Oposição constrange Amorim ao lembrar apoio a Serra em 2002

A oposição constrangeu o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) nesta terça-feira ao afirmar que o chanceler trabalhou para ocupar o cargo em um eventual governo de José Serra (PSDB), nas eleições de 2002 --derrotado nas urnas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ao classificar Amorim de "neo-petista", o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) criticou a política externa brasileira no que diz respeito à proximidade com líderes de esquerda sul-americanos e a abertura de embaixadas brasileiras em uma série países durante o governo petista.

"O seu candidato foi o Serra. O senhor trabalhou para ser ministro das Relações Exteriores. Aliás, o senhor começou como collorido, na época do Collor. Vossa Excelência sempre agiu em todos os governos de maneira absolutamente irreparável, só faço referência ao seu neo-petismo, que é comovente", ironizou Tasso. Por Gabriela Guerreiro - da Folha Online


Amorim disse que, como diplomata de carreira, sempre trabalhou em governos de diversos partidos. Mas negou ter sido convidado por Serra para ocupar o Ministério das Relações Exteriores numa eventual gestão tucana.

"Fui ministro do ex-presidente Itamar Franco e sou amigo pessoal e tenho estima pelo governador José Serra. Se ele considerou ou não o meu nome, eu só li isso nos jornais, ele nunca me disse nada disso." Em resposta, Tasso disse que Serra não transmitiu o recado para Amorim porque "tem grande capacidade de guardar segredos".

O ministro, por sua vez, disse esperar que o novo presidente eleito em outubro continue a "perseguir o ideal" de que o Brasil seja membro permanente do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). "São interesses nacionais fortes, já eram antes no governo FHC e continuam", disse o ministro.

Durante a audiência, ele disse que a sua candidata à Presidência este ano é a ex-ministra Dilma Rousseff, do PT.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), discordou de Amorim ao afirmar que o novo presidente não deve manter a busca por uma vaga permanente do Brasil. "Eu recomendaria que nós recompuséssemos a ONU, que está ficando com cara de liga das nações, de universidade europeia que a gente discute muito, mas decide pouco", disse Virgílio.

Segundo Tasso, se Serra for eleito presidente em outubro, o ex-governador de São Paulo não terá entre as suas prioridades o diálogo com líderes esquerdistas latino-americanos.

"Não temos do ponto de vista econômica nenhuma dessas ações de apoio a essas fanfarras, a roubos desses líderes latino-americanos ou africanos. Sair abrindo embaixada em toda esquina,em todo paizinho que não tem o menor sentido por US$ 400 mil porque uma empreiteira quer construir um aeroporto, acho que Vossa Excelência se enganou", disse o tucano.

Sabatina

Amorim compareceu hoje à Comissão de Relações Exteriores do Senado depois que o PSDB suspendeu as sabatinas de todos os embaixadores indicados pelo governo federal na comissão até que o ministro fosse explicar a política externa do governo Lula. O chanceler falou por mais de três horas aos senadores.

O gesto dos tucanos foi uma resposta ao que chamam de "trapalhadas" do governo federal no campo diplomático. Virgílio chegou afirmar que o PT "rompeu com a política externa brasileira" em consequência de erros cometidos pelo Executivo.

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