OPÇÃO QUE RESTA
Peluso e seus colegas sabem que
a intervenção é a única saída
Quis a sorte que os destinos de Brasília e do paulistano Antonio Cezar Peluso se encontrassem no mais decisivo momento da vida de ambos. Na sexta-feira da semana passada, Peluso assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça. Pelos próximos dois anos, portanto, ele será o líder do Poder Judiciário. Como presidente do STF, Peluso terá o difícil encargo de relatar o pedido de intervenção federal em Brasília, proposto recentemente pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, como consequência das investigações que desnudaram a absoluta corrosão institucional da capital do país, hoje carcomida inteiramente pelos cupins da corrupção. Para Brasília, a cidade-monumento que completou cinquenta anos na quarta-feira com o espírito alquebrado, a intervenção resta como última esperança para um futuro livre dos erros do passado. Para Peluso, a intervenção impõe-se como um teste de fogo, no qual ele será chamado a provar que está à altura das difíceis responsabilidades do cargo.
Poucos ministros são contrários à necessidade da intervenção. Entre os receosos, a dúvida reside apenas na eficácia da medida - e no possível uso político dela. Diz um ministro: "O problema é que cabe ao presidente da República escolher o interventor. E se Lula optar por alguém que use o cargo para ajudar na eleição de um aliado?". Nesse cenário de incertezas, o voto de Peluso será determinante. A Constituição prevê a possibilidade de intervenção federal em estados nos quais o "regime democrático" esteja sob ameaça de ruir. Nunca se havia cogitado o uso desse traumático expediente - até virem a público, no fim do ano passado, os irretorquíveis vídeos mostrando que Brasília está sob o comando de uma poderosa organização mafiosa, infiltrada há vinte anos em todos os escalões do poder público. Diego Escosteguy - Veja
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