Em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, criticou a ameaça do PT de entrar com uma representação contra a vice-procuradora geral eleitoral, Sandra Cureau. Segundo ele, isso seria uma tentativa de intimidação à Justiça. O candidato aproveitou para acusar novamente a campanha de sua adversária petista, Dilma Rousseff, de quebrar o sigilo bancário do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge .
" Quando se falou do dossiê, também entraram com pedidos de esclarecimento "
- É para intimidar a Justiça, sem dúvida nenhuma, mas acho que não vai conseguir. Quando se falou do dossiê, da baixaria que eles estavam preparando, também entraram com pedidos de esclarecimento. Hoje está mais do que comprovado: um crime contra a constituição foi feito. Não que tivesse algo errado, escondido, não tinha. Mas foram quebrados sigilos fiscal, de maneira inconstitucional, de dirigente do PSDB, fora a mentirada que é espalhada - criticou Serra.
Durante a coletiva, realizada na sede da Federação das Indústrias de Goiás (FIEG) , em Goiânia (GO), Serra disse que estão sendo espalhadas mentiras contra ele, como a de que ele irá privatizar os Correios, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil, e que vai acabar com os concursos público. Serra criticou ainda o loteamento de cargos políticos no governo Lula.
- Campanha não é mais debate, é mentira, é teatro. É processar vítima. Tudo como máquina de intimidação. Temos o Brasil loteado. O PT espalhou que vou privatizar os Correios, assim como a Caixa Econômica e o Banco do Brasil. Espalharam que vou proibir concurso público. Eu, proibir? É tudo o que defendo. É como o programa de direitos humanos, depois recuaram. Tem um projeto muito maior de controle da sociedade. Eu acho que o governo deve ser reestatizado. Eu criei duas (estatais), a Anvisa e ANS. Na época ninguém veio me sugerir nomes, hoje é tudo divido entre os partidos - disse Serra
Serra critica proposta de nova estatal
Sobre a proposta do governo Lula de criar mais uma estatal, na área de seguros, Serra falou que é grande o risco de corrupção:
- Isso vai gerar corrupção. Atividade de seguro enseja corrupção. E na área governamental é um inferno. O que vai acontecer é que uma empresa dessa vai dar seguro para grandes obras, e depois o governo vai ter que bancar. É o público sendo chamado para fazer política, vai dar seguro onde não devia; vão armar uma 'segurobras', fonte de grande corrupção.
Para uma plateia formada por empresários goianos, Serra fez duras críticas a ações do governo Lula, principalmente sobre as concessões para a realização de grandes obras, citando a hidrelétrica de Belo Monte. Segundo ele, ser empresário é correr risco, mas nas concessões do governo Lula é "tudo sem risco". Ele afirma que o governo banca os riscos e os empresários que aderem apenas entram para ganhar.
- É tudo sem risco. Se alguém paga a conta do que não der certo é o governo, se não der problema, eles (empresários) ganham - disse.
Serra fez críticas ainda à política externa do presidente Lula. Segundo ele, Lula viajou muito e tornou o Brasil mais conhecido, mas isso não resultou em bons resultados para o comércio externo. O tucano ironizou ainda a tentativa do presidente brasileiro de tentar fazer um acordo em relação à produção de bomba atômica com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
- O Lula vive viajando. Divulgou o Brasil muito. Algumas iniciativa são discutíveis, como acreditar em ditadores que são versões hitllerianas do século XX - criticou.
Governo Lula financia MST, diz Serra
Na palestra aos empresários, o tucano também acusou o governo Lula de financiar o MST. Ele disse que, embora seja ultrapassado, ele não tem nada contra o MST.
- É lógico que dão dinheiro. Todas as ONGs dele (do MST) estão fazendo campanha, o que é ilegal. Mas, parafraseando Fernando Pessoa, 'tudo vale a pena quando a multa é pequena'.
Durante a coletiva, Serra evitou polemizar sobre as declarações de Dilma, que afirmou na segunda-feira que a iniciativa, em relação aos genéricos, foi do governo Itamar Franco e teve como defensor o ex-ministro da Saúde, Jamil Haddad.
- Todo mundo no Brasil sabe do meu papel a respeito dos genéricos, não vou perder tempo respondendo isso. É só ela se informar mais - disse Serra.
Serra pede que Deus lhe dê sabedoria
Nesta terça-feira, José Serra participou também de uma caminhada na Rua 4, uma das ruas de comércio popular de Goiânia. Ele era aguardado por carros de som, militantes do PSDB e candidatos aliados e foi recebido com fogos.
Mais cedo, ele se reuniu por mais de meia com o arcebispo de Goiânia, dom Washington Cruz. Serra fez um pedido:
- Eu pedi a ele que pedisse a Deus que me desse sabedoria. Foi o que Salomão pediu no dia em que assumiu o reinado. Em sonhos, Deus apareceu para Salomão e disse "Peça o que quiser", e Salomão pediu "Quero sabedoria".
Durante a rápida caminhada, que começou às 17h25m e terminou às 17h40m, o tucano cumprimentou eleitores, entrou em lojas e tirou fotos. Houve muito tumulto. Os integrantes da campanha impediam a aproximação das cerca de 400 pessoas que queriam vê-lo de perto.
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