Se Lula não fosse redundante, pareceria coisa combinada. “Os tucanos que governam São Paulo faz 15 anos não fizeram nada de importante para o povo”, mentiu em 24 de agosto de 2009 o presidente que desde o primeiro dia no Planalto discriminou financeira e politicamente o Estado que o acolheu. Os institutos de pesquisa informam que o povo discorda, repliquei neste espaço no mesmo dia: a grande maioria dos brasileiros de São Paulo declarou-se muito satisfeita com o que Mário Covas e Geraldo Alckmin fizeram ─ e aprova o que José Serra tem feito.
Nesta terça-feira, exatamente um ano depois, o palanqueiro em campanha reprisou a malandragem eleitoreira: “O partido que governa São Paulo faz 16 anos não fez nada de importante para o povo”, reincidiu o único presidente da história que (se não há por perto outro escândalo recomendando silêncio) discursa todos os dias desde 1° de janeiro de 2003. Se Lula se repetiu, tenho de repetir-me. Boa parte do povo paulista, insisto, não se limita a achar que os governadores tucanos fizeram muita coisa. Também avisa que se sentiria devedora dos eleitos mesmo que nada tivessem feito depois da posse.
Todos mereceriam a gratidão dos paulistas se apenas tivessem impedido que outros fizessem o que tramavam. Manter o perigo longe do Palácio dos Bandeirantes já valeria por um programa de governo, comprova o histórico das eleições estaduais. Em 1982, por exemplo, quando o PSDB ainda não fora fundado, a vitória de Franco Montoro não só interrompeu o domínio da seita malufista como retardou o início da Era da Mediocridade, que teria começado há quase 30 anos se o candidato Luiz Inácio Lula da Silva não naufragasse nas urnas.
O tucano Mário Covas livrou São Paulo de José Dirceu em 1994 e, quatro anos mais tarde, de Marta Suplicy (além de Paulo Maluf). Em 2002, Geraldo Alckmin evitou que José Genoíno se homiziasse no Palácio dos Bandeirantes. Em 2006, José Serra devolveu Aloízio Mercadante à rotina de retiradas prematuras, rendições sem luta e capitulações degradantes. Em 14 anos, seis candidaturas de alto risco foram neutralizadas. É uma obra e tanto. Vai ficar ainda mais vistosa com a segunda derrocada de Mercadante.
Desde 1994 tem sido assim: quando a eleição estadual se aproxima, o PT não lança candidatos; lança ameaças. Caso fossem consumadas, a galeria dos governadores teria de incorporar dois retratos dos mesmos personagens. Marta Suplicy sorriria para a posteridade no dia da posse e, muitos anos mais nova, no fim do mandato. Os demais teriam um retrato de frente e outro de perfil.
Lula parece decidido a, simultaneamente, eleger um companheiro e vingar-se de São Paulo. Antes de ameaçar os paulistas com a recidiva de Mercadante, o presidente planejou castigar os paulistas com Antonio Palocci e Ciro Gomes. A primeira candidatura foi impugnada por um caso de estupro de sigilo bancário. A segunda foi implodida pela cabeça confusa do próprio candidato. Restou o senador em fim de mandato.
Mercadante teria diminutas chances de vitória mesmo nos tempos em que São Paulo, uma perfeita tradução do mosaico brasileiro, votava com pouco juízo. Antes de fazer a opção preferencial pela honradez, pelo equilíbrio e pela competência, os paulistas entregaram o comando do Estado a meia dúzia de gatunos, duas ou três cavalgaduras, até a um napoleão-de-hospício. Mas nunca elegeram um governador poltrão.
2 comentários:
Amei, amei, amei!
O cefalópode cospe no prato que lhe deu comida!
Na verdade, devido ao seu complexo de inferioridade, elle deve odiar os paulistas…
Presidente, faca um favor volte para Garanhuns. Nao venha falar mal dos paulistas no melhor Estado da Nacao e que lhe acolheu.
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