Elo entre Al Qaeda, tráfico e brasileiros mobiliza PF

Em gravação, militantes ligados à rede terrorista citaram contatos no país

Brasileiros ajudariam grupo a enviar até uma tonelada de cocaína da Colômbia ao Mali; lucro seria usado em ataques

SÉRGIO DÁVILA
EDITOR-EXECUTIVO

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

A Polícia Federal tenta desvendar um enigma que mistura a rede terrorista Al Qaeda, tráfico de cocaína para financiar ações do terror e um grupo brasileiro de supostos contrabandistas.
A investigação visa identificar quem são os brasileiros citados por militantes ligados à Al Qaeda, que ajudariam o grupo terrorista a colocar entre 500 kg e uma tonelada de cocaína em Mali, na África Ocidental.
A aparente conexão brasileira foi descoberta com a prisão, em dezembro do ano passado, de três militantes de um braço da Al Qaeda que atua entre Gana, Mali e Argélia, na África Ocidental.
O trio -Omar Issa, Harouna Touré e Idris Abdelrahman- é de Mali, foi preso em Gana e deportado para Nova York, onde será julgado. Folha de S.Paulo

É a primeira prisão de integrantes da Al Qaeda num caso que o governo dos EUA classifica de narcoterrorismo -a venda de drogas para financiar ações armadas.
Touré era o contato com os brasileiros, de acordo com uma investigação da DEA (Drug Enforcement Administration, a agência americana antidrogas).

Em conversas telefônicas e gravações em vídeo, Touré diz que traria a cocaína da Colômbia com a ajuda de brasileiros. O passaporte dele tem a comprovação de que passou pelo Brasil, pela França e pela Arábia Saudita.
Consultada pela Folha, a PF diz que investiga que grupo atuaria no rota do tráfico entre o Brasil e Mali.

TRÁFICO PELO DESERTO
A tarefa do grupo brasileiro seria levar a cocaína da Colômbia para Mali, como relatam documentos obtidos pela Folha nos EUA. De Mali, a droga seria transportada pelo deserto até o Marrocos e depois para a Espanha.

Mali é o principal entreposto de cocaína na África, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes. O norte do país virou rota de contrabando e palco de sequestros. De 30 a 70 toneladas de cocaína que vão para a Europa passam pela África Ocidental.
O braço da Al Qaeda que levaria a cocaína pelo deserto caiu numa armadilha da DEA. A agência colocou um informante para negociar com o trio como se fosse das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Os americanos imaginavam que o ódio que ambos nutrem pelos EUA funcionaria como liga para os negócios. Deu certo.

Touré, que veio ao Brasil, disse, em mais de uma conversa com o informante, que cobraria US$ 2.000 por quilo de cocaína transportado -transportar 500 kg renderia US$ 1 milhão ao grupo.
No norte da África, é rotineira a mistura de crimes e radicalismo islâmico. Muitas das rotas de contrabando em Gana e no Chade são dominadas por facções terroristas.
Os militantes que estão presos em Nova York pertencem a um grupo chamado Aqim (Al Qaeda do Magreb Islâmico).
A facção nasceu em 1997 na Argélia, com o objetivo de atacar autoridades seculares argelinas e alvos ocidentais. Em 2006, o grupo assumiu um atentado em que morreram 43 militares da Argélia e o sequestro de 23 europeus.
A aliança da Aqim com a Al Qaeda foi selada em 11 de setembro de 2006, no quinto aniversário do ataque às torres gêmeas de Nova York.
Foi Osama bin Laden quem autorizou que usassem o nome Al Qaeda do Magreb Islâmico -antes, a facção chamava-se Grupo Salafista de Predicação e Combate [predicação é sermão].


3 comentários:

Partido Alfa disse...

Que o Brasil é um apoiador do Terrorismo mundial, nós, das Fronteiras, já sabemos a muito tempo. Muitos e vários "lideres" religiosos fazem visitas regulares aos decendentes arabes-palestinos nas Fronteiras. Tais visitas tem por objetivos a prestação de serviços religiosos e a arrecadação de fundos, que em ultima instância acaba financiando mesmo é o Terror. E somos coniventes porque nada fazemos para impedir tais práticas, especialmente na área de fiscalização das atividades comerciais por eles desenvolvidos. E aqui não falamos de racismo ou coisa equivalente. Falamos de fraudes trabalhistas, fiscais e muitas vezes de assédio sexual e até mesmo de abusos sexuais cometidos por esses "imigrantes". Será preciso uma ação enérgica para conter tais crimes. Mas não com esse tipo de governos que temos tido nos ultimos 25 anos.

Joana D'Arc disse...

OS EUA vivem falando da tríplice fronteira...Mas para os amigos do Foro de São Paulo esse perigo não existe.

jurema disse...

Com esse povo empatando Dilma e Serra, impossível pensar que isto daqui tenha algum jeito. Serra perder as eleições, estaremos perdidos na droga e corrupção.