Se Lula quer um endosso legal para o que vem fazendo, ele quer, então, uma lei que acolha o vale-tudo.

Hoje, pela manhã, eu procurava por matéria que tocasse exatamente no ponto que mostrasse que muitas “autoridades” que ocupam cargo neste governo sem compromisso e, sem respeito às leis, dizem coisas que estarrece a quem deseja viver num pais assegurado pelas leis e o respeito à democracia.
O ministro Luiz Paulo Barreto (Justiça) considerou que o presidente Lula agiu corretamente em Brasília, durante o evento realizado no dia (08). O presidente afirmou que os políticos “não podem mais ficar submetidos a decisões de um juiz a cada eleição”. Para o Ministro Barreto, Lula agiu corretamente ao pedir que legislação eleitoral seja mais clara e objetiva. O ministro ainda afirmou que os códigos de conduta "precisam ser aperfeiçoados. Ora, se Lula está certo na opinião do Ministro Barreto, ( Justiça) fica compreendido que “aperfeiçoar” na opinião de Barreto significa levar à ruína todas as instituições. (foto) do atual Ministro da Justiça do Brasil. ( MOVCC)


DEPREDADORES DE INSTITUIÇÕES

Uma das práticas típicas de depredadores de instituições é usar problemas reais para propor soluções erradas ou deletérias. Dou um exemplo extremo: existe impunidade no Brasil? Bem, então vamos matar os bandidos mesmo sem julgamento. Outro exemplo: a desigualdade social no Brasil é grande? Então vamos roubar de quem tem e dar para quem não tem. É desnecessário dizer que tais “soluções” conduziriam um país à barbárie.

Os autoritários, de direita e de esquerda, fascistas e comunistas — muito parecidos e, na verdade, com matrizes comuns —, são especialistas nessa degeneração. Por isso, só podem exercer o poder numa ditadura. Os rituais legais nem sempre fazem a justiça imediata; nas democracias, são o antídoto contra tentações totalitárias.

Muito bem. Vamos da questão mais geral para a particular. O Brasil está com um novo ministro da Justiça, com a saída do “poeta” Tarso Genro para disputar o governo do Rio Grande do Sul. O nome do rapaz é Luiz Paulo Barreto. E ele decidiu comentar a declaração de Lula sobre a Justiça Eleitoral. Leiam: Por Reinaldo Azevedo


“A legislação tem que ter regras claras. Se não tem, fica muito ao poder subjetivo a análise de conduta”.

Ele aproveitou para criticar a “judicialização da política”. Entendo. Tudo muito procedente. Eu também sou contra a judicialização da política. Eu, um jornalista, um cronista político, ataquei a abordagem subjetiva da lei naquele seminário do Instituto Millenium sobre liberdade de expressão — que tanto incomodou o Planalto e Lula em particular, que chegou a se referir ao evento de modo nada elogioso, o que é um bom sinal…. para o encontro.

Pois é… Só que eu não uso recursos públicos para defender um candidato ou candidata à Presidência da República; eu não convoco sindicatos para fazer proselitismo político, a exemplo do que acontecerá amanhã em São Bernardo e do que já aconteceu nas ruas de São Paulo.

Então volto à questão geral. O sr. Barreto aproveita um debate que tem, sim, fundamento para defender um discurso e uma prática inaceitáveis do presidente da República. É a isso que chamo “depredar” instituições, rebaixá-las. Tal tese na boca de Barreto ou de Lula não tornará a política mais moral, mais ética, mais decorosa. Muito pelo contrário. Se Lula quer um endosso legal para o que vem fazendo, ele quer, então, uma lei que acolha o vale-tudo.

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