colaboração para Folha
A casa onde nasceu o papa Bento 16, na cidade de Marktl am Inn, no sul da Alemanha, amanheceu pichada com frases obscenas de conotação sexual " tão ofensivas que não se pode reportar", conforme publicou a imprensa local.
De acordo com um porta-voz da polícia da Alta Baviera, região de onde Joseph Ratzinger é originário, os escritos fazem referência aos escândalos de pedofilia que vieram à tona recentemente e envolvem religiosos católicos em várias partes do mundo.
Os grafites foram feitos com spray na noite passada e descobertos por um pedestre por volta das 6h da manhã de hoje no horário local (23h de ontem em Brasília).
O ato de vandalismo é cometido alguns dias antes do aniversário de 83 anos do pontífice, que nasceu em Marktl am Inn em 16 de abril de 1927.
Tendo ocupado os cargos de arcebispo de Munique e Freising (1977-1982) e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (1981-2005), Bento 16 vem sendo questionado por seu papel na punição de pedófilos quando ocupava ambas funções.
A Igreja Católica enfrenta escândalos de abuso sexual em países como Alemanha, Irlanda, Espanha, México, Itália, Áustria, Holanda, Estados Unidos, Brasil, Canadá, França, Suíça, Noruega, África do Sul, Dinamarca, Nova Zelândia e Reino Unido, entre outros.
Protestos e manifestações contrárias à Igreja Católica já foram registrados na Itália e outros países da Europa, e no Reino Unido houve um pedido de prisão do pontífice.
Crise
Ainda hoje o Vaticano afirmou que o papa Bento 16 está disposto disposto a reunir-se com mais vítimas de abuso sexual, mas não sob pressão da mídia, e rejeitou os apelos para que o papa seja preso quando visitar o Reino Unido, em setembro deste ano.
Um advogado do autor e ativista ateu britânico Richard Dawkins disse em Londres, no último final de semana, que tentará fazer com que o papa seja detido para ser interrogado com relação às acusações de que a Igreja teria acobertado casos de abusos sexuais de crianças por sacerdotes.
Indagado sobre isso em um briefing sobre a visita que o papa fará a Malta no final de semana, o porta-voz do Vaticano padre Federico Lombardi ridicularizou a ideia. "É uma ideia no mínimo bizarra. Parece que a intenção é chamar a atenção da opinião pública. Acho que eles deveriam procurar algo mais sério e concreto antes de respondermos."
" A visita do papa (ao Reino Unido) é uma visita de Estado. Seria muito estranho se, durante uma visita de Estado, a pessoa convidada a fazer a visita fosse detida", disse ele.
Cientista e crítico declarado da religião, Dawkins pediu a advogados de direitos humanos que estudem a possibilidade de serem feitas acusações criminais contra o papa durante sua visita ao Reino Unido, marcada para 16 a 19 de setembro.
O Vaticano rejeita acusações de que o papa, enquanto ocupava os cargos que ocupou antes de ser eleito pontífice, em 2005, teria ajudado a acobertar abusos cometidos por padres, e acusa a mídia de travar " uma campanha desprezível de difamação" contra ele.
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