêmicas que, vez por outra, “pipocam” em documentos de seu governo. Entre elas a idéia de controlar meios de comunicação. Que efervescência e essa?, perguntou-se a Lula. Essas idéias podem ser implementadas no seu governo ou numa eventual gestão Dilma?

Depois de algum lero-lero, Lula, espremido, soou, finalmente, peremptório: “Tem três setores que podem controlar a imprensa: na TV, o telespectador; no rádio, o ouvinte; e no jornal, o leitor”. Alvíssaras!

Antes, Lula dissera aos entrevistadores que, na sua gestão, foram feitas mais de 67 conferências nacionais. Entre elas uma de comunicação. Explicara que nem todas as teses defendidas nessas conferências são encampadas pelo governo. Só vai virar projeto de lei “aquilo que interessar ao país e ao governo”.

Lula chamou de “covardes” os dirigentes do setor que faltaram à conferência de comunicação. “Não teve loucura nenhuma” no encontro, disse. Referiu-se a “um encontro de empresários e jornalistas”, ocorrido em São Paulo, nas pegadas da conferência de Brasília. “Eu fiquei assustado com os discursos”.

O que o assustou? “O medo de fantasmas que inexistem nesse país”. Disse ter encomendado ao ministro Franklin Martins (Comunicação Social) um estudo. Quer saber que tipo de controle outros países exercem sobre os meios de comunicação. Fez menção a algo que o desagrada na TV: violência e drogas.

“Isso tá das cinco da manhã até a meia-noite, todo santo dia, em quase todos os canais de televisão”. Lula foi atalhado. Lembrou-se a ele que a TV não faz senão reproduzir o que vai nas ruas. O presidente disse que não se referia ao noticiário, mas aos filmes “enlatados”.

E empilhou temas que, a seu juízo, deveriam ser levados ao ar: a paz, a educação, a cultura. Recordou-se a Lula que não cabe ao governo definir a pauta das emissoras. Ele respondeu que nenhum jornalista poderia alegar que seu governo tentou cercear-lhe a liberdade de imprensa. “Houve tentativas”, disse Boris Casoy, um dos entrevistadores.

E Lula: “Houve mais censura dos seus donos do que do governo”. Diante da insistência de Boris, Lula pediu que dissesse a que tentativa de cerceamento se referia. Boris citou o projeto de criação de um conselho nacional de jornalismo.

Lula disse que a ideia não foi do governo, mas da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). Sim, mas virou projeto do governo, Boris insistiu. E Lula: “Você, como democrata, não deve ter medo do debate. O tempo em que as coisas eram construídas no gabinete de um homem de roupa verde acabou. Agora é o seguinte: quem quiser construir vai ter que debater”.

“Não existe ninguém que seja mais democrático do que eu. Pode ter igual. Mais eu duvido. E não existe ninguém que seja tão resultado da liberdade de imprensa do que eu”. Foi nesse ponto que Lula listou os “três setores que podem controlar a imprensa: telespectador, ouvinte e leitor.

E quanto ao governo Dilma? Depois de fazer o paralelo com Mandela e Mujica, Lula disse: “O Brasil precisa parar com o preconceito, com o rancor. A democracia é uma coisa tão extraordinária, as pessoas tem idéias, debatem, vencem são derrotadas. Vou pra campanha hoje e ninguém tá com medo...”

“...Ah, vai ganhar fulano vai ter inflação, vai ganhar cicrano vai ter dívida externa, vai ganhar fulano vai fugir 800 mil empresários [referência a uma frase do ex-presidente da Fiesp, Mario Amato]. Acabou, gente. Quem quer que ganhe as eleições nesse país tem que ter responsabilidade. O povo vai perceber quando o cara quiser brincar com a democracia”.

Lula lembrou que, se quisesse, poderia ter reivindicado o terceiro mandato. Por que não fez? “Porque eu aprendi a não brincar com a democracia, um valor incomensurável para uma nação. Brincar com a democracia, não brinco, porque eu já vivi sem ela. E não quero mais viver sem ela”.

Pressionando aqui, você chega aos vídeos que reproduzem a íntegra da entrevista de Lula. Ele repete o que vem dizendo sobre a crise internacional, diálogo com o Irã, PAC e o futuro de 5ª potência mundial que imagina reservado ao Brasil. De resto, nega que tenha a pretensão de tornar-se secretário-geral da ONU.
Josias de Souza

3 comentários:

Partido Alfa disse...

Socialistas são habeis com as palavras. Mas essas mesmas palavras só encontram eco nas cabeças fracas, mantidas a base de Bolsa Familia.

Joana D'Arc disse...

Esse herege deveria ser queimado em praça pública feito 'churrasquinho' de camelô que é para não soltar mais nenhuma bobagem por essa boca imunda...

Daqui a pouco elle vai dizer que ella é a Madre Tereza de Calcutá e que elle é mais famoso do que o Pelé!

Saramar disse...

O Luiz Inácio nunca deixa de cometer o chamado ato falho. Veja a contradição:
Se considera que os únicos controladores da mídia são os ouvintes, os telespectadores e os leitores, por que encomendou ao Franklin Martins um estudo sobre o "tipo de controle outros países exercem sobre os meios de comunicação"?
Ora, se fosse um democrata como apregoa, renegaria, por princípio, qualquer tipo de controle sobre os meios de comunicação.
Este homem não é uma metamorfose, é uma farsa ambulante.